É no lindíssimo e verdejante cenário das montanhas da Styria, já nos limites da cadeia alpina, que o Mundial de Fórmula 1 irá prosseguir este fim-de-semana, com mais um duelo emotivo entre Mercedes e Ferrari, entre Vettel e Hamilton. O Red Bull Ring – que já foi Österreichring, Zeltweg e A1-Ring – fica num vale, tendo tido a sua origem num aeródromo que recebeu o primeiro G.P. da Áustria em 1964.
Daí para cá, foi primeiro construído um autódromo permanente de altíssima velocidade (70% era feito a fundo) mas também bastante perigoso, deixando de ser usado pela F1 em 1987. Só em 1995, já como A1-Ring, numa versão mais curta, mais segura mas… descaracterizada, voltou a receber a F1, até 2003. No ano seguinte, a Red Bull comprou a pista, investiu cerca de 70 milhões de euros na sua modernização, embora o traçado se tenha mantido inalterado.
Em 2012 montou o icónico touro gigante, estátua de 15 metros de altura (18 m com o arco em aço) e 68 toneladas que demorou ano e meio a ser feita! Tudo pronto para recuperar o Mundial de F1 em 2014… logo o ano em que a «equipa da casa» perdeu o domínio da disciplina.
Esta é a pista com a volta mais curta do Mundial de F1, em termos de tempo, ficando bastante abaixo dos 70 segundos. Há um ano, Lewis Hamilton estabeleceu a melhor marca de sempre da pista austríaca no Q2 (o Q3 ficou marcado pela chuva), com 1.06,228, ajudado pelo reasfaltamento do traçado. É a volta temporalmente mais curta de há longos anos e, com a evolução dos carros deste ano e a melhoria da capacidade de tracção e de travagem (duas características cruciais nesta pista), espera-se que os tempos caiam bastante.
Resta saber se conseguirão tirar 1,827 s ao tempo estabelecido por Hamilton no ano passado para baterem o tempo mais rápido estabelecido à volta de uma pista «normal» de Fórmula 1: 1.04,402 por Nigel Mansell, em Kyalami (África do Sul), em 1985! É verdade que há tempos mais baixos – há até uma volta de Lauda abaixo de um minuto! – mais em pistas como Dijon (França) ou Watkins Glenn (EUA) que eram muito curtas, com menos de 4 km… Este ano, a média de evolução da «pole» nas primeiras oito provas, relativamente ao ano passado, está em 2,106 s, embora seja difícil uma evolução tão grande na pista austríaca, devido ao curto tempo que demora cada volta.
Este ano, mesmo sem qualquer obra, o Red Bull Ring ganhou… uma curva, passando de nove para dez! A pista é rigorosamente igual à dos outros anos, mas a F1 adoptou a nomenclatura usada no MotoGP, passando a considerar como curva a ligeira viragem existente na longa recta que liga a primeira curva àquela mais apertada e a subir onde, há um ano, Hamilton e Rosberg colidiram na última volta. Ou seja, essa curva 2 passa agora a ser a curva 3… mas continua a ser o ponto de ultrapassagem por excelência.
A pista austríaca exige muito em termos de tracção e dos travões. A saída das curvas 1 e da agora 3 exigem que os cavalos sejam colocados no chão para acelerar rapidamente para as longas rectas que se seguem e a curva 4 coloca grande esforço na suspensão dianteira, devido à violenta transferência de massas provocada pela travagem em apoio, numa zona em que a inclinação da pista é para o lado de fora…
Espera-se uma baixa degradação dos pneus, de tal forma que a Pirelli escolheu as misturas mais moles, com os ultramacios (púrpura), supermacios (vermelho) e macios (amarelo). E mesmo dentro destas opções, os pilotos escolheram maioritariamente os ultramacios. Isto, claro, se não tiverem de recorrer aos intermédios e aos de chuva, caso apareçam os aguaceiros que são frequentes nesta zona… Hoje, contudo, as habituais voltas a pé que os pilotos costumam fazer à pista, foram efectuadas sob um céu azul e forte calor.
Regressados à temporada europeia «normal», voltamos aos horários habituais, o que significa que os treinos livres se iniciarão amanhã, às 9 horas de Portugal Continental e Madeira, seguindo-se nova sessão de hora e meia, a partir das 13 horas. No sábado, a terceira sessão de treinos livres, apenas de uma hora, decorrerá entre as 10 e as 11 horas, para a qualificação se disputar a partir das 11 horas. Por fim, a corrida arrancará às 13 horas de domingo, sendo composta por 71 voltas aos 4,326 km do traçado do Red Bull Ring.