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E se Ayrton Senna tivesse sido piloto… de uma equipa de Alain Prost?!

Ayrton Senna piloto de uma equipa dirigida por Alain Prost?! Um cenário, à primeira vista, impossível perante a lendária rivalidade que separava os dois multicampeões do Mundo de F1 mas que bem poderia ter sucedido, numa fase menos conhecida, em que ambos acabaram por se tornar bons amigos.

E foi Prost quem o revelou agora, numa conversa com jornalistas franceses: «Agora já é engraçado… Aí uma semana antes do acidente [de Senna em Imola-94] falávamos ao telefone quando lhe disse: ‘Sabes, um dia seria engraçado eu ter uma equipa e tu seres meu piloto’. E rimo-nos sobre o assunto, mas na altura já eu estava em conversações para comprar a Ligier». Foi quando aparecer a Prost Grand Prix que o ex-piloto considera um dos maiores erros da sua vida… «Mas teria sido fantástico, sem dúvida algo de muito bom».

Para quem se recordar dos duelos, das zangas, birras, discussões e até de algumas maldades mútuas entre Prost e Senna, dois «galos» que não conseguiram conviver no «poleiro» da McLaren, esta amizade pode parecer estranha, mas a verdade é que bastou Prost abandonar a F1, no final de 1993, para a relação entre ambos mudar da noite para o dia! «O que melhor me lembro são os seus últimos seis meses. Foi quando conheci bem o Ayrton, muito melhor que em todos os anos antes! Era uma pessoa totalmente diferente e foi quando percebi quem ele era e porque actuava daquela forma».

E Prost passou até a compreender o aparente «ódio» que Senna lhe tinha: «Agora vejo a sua forma de estar quase como um elogio! Percebi que a sua principal motivação, praticamente a sua única motivação, era vencer-me! Por isso, quando estávamos no pódio em Adelaide, na última corrida de 93 [também a última vitória de Senna], quando parei, poucos segundos depois ele era outra pessoa. É essa a memória da nossa relação que transporto». Por duas vezes, nesse pódio, Senna puxou Prost (que fora 2.º) para o lugar mais alto para que o francês se retirasse no topo da F1.

A partir daí, construíram uma amizade com permanentes conversas telefónicas que se prolongou até ao trágico fim-de-semana de Imola, em 1994. Em que ficou famosa a frase dita por Senna, já na grelha, para Prost, então comentador televisivo, «Alain, sentimos a tua falta». «Perto do final, quando já éramos próximos, era muito estranho porque falávamos muito acerca da segurança, de como era má. Pediu-me várias vezes para liderar a GPDA [Associação de Pilotos de Grande Prémio] e eu recusei. Tivemos diversas conversas privadas sobre o assunto nessa altura, foi muito estranho…».

E Prost recorda-se de cada segundo desse fim-de-semana maldito do G.P. de San Marino de 1994. «Na altura ele era uma pessoa totalmente diferente para mim e é essa a memória com que ficarei para sempre. Ele ligou-me no sábado e encontrámo-nos e voltámos a encontrar-nos no domingo, por duas vezes e ele só falava na segurança e no facto de não estar satisfeito com a situação, por pensar que o Benetton [de Schumacher] estaria ilegal. Só pensava nisso, foi tudo muito estranho…».


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Acerca do Autor

Enviado-especial do jornal «A Bola» a largas dezenas de Grandes Prémios, nunca deixou de reportar sobre o Mundial, tendo nos últimos anos alargado a sua experiência aos comentários televisivos.