Os responsáveis de Silverstone acabaram mesmo por accionar a cláusula no contrato que lhes permite deixarem de organizar o G.P. da Grã-Bretanha após 2019, embora o acordo fosse válido até 2027. De acordo com o director do BRDC, o clube proprietário da pista onde, este fim-de-semana, se realiza a prova britânica do Mundial de F1, as perdas financeiras são demasiado grandes para continuar a receber a Fórmula 1, devido ao preço demasiado elevado a pagar…
«Apesar de ser o evento desportivo num fim-de-semana mais popular no Reino Unido – com uma assistência ao vivo de mais de 350 mil pessoas –, as receitas líquidas que recebemos não chegam para cobrir os nossos custos com o Grande Prémio, quanto mais gerar lucros…», explicou John Grant, presidente do BRDC que revelou que a edição de 2015 deu um prejuízo de 2,8 milhões de libras, a de 2016 de 4,8 milhões, número que deverá ser igualado na edição deste ano.
Isto porque a tarifa que o BRDC tem de pagar à FOM para organizar o Grande Prémio também aumenta todos os anos, tendo subido de 11,5 milhões de libras em 2010 para 16,2 milhões no ano passado e podendo atingir os 25 milhões em 2026! Assim, Silverstone desiste o mais cedo que pode desta prova aparentemente ruinosa, ou seja, organiza a prova de 2019 e acabou-se a Fórmula 1.
Mas… será mesmo assim?! Mais uma vez, embora os responsáveis de Silverstone tenham dado este passo arriscado e algo inesperado, não fará parte de uma estratégia a longo prazo? A julgar pelas suas declarações parece que a F1 poderá não estar ainda afastada da pista onde se estreou o Mundial de F1, em Maior de 1950… «Continuamos a apoiar as mudanças que a Liberty Media tem feito para melhorar a F1 e temos esperança em conseguir um novo acordo que permita manter, de forma sustentável e financeiramente viável, o G.P. da Grã-Bretanha em Silverstone por muitos anos». Ou seja, faz tudo parte de uma manobra negocial…
Uma jogada que poderá ser, contudo, arriscada por parte dos responsáveis de Silverstone, apesar de estarem conscientes de que, neste momento, são a única pista no Reino Unido em condições para receber a Fórmula 1. Mas faltam ainda três anos para a corrida de 2020 e, até lá, outra alternativa poderá aparecer…
Como lembrou Christian Horner, muito entusiasmado com a exibição que amanhã se realizará nas ruas de Londres: «Silverstone deveria ser um pouco mais cuidadoso com a forma como fazem os seus negócios… Se esta exibição em Londres for um sucesso, e todos esperamos que o seja, com as recentes alterações legislativas na cidade de Londres, poderíamos facilmente imaginar um Grande Prémio citadino na capital britânica que provavelmente muito agradaria aos homens da Liberty… Estou espantado com o facto de eles terem accionado a cláusula de rescisão!».
Os argumentos de Silverstone vão, contudo, além do Grande Prémio, dizendo que se a Fórmula 1 deixar aquela pista é toda uma região que fica em causa. Um discurso num tom algo chantagista… «Sete das dez equipas de F1 têm o Reino Unido como base e muitas estão perto de Silverstone, o que traz empregos vitais para o país e um impacto vital para a região. Por alguma coisa Silverstone é conhecido como o ‘Silicon Valley do desporto automóvel’. Acabe-se com o Grande Prémio e tudo isso ficará em risco». Estranha declaração para quem… deu o primeiro passo para acabar com o Grande Prémio!