O fogo-de-artifício bem vermelho não podia ter sido melhor escolha para aclarar os céus de Singapura e assinalar uma vitória dominadora de Sebastian Vettel e da Ferrari! A 42.ª do alemão que ultrapassa Ayrton Senna nas estatísticas para se tornar o terceiro piloto mais vitorioso de sempre e a 224.ª da Ferrari que atingiu já o objectivo que colocara no início da época: três vitórias!
Mais importante: a Scuderia deu poderoso golpe nos dominadores Mercedes que tiveram um fim-de-semana… sem explicação em que perderam dois segundos por volta para os Ferrari, quando comparamos com o que se passou em Monza. Em apenas quinze dias é algo de inexplicável e nem mesmo a evolução do motor que a Ferrari estreou em Itália chega para justificar tudo. Certo que o SF15-T se tem mostrado muito ágil e competitivo nas pistas lentas (vitória na Hungria) e a mestria de Vettel na gestão de corridas é uma das suas maiores qualidades. Mas a Mercedes tem muito que «coçar a cabeça» nestes poucos dias até ao G.P. do Japão, já no próximo fim-de-semana!
Arrancando bem e mantendo a liderança (aliás as posições dos homens da frente não se alteraram na partida), Vettel teve duas abordagens distintas a esta corrida. Logo após o arranque forçou ao máximo e ganhou enorme vantagem a Ricciardo, mas cedo percebeu que a eficácia dos pneus diminuía, com o Red Bull até a ganhar-lhe algum tempo. Os três homens da frente (mais os dois Mercedes) puderam trocar de pneus durante um «safety car» virtual provocado pela colisão entre Massa e Hulkenberg, quando o brasileiro saída da «box» – mas foi o alemão que recebeu uma penalização de três lugares na grelha para o G.P. do Japão!
O «safety car» entraria mesmo em pista para limpar os detritos da colisão entre Massa e Hulkenberg – operação feita com extremo cuidado, após os problemas recentemente ocorridos com os pneus… – e, quando saiu, viu-se um Vettel mais cauteloso, a andar mais à defesa, prolongando a vida dos seus pneus. Com isso Ricciardo manteve-se colado, mas com Raikkonen a pressioná-lo e com Hamilton não muito longe a sonhar com um final de corrida ao ataque, já que teria os pneus mais rápidos, ao contrário dos que os precediam.
Mas o campeão do Mundo sofreria enorme desilusão quando ficou sem potência no Mercedes, uma vez mais sem que a equipa percebesse bem porquê, analisando todos os sistemas e não conseguindo detectar o problema, enquanto Hamilton caía na classificação e… o Mundial ficava (ligeiramente) relançado: Rosberg baixou de 53 para 41 pontos a sua desvantagem e Vettel está a 49!
Porque na frente Vettel controlava as operações e um segundo «safety car» totalmente inesperado quando um espectador decidiu… passear paulatinamente pela pista (!!) arrumou definitivamente não só qualquer ideia de ataque mais tardio por parte de Ricciardo, como a estratégia que a Mercedes preparara para contra-atacar nas últimas voltas: quando os homens da frente tivessem de montar os pneus macios, Rosberg, com o carro mais leve, teria os muito mais rápidos supermacios, tentando ganhar mais qualquer coisa. Assim, faltando ainda tanta corrida, lá se foi a estratégia e Vettel ficou a com a vitória na mão!
Ricciardo materializou com o 2.º lugar o à-vontade mostrado pelos Red Bull nesta pista, dando um pódio também à Renault na semana… do divórcio. E Raikkonen nunca mostrou andamento semelhante sequer ao de Vettel, com o carro sempre a escorregar muito mais que o do alemão, mas garantiu um duplo pódio para a Ferrari.
O maior azarado em Singapura terá sido Daniil Kvyat: sempre que foi à «box» trocar de pneus (uma delas com problemas), logo a seguir houve um «safety car» que deu uma paragem «gratuita» aos seus adversários, fazendo-o perder lugares… E assim viu passar Rosberg que conseguiu limitar os estragos de um fim-de-semana que deixará a Mercedes totalmente «baralhada» e ainda Valtteri Bottas que conseguiu bons pontos numa pista que não era das mais favoráveis aos Williams. Classificação:
Lugar | Piloto | Carro | Tempo/Dif. |
1.º | Sebastian Vettel | Ferrari | 2.01.22,118 h |
2.º | Daniel Ricciardo | Red Bull/Renault | a 1,478 s |
3.º | Kimi Raikkonen | Ferrari | a 17,154 s |
4.º | Nico Rosberg | Mercedes | a 24,720 s |
5.º | Valtteri Bottas | Williams/Mercedes | a 34,204 s |
6.º | Daniil Kvyat | Red Bull/Renault | a 35,508 s |
7.º | Sergio Perez | Force India/Mercedes | a 50,836 s |
8.º | Max Verstappen | Toro Rosso/Renault | a 51,450 s |
9.º | Carlos Sainz | Toro Rosso/Renault | a 52,860 s |
10.º | Felipe Nasr | Sauber/Ferrari | a 1.30,045 m |
11.º | Marcus Ericsson | Sauber/Ferrari | a 1.37,507 m |
12.º | Pastor Maldonado | Lotus/Mercedes | a 1.37,718 m |
13.º | Alexander Rossi | Manor Marussia/Ferrari | a 2 voltas |
14.º | Will Stevens | Manor Marussia/Ferrari | a 2 voltas |
— | Romain Grosjean | Lotus/Mercedes | Prob. mecânico |
— | Jenson Button | McLaren/Honda | Cx. de velocidades |
— | Fernando Alonso | McLaren/Honda | Cx. de velocidades |
— | Lewis Hamilton | Mercedes | Motor |
— | Fekipe Massa | Williams/Mercedes | Cx. de velocidades |
— | Nico Hulkenberg | Force India/Mercedes | Colisão c/ Massa |
Homem do dia? Max Verstappen, sem dúvida! Ficou parado na grelha quando os semáforos se apagaram, foi levado para a «box», arrancou com uma volta de atraso, é certo que beneficiou da ajuda de dois «safety cars», mas fez uma corrida brilhante! Atacou de princípio a fim, rodando nos tempos de Rosberg e Bottas, ganhando terreno e lugares com manobras arrojadas e corajosas para obter um esplêndido 8.º lugar. O jovem holandês não pára de surpreender!