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Acidente Raikkonen/Alonso recupera hipótese de «cockpits» fechados

Na sequência do acidente entre o Ferrari de Raikkonen e o McLaren de Alonso, na primeira volta do G.P. da Áustria, voltou a discussão em torno da possibilidade de «fechar» os habitáculos dos F1, de forma aumentar a protecção dos pilotos. A FIA continua a analisar essa possibilidade e os pilotos reagem com cautelas, lembrando que os «prós» podem também implicar alguns «contras».

Naquele acidente, o McLaren subiu no ar e aterrou positivamente em cima do Ferrari, com o chão do carro de Alonso bastante próximo da cabeça de Raikkonen. Mas os possíveis incidentes podem ser rodas soltas – apesar da obrigatoriedade de estarem presas por cabos… mas que têm os seus limites físicos – ou outras peças que saltem dos carros, como sucedeu no acidente de Massa, na Hungria, em 2009. E a cabeça dos pilotos, apesar de todas as medidas de segurança, continua a ser a zona mais exposta.

«Sabemos que é uma área sensível, é um ‘cockpit’ aberto e os riscos que isso implica», comentou Nico Rosberg. «Por isso há uma cuidadosa investigação para ver o que podemos fazer para melhorar a situação». Já Alex Wurz, presidente da Associação de Pilotos (GPDA), referiu que estão envolvidos «no debate e investigação que estão a decorrer, acerca de uma forma de proteger mais o capacete e que pode ir até uma cúpula que cubra o habitáculo».

A própria FIA já realizou, em 2011, testes muito concretos com um pára-brisas em policarbonatos e também com a cobertura do «cockpit» de um caça F-16, feita de um policarbonato especial da indústria aeroespacial. Este último deu resultados muito bons, resistindo bem à violência do impacto de uma roda de um F1 (pneu e jante, num total de 20 kg) disparado a 225 km/h!

Esta poderia ser, portanto, uma boa solução e a Red Bull até a antecipou quando imaginou um protótipo de um F1 do futuro, propositadamente para o jogo Gran Turismo 5. O Red Bull X2010 (inicialmente designado apenas X1) já continha a tal cúpula protectora do piloto mas, tirando a versão virtual, apenas foi construída uma maquete não rolante.

Esta cobertura do habitáculo continua em discussão porque as evidentes vantagens demonstradas naqueles testes – e que replicam situações que, olhando para a história da F1, acabam por ser raríssimas, embora perigosas – podem implicar também algumas desvantagens, igualmente perigosas. Mesmo deixando de lado o problema da visibilidade em corridas à chuva.

Alex Wurz explicou bem as cautelas que esta abordagem exige: «Pessoalmente gosto dessa cobertura, mas temos de estudar com muito cuidado as implicações de um ‘cockpit’ fechado, por exemplo na extracção de um piloto em caso de incêndio. A pesquisa que a FIA e o Instituto FIA têm vindo a fazer deixa-nos muito satisfeitos. Porque é a zona mais perigosa para os pilotos, mas sabemos que é uma área muito delicada porque qualquer alteração pode ter também efeitos negativos».

O problema maior é, obviamente, o da extracção de um piloto, por exemplo, desmaiado após uma colisão, em especial se o carro estiver a arder. Ou a própria saída do piloto que tem de ser feita rapidamente, podendo ser comprometida por um mecanismo bloqueado. Ou seja, é muito bom que os estudos prossigam e que estejam a ser feitos com toda a calma para avaliar bem os prós e os contras. Tendo sempre em mente que é virtualmente impossível eliminar todos os riscos do desporto automóvel e, em especial, da F1.


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Acerca do Autor

Enviado-especial do jornal «A Bola» a largas dezenas de Grandes Prémios, nunca deixou de reportar sobre o Mundial, tendo nos últimos anos alargado a sua experiência aos comentários televisivos.