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O que é e o que se pode fazer na pausa de Verão da Fórmula 1?

O que é, afinal, a tão afamada «pausa de Verão» do Mundial de Fórmula 1 que estamos agora a atravessar? As equipas fecham, põem um cadeado na porta e vai tudo para suas casas, voltando duas semanas depois? Bem, na verdade não é rigorosamente assim. O que é, de facto, proibido por regulamento é qualquer trabalho que vise o desenvolvimento dos monolugares.

As regras estipulam que «todos os competidores devem cumprir uma suspensão dos trabalhos nas suas fábricas por um período de 14 dias consecutivos em Agosto», embora sem especificar o dia de começo e fim desse período. Mas acrescenta que, durante esse encerramento, «os túneis de vento e as unidades Computacionais de Dinâmica de Fluídos [conhecidas por CFD] não podem ser utilizadas para actividades relacionadas com a F1».

Paddy Lowe, responsável técnico da equipa Mercedes, explicou de forma clara o que é a pausa de Verão. «Por regulamento as fábricas têm mesmo de fechar e não somos autorizados a fazer qualquer trabalho de desenvolvimento do carro», resumiu. «Na verdade, foi uma excelente ideia introduzida há cinco ou seis anos, porque poupa de facto dinheiro, o que era a ideia original, mas não só por isso».

Lowe refere-se à permanente efervescência em que vive o mundo da F1, sem um segundo de descanso, mesmo quando nada se passa nas pistas… «Há uns anos, a F1 era algo cíclico, havia alturas da época mais agitadas, outras mais paradas, mas agora é o ano todo ‘non-stop’ e sempre ‘a fundo’! Por isso, haver um período de duas semanas de… ‘cessar fogo’, em que todos os contendores concordam em não proceder a qualquer trabalho, é fantástico para as famílias de todos os que aqui trabalham».

E aquele responsável da Mercedes esclarece um «lado oculto» dos elementos que integram as equipas de F1: «A Fórmula 1 tem o hábito de atrair ‘workaholics’ e as suas famílias sofrem bastante com isso. É por isso que esta pausa de Verão é tão bem-vinda, permite-lhes que desliguem do trabalho durante esses dias!». Porque nem à distância podem trabalhar: além do túnel de vento, as equipas têm mesmo de desligar os servidores em que se baseiam os sistemas informáticos que permitem desenvolvimentos de estruturas ou até de aerodinâmica!

A paragem das equipas não significa, contudo, que nada se passe nas suas instalações, ou que não haja pessoal que continue a trabalhar. «Durante este período podemos fazer coisas que não estejam ligadas com o desenvolvimento do carro. Por exemplo, em departamentos como a parte financeira, de ‘marketing’ou outras funções de apoio. E também pessoas que trabalhem nas infraestruturas. Por exemplo, se houver máquinas que necessitem de reparações ou de ser substituídas, esta é a altura indicada para o fazer».

Por exemplo, a Toro Rosso está a aproveitar esta paragem de Verão para se mudar para as novas instalações acabadinhas de construir. Continuam a ser em Faenza (Itália) – onde nasceu a Minardi, equipa que deu origem à «escuderia B» da Red Bull –, mas agora permite que todos os seus elementos da parte técnica trabalhem sob o mesmo tecto.

Esta paragem quase não influencia em nada a preparação da próxima corrida, o G.P. da Bélgica, como explica Paddy Lowe: «O fecho de duas semanas, num período de quatro semanas entre corridas é o equivalente a ter as habituais duas semanas entre Grandes Prémios. Por isso, os procedimentos são mais ou menos os habituais. Ou seja, os carros foram desmontados e revistos assim que voltaram da Hungria, começando logo a ser montados. Mas a principal fase de montagem para a Bélgica será nos primeiros dias da semana anterior à corrida».

Para o público e os amantes da F1 em geral, esta pausa de Verão acaba por funcionar quase como um anticlímax, para mais depois de uma prova tão animada como a da Hungria e de um resultado que até podia dar a sensação de poder relançar o Mundial. Mas a verdade é que para as equipas já passou a ser um período crucial para permitir que todos os seus elementos «recarreguem baterias» numa época tão sobrecarregada. De tal forma que já deram conta a Ecclestone da sua preocupação de, no calendário provisório de 2016, a pausa de Verão estar reduzida de quatro para três semanas…


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Acerca do Autor

Enviado-especial do jornal «A Bola» a largas dezenas de Grandes Prémios, nunca deixou de reportar sobre o Mundial, tendo nos últimos anos alargado a sua experiência aos comentários televisivos.