Foi dos grandes «mistérios» do G.P. do Bahrain, a muito menor diferença que os carros deste ano conseguiram no cronómetro, face aos do ano passado: nos treinos livres andaram sempre acima dos tempos de 2016 para, na qualificação, Bottas lá conseguir bater a «pole» de Hamilton de há um ano por 0,7 s; na corrida, no seu «forcing» final, já com o carro leve, Hamilton lá conseguiu bater a volta mais rápida do ano passado por 1,7 s – 1.32,798, à média de 210 km/h – mas… sabe a pouco, face à evolução de 4,4 s verificada na semana anterior, na China!
Sendo as condições atmosféricas semelhantes, esse facto só poderá estar ligado aos novos carros e pneus e à sua relação com as características do circuito do Bahrain. Que é uma pista com quatro grandes rectas e uma maioria de curvas lentas ou de média velocidade. Ou seja, praticamente sem curvas rápidas, onde a maior carga aerodinâmica dos novos carros faria toda a diferença em termos de rapidez.
Por outro lado, se os mais largos pneus traseiros garantem uma superior capacidade de tracção e melhor saída após as curvas lentas, o aumento de 26 kg no peso dos monolugares deste ano dificulta a recuperação de velocidade. Por fim, o aumento das dimensões – em particular da largura e dos pneus – levou ao incremento da área frontal dos monolugares que implica uma maior resistência ao ar, com a já esperada redução das velocidades máximas. Como se pode ver neste quadro em que comparamos as dez melhores velocidades deste ano com as de 2016:
2017 | 2016 | |||
Piloto (Equipa) | Velocid. | Piloto (Equipa) | Velocid. | |
Hamilton (Mercedes) | 331,7 km/h | Hamilton (Mercedes) | 340,5 km/h | |
Bottas (Mercedes) | 331,6 km/h | Raikkonen (Ferrari) | 340,2 km/h | |
Perez(Force India) | 331,5 km/h | Massa (Williams) | 338,9 km/h | |
Ocon (Force India) | 330,0 km/h | Wehrlein (Manor) | 338,8 km/h | |
Stroll (Williams) | 329,4 km/h | Bottas (Williams) | 338,6 km/h | |
Ricciardo (Red Bull) | 329,4 km/h | Hulkenberg (Force India) | 338,4 km/h | |
Grosjean (Haas) | 329,2 km/h | Kvyat (Red Bull) | 338,3 km/h | |
Raikkonen (Ferrari) | 329,1 km/h | Grosjean (Haas) | 337,8 km/h | |
Kvyat (Toro Rosso) | 328,5 km/h | Ricciardo (Red Bull) | 337,7 km/h | |
Palmer (Renault) | 328,1 km/h | Verstappen (Toro Rosso) | 337,6 km/h |
Estas quebras de velocidades máximas sucederam em quatro pontos da pista... Todos estes factores juntaram-se «contra» os carros de 2017 que se revelaram, na mesma, muito mais eficazes que os do ano passado, mas em menor grau do que numa pista em que predominem curvas de alta velocidade, onde o apoio aerodinâmico faça, de facto, a diferença. Mesmo assim, o Bahrain proporcionou uma corrida emocionante e intensa, cheia de duelos directos ou à distância e deixou a prova de que é possível ultrapassar com os carros deste ano.
Naquela tabela, destaque para o poderio dos motores Mercedes que continuam a dominar as velocidades máximas – e trata-se de corrida, logo não estão em modo de qualificação… –, mesmo se, estranhamente, Felipe Massa ficou com a penúltima marca, eventualmente por usar mais apoio aerodinâmico no seu carro. O que não o impediu de conseguir um excelente 6.º lugar. Vettel apenas teve a 13.ª melhor velocidade máxima (325,4 km/h) e… venceu!