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FIA e Pirelli: organizem-se, por favor, para nos facilitar a vida!

Deve haver poucas coisas mais irritantes numa corrida de F1 do que um Grande Prémio terminar, o champanhe correr no pódio e… ficarmos horas sem saber quem o ganhou por causa de uma niquice técnica que a maior parte dos fãs nem compreenderá! Há já bastante tempo que isso não sucedia mas, em Monza, depois de uma prova tranquila em que não havia a mais pequena dúvida sobre a justeza do vencedor, lá tivemos duas horas de «suspense» por causa… de 0,3 psi a menos num pneu traseiro-esquerdo medidos no carro de Hamilton, antes de a corrida começar.

É daquelas coisas que não diz nada à esmagadora maioria dos interessados pela F1 e que só pode contribuir para o seu alheamento. Porque só se pode embirrar quando se sai do «jogo» sem saber quem ganhou… Obviamente que regras são regras e o seu cumprimento é a maior delas todas, dirão com toda a razão os mais «legalistas». É verdade e se tem havido carros excluídos por terem um quilo menos que o peso mínimo, 1 mm a menos na asa traseira ou por não terem voltado às «boxes» pelo seu próprio «pé» para permitir a recolha de uma amostra de gasolina, também se não respeita os valores estabelecidos para a pressão mínima dos pneus deve ser penalizado.

E, aqui, os defensores de que Hamilton deveria ter sido penalizado no G.P. de Itália teriam dois caminhos: ou a desclassificação pura e simples, como aliás sucedeu a dois pilotos de GP2; ou uma penalização de 25 s, o equivalente a um «stop and go» após a corrida e que, ironicamente, daria na mesma a vitória ao britânico por… 0,042 s!

O problema é que aquela questão não se levantou porque, apesar das medições aparentemente irregulares feitas pelo delegado da FIA na grelha, o Mercedes nunca esteve ilegal! E o que se passou foi, no fundo, uma terrível falha de comunicação entre a Pirelli e a FIA (ou vice-versa) que provocou uma situação bizarra e, de certa forma, embaraçante para a entidade federativa, cujo representante não foi fazer nada à grelha de partida, pois os técnicos da Pirelli já tinham dado como legais os pneus montados em todos os carros!

Cada equipa trabalha em conjunto com um engenheiro da Pirelli que anota as pressões e temperaturas dos pneus quando estes são montados nos carros, já na grelha, mas ainda com as coberturas de aquecimento ligadas e nos 110 ºC. E, nestas condições, o técnico da marca italiana adstrito à Mercedes deu o seu OK aos pneus. Teoricamente, o «selo» da legalidade estava dado. Mas eis que o delegado da FIA decide fazer uma última verificação, já depois de as coberturas de aquecimento retiradas e de as temperaturas das borrachas terem baixado, com a consequente redução das pressões, para valores abaixo dos mínimos autorizados, mas que voltariam acima assim que começassem a andar.

Pode dizer-se que isso não sucedeu nos Ferrari, o que quer dizer que a Scuderia deu uma margem maior que a Mercedes que jogou nos limites, como é normal fazer-se na F1: se a pressão mínima é de 19,5 psi, ninguém vai pôr 20 psi porque, quanto menor a pressão, melhor se comporta o pneu em termos de aderência e uniformidade do desgaste. Ou seja, aquela medição extemporânea não fez qualquer sentido e os Comissários ficaram incomodados por a Pirelli não lhes ter explicado isso claramente. Isso ficou, aliás, explícito no último parágrafo do comunicado que exortava a FIA e a Pirelli a clarificarem procedimentos…

Ao ser chamada aos Comissários, a Mercedes só teve de mostrar que, na altura em que os pneus foram montados nos seus carros, o técnico da Pirelli tinha anotado que as pressões estavam correctas. A partir daí, de nada poderia ser acusada, pois o problema não tinha sido da equipa mas sim do procedimento errado do delegado da FIA, mal informado pela Pirelli…


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Acerca do Autor

Enviado-especial do jornal «A Bola» a largas dezenas de Grandes Prémios, nunca deixou de reportar sobre o Mundial, tendo nos últimos anos alargado a sua experiência aos comentários televisivos.