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Mercedes estreou-se na F1 há 61 anos… e logo a «esmagar» os rivais!

O G.P. de França de 1954 realizou-se na rapidíssima pista de Reims – que utilizava várias estradas nacionais – e marcou a estreia da Mercedes no então jovem Mundial de Fórmula 1. O projecto começara quase ano e meio antes quando, no início de 1953, o presidente da Daimler-Benz, Fritz Könecke, determinou o grande objectivo para a recuperação da marca, após a II Guerra: conquistar os dois títulos mundiais, de F1 e de carros de Sport, com uma equipa oficial.

O enorme Alfred Nuebauer – tanto fisicamente como na sua qualidade de dirigente – comandava a equipa e tratou de contratar o melhor piloto, embora lhe tenha sido difícil convencer Juan-Manuel Fangio… Além disso, montou um grupo de técnicos com alguns «sobreviventes» da grande equipa de F1 dos anos 30 que conceberam um carro tecnologicamente muito mais avançado que os Maserati, Ferrari e Gordini que então corriam. Mas que apenas ficou pronto para a segunda prova corrida na Europa.

O Mercedes-Benz W 196 R tinha um motor de V8 2,5 litros atmosférico – podiam também alinhar motores de 750 cc sobrealimentados – com quatro válvulas por cilindro, injecção electrónica e válvulas de comando desdodrómico. No ano da estreia debitava 256 cv que chegariam aos 290 cv no ano seguinte. O W 196 R tinha um chassis tubular e tanto podia ser um monolugar de rodas «à mostra», como qualquer fórmula, como um elegante e aerodinâmico automóvel para as pistas que exigiam mais elevadas velocidades de ponta (300 km/h!). E, na altura, o regulamento da F1 não proibia que se tapassem as rodas.

Por isso a estreia da Mercedes na F1, na rapidíssima pista francesa de Reims, foi feita na versão fechada, com a carroçaria em alumínio. Em Silverstone, prova seguinte, ainda correu esta versão e só em Nürburgring se estreou a variante «fórmula». Na altura, a mistura do combustível era livre, pelo que o motor usava uma mistura «explosiva» feita pela Esso, com 45% de benzeno, 25% de metanol, 25% de gasolina de 110 a 130 octanas, 3% de acetona e 2% de nitro-benzeno. Mistura que, recordaria mais tarde o piloto Hans Herrmann, corroía qualquer depósito em aço não protegido numa única noite!

No dia 4 de Julho de 1954 – precisamente 40 anos depois da vitória da Mercedes gahar o G.P. de França, em Lyon –, os «Flecha de Prata» de Juan-Manuel Fangio e Klaus Kling (havia ainda o de Herrmann) largaram das duas primeiras posições da grelha, com Kling a comandar as duas primeiras voltas. Rodando cerca de 1 s por volta mais rápidos que a concorrência, dominaram por completo a corrida e terminaram com a primeira vitória e também a primeira dupla. Foi o reforço que Fangio (que fizera as primeiras duas corridas num Maserati) precisava que avançar até ao seu segundo título, aproveitando a superioridade tecnológica da Mercedes para garantir o terceiro, em 1955.

Nesse ano, contudo, a marca de Estugarda havia de se retirar de toda a competição automóvel, na sequência da tragédia de Le Mans, quando um dos seus carros, conduzido por Pierre Levegh, teve um acidente e explodiu, com os destroços a matarem mais de 80 pessoas numa bancada. Só voltaria muitas décadas mais tarde mas, este fim-de-semana, em Silverstone, pode comemorar o 61.º aniversário da estreia no Mundial de Fórmula 1… da mesma forma como o começou!


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Acerca do Autor

Enviado-especial do jornal «A Bola» a largas dezenas de Grandes Prémios, nunca deixou de reportar sobre o Mundial, tendo nos últimos anos alargado a sua experiência aos comentários televisivos.