É num templo da velocidade ameaçado pelo «terrorismo financeiro» que vai dominando a Fórmula 1 que o Mundial prossegue este fim-de-semana. Monza, autêntica catedral do desporto automóvel, a «Pista Mágica» que recebeu 64 dos 65 G.P. de Itália (o de 1980 foi em Imola), está ameaçada pelas exigências financeiras que lhe são feitas para continuar no calendário e não ser substituída por algum circuito desenhado de encomenda, a régua e esquadro num qualquer país sem tradição nem história no desporto automóvel, mas carregado de notas para comprar o seu lugar no Mundial de F1…
Tempo, pois, para gozar mais que nunca todo o espectáculo que a F1 em Monza pode proporcionar, com a corrida e as voltas mais rápidas do ano a levarem carros e pilotos aos limites! As mecânicas têm aqui um teste extremo, pois esta é uma pista em que os aceleradores estão «cravados» a fundo na maior parte da volta, sendo a potência pura o que mais conta.
Não se pense, contudo, que esta é uma pista simples só por ser composta por três chicanes e três curvas, as duas direitas de Lesmo e a longa Parabólica. Pelo contrário! Primeiro porque as duas curvas de Lesmo, muito rápidas, são extremamente difíceis, depois porque a Parabólica é um desafio monumental, dela dependendo a velocidade máxima que se atinge na recta da meta e, por fim, porque cada travagem para as chicanes… é o cabo dos trabalhos!
Pela busca da máxima velocidade de ponta, os carros andam na configuração de apoio aerodinâmico mínimo (veremos as asas traseiras mais fininhas do ano!), o que significa que nas travagens ficam extremamente instáveis, tendo de ser os pilotos a compensar com os braços a falta da ajuda que a asa traseira lhes dá nas outras pistas… Pelo mesmo motivo, têm também de ter muito cuidado nas reacelerações para não deixarem patinar as rodas que não só podem provocar atravessadelas/piões, como desgastam prematuramente os pneus. Ou seja, uma pista onde os pilotos também farão a diferença!
Apesar disso, a superioridade dos motores Mercedes deixa antever não só o domínio dos carros campeões do Mundo como boas «performances» das equipas que usam os seus grupos propulsores: a Lotus esteve muito bem em Spa e promete estar ainda melhor em Monza; a Williams desiludiu na Bélgica mas quer voltar a mostrar a sua competência nas pistas rápidas; e a Force India exibiu em Spa, com o carro de Sergio Perez, a mais elevada velocidade de ponta!
É, contudo, expectável que a discussão pela vitória volte a ser entre Hamilton e Rosberg, numa pista em que as ultrapassagens são relativamente fáceis, em especial nas travagens para as duas primeiras chicanes. E aproveitando as duas zonas de DRS, uma na recta da meta e outra na recta antes da terceira chicane.
Por fim, é sempre de esperar que, em Monza, frente a milhares de «tifosi», a Ferrari tenha alguma carta na manga, mesmo se os seus responsáveis procuraram manter as expectativas baixas. Os SF15-T de Vettel e Raikkonen terão motores ligeiramente evoluídos, na tentativa de se chegarem aos Mercedes, na pista em que o alemão conseguiu a sua primeira vitória na Fórmula 1, em 2008, ao volante de um… Toro Rosso!
Apesar do sucedido na Bélgica, com os rebentamentos dos pneus de Rosberg e de Vettel – está prometido para Monza a explicação do que sucedeu com o pneu do alemão –, a Pirelli não alterou a sua escolha de pneus para a prova italiana, mantendo as mesmas misturas de Spa: macia (amarela) e média (branca), ou seja, um grau abaixo da opção de há um ano (média e dura), procurando abrir as opções estratégicas na corrida, procurando evitar tácticas de uma só paragem como a que valeu a vitória a Hamilton há um ano…
A conjugação de longas rectas com baixo apoio aerodinâmico significa ainda que, na hora das brutais reduções de velocidade antes das três chicanes, todo o esforço recai nos travões que têm em Monza um dos mais duros testes do ano. Em especial a travagem para a primeira chicane, a mais lenta das três e onde os pilotos chegam mais depressa, em torno dos 350 km/h, travando a fundo durante cerca de 160 metros! E onde é frequente haver toques e acidentes logo à partida…
Os treinos livres do G.P. de Itália realizam-se na sexta-feira, às 9 e 13 horas (de Portugal Continental), e no sábado às 10 horas. A qualificação terá lugar às 13 horas de sábado e a corrida às 13 horas de domingo.