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Ameaça de abandono da Red Bull não passa… de «bluff»

Desde que ficou afastada dos lugares da frente que a Red Bull vem largando, semana após semana, críticas e lamentos sobre a situação actual da F1, deixando sempre a pairar, de forma mais ou menos velada, a ameaça de abandono da disciplina. Quando o patrão da marca, Dietrich Mateschitz, declara que «a Renault destruiu-nos a alegria de estar na F1», dá a entender que deixou de se interessar pela modalidade.

O seu «comandante no terreno», Christian Horner, apressou-se a desmentir que a ideia fosse abandonar a F1. «A ideia é continuar aqui e resolver os problemas do desporto», disse, justificando as declarações do seu patrão como «demonstração do seu estado de ânimo, muito frustrado com o espectáculo actual».

O que não foi dito é que a Red Bull não é totalmente livre de se decidir pelo abandono da F1… Pelo menos sem o pagamento de uma elevadíssima indemnização. Porque esta foi uma das equipas que, em 2012, assinou o acordo com a CVC, proprietária dos direitos comerciais da F1, em que se comprometeu a manter-se no Mundial até 31 de Dezembro de 2020. Na altura, a CVC procurava que as principais equipas se comprometessem a longo prazo, para poder lançar a F1 em Bolsa com maior solidez, operação que acabou por nunca se verificar…

Foi por assinarem esse acordo – acto em que receberam logo largos milhões de dólares – que a Red Bull, juntamente com a Ferrari, McLaren, Williams e, mais tarde, a Mercedes passaram a ter direito a receber, anualmente, um avultado bónus. Relativamente à época de 2014, por exemplo, a Ferrari recebeu 100 milhões de dólares e a Red Bull 75. Há, portanto, um compromisso não só escrito como chorudamente pago que obriga a Red Bull a manter-se na F1 até final de 2020. Já a Toro Rosso não está «presa» a esse acordo…

Isso não significa, obviamente, que a Red Bull não possa abandonar antes, mas há quem estime que, se o fizesse no final deste ano, teria de pagar uma compensação de mais de 350 milhões de dólares. Por outro lado, há também a possibilidade de Mateschitz vender a equipa mas manter a sua inscrição, processo complexo dado que a designação não pode ser alterada para manter as regalias – veja-se o que sucedeu com a Manor que teve de manter o nome Marussia para receber os prémios relativos a 2014 – e, neste caso, confunde-se com o do próprio patrocinador…

Também por aqui se explica os «olhinhos» que a Red Bull continua a fazer ao Grupo VW (e à Audi em particular), tentando vender-lhes a equipa para ficar apenas como patrocinador. E também porque, sabendo que tem de se manter na F1 até 2020, a equipa precisa de arranjar motores para quatro épocas, a partir de 2017, partindo do princípio que a relação com a Renault não prosseguirá para lá de 2016.

Horner confessou-se preocupado com a irritação de Mateschitz: «É alguém que coloca enormes verbas não só na F1 mas em todo o desporto motorizado e temos de o reconquistar». No caso de querer levar as ameaças avante, teria de pagar uma enorme fortuna… para não estar! Portanto, é de esperar que, salvo algum acontecimento verdadeiramente bizarro, a Red Bull continuará na F1 até ao final de 2020.

E, a partir daqui, encarar todas as declarações que vêm sendo feitas como mera forma de pressão para a equipa atingir alguns fins. O mais evidente dos quais é fazer com que a Mercedes ceda na posição inflexível e permita que a Renault (e, a reboque, a Honda) façam mais algumas evoluções nos seus motores, tentando recuperar o atraso que, com as regras actuais, é… irrecuperável!


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Acerca do Autor

Enviado-especial do jornal «A Bola» a largas dezenas de Grandes Prémios, nunca deixou de reportar sobre o Mundial, tendo nos últimos anos alargado a sua experiência aos comentários televisivos.