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Hamilton dominou 2015 porque se tornou um espírito livre!

Já distanciados do final do Mundial de F1 deste ano, a pergunta-balanço que se poderá fazer é: o que houve de diferença entre 2014 e 2015 que tenha justificado a enorme vantagem com que Lewis Hamilton bateu Nico Rosberg, independentemente das últimas três corridas em que, já em descompressão, foi derrotado pelo alemão?

Libertando-se das amarras do politicamente correcto, Hamilton pode ter chocado alguns adeptos da F1 com a forma como gozou a vida ao longo deste ano, mas foi esse espírito totalmente livre que o tornou muito mais forte e resultou no mais fácil dos seus três títulos. É verdade que Rosberg teve dois abandonos contra apenas um de Hamilton, mas o britânico também lhe ofereceu a vitória no Mónaco, com um disparate estratégico que ainda hoje deve estar para perceber…

Este ano, Lewis Hamilton subiu muito a fasquia, elevou o seu «jogo» a um nível muito mais alto, onde Rosberg foi, quase sempre, incapaz de chegar. Terceiro ano na equipa, o título de 2014 libertou-o de toda a pressão e, claro, terá havido uma natural evolução técnica do próprio piloto, em especial nas qualificações, ajudado por um carro dominador. Mas o «novo» Hamilton cresceu, acima de tudo, a nível pessoal… mesmo que isso tenha implicado subverter todos os estereótipos do que se espera de um piloto de Fórmula 1! «Ser capaz de me sentir confortável comigo próprio, sair mais da minha própria concha e estar bem e seguro de quem sou, foi isso que me ajudou a ser um piloto melhor”.

Este foi, de facto, um ano em que Hamilton não se privou de nada. Gozou a vida como nunca, dividiu-se entre a paixão pela música e o interesse pela moda, com alguns badalados casos amorosos pelo meio – o mais «ruidoso» com a cantora Rihanna – e festas mais «extremas”, como o carnaval nos Barbados, onde foi filmado de charuto e copo de uísque.

E tudo isso partilhou com os fãs, utilizador compulsivo das redes sociais, assumindo todas as atitudes que chocavam o mundo politicamente correcto da Fórmula 1. Que, depois, ficava espantado como ele se sentava no Mercedes e «despachava» toda a gente com incrível facilidade. Porque, além de estar tecnicamente bem preparado, estava feliz e, finalmente, a viver a vida como queria, com a maturidade dos 30 anos a permitir-lhe balancear com perfeição a… «rambóia» e o trabalho.

«Em tudo o que faço tenho a consciência do quão curta é a vida. E é por isso que a vivo desta forma», comentou Hamilton. «Tive amigos e familiares que já faleceram e que só trabalharam, trabalharam, trabalharam, não conseguiram este equilíbrio que hoje tenho. Uma tia disse-me ‘trabalhei toda a minha vida e nunca consegui fazer as coisas que queria’. Por isso faço tudo o que quero fazer! Trabalhar no duro, divertir-me ao máximo…».

Vai coleccionando tatuagens que exibe aos fãs, descolora o cabelo, cuida do visual, desenha as suas próprias roupas e chapéus e está em pleno processo de gravação do seu primeiro disco, com batida marcadamente «hip hop». «Eu sou como sou, é pegar ou largar…». Pelo meio frequenta as festas de Nova Iorque onde priva com estrelas como Jack Nicholson, Jon Bon Jovi ou Will Smith e rapidamente se desloca para Paris, no seu jacto privado vermelhão, para assistir aos desfiles de moda das casas mais importantes, conhecendo o mítico Karl Lagerfeld ou a compatriota Stella McCartney.

«As pessoas não me conseguem compreender e há muitos fãs que fazem comparações. O Clark fazia assim, o Hunt fazia assado… Mas esta é a minha época e é assim que eu vivo! É tão estranho que as pessoas queiram que façamos as coisas da mesma forma que se faziam no passado. É assim que um piloto de F1 se deve comportar, é com isto que um piloto de F1 se deve parecer… Isso faz-me rir!».

No Mónaco, onde vive, vai recheando a sua garagem, onde conta já, pelo menos, com um Pagani Zonda LH760 – feito à sua medida… e «amarrotado» num acidente no Mónaco a altas horas da madrugada, após uma festa, por exaustão! –, um McLaren P1 e um Ferrari La Ferrari.

O dinheiro fez-se para ser gozado e Hamilton goza-o ao máximo! Porque é esse espírito livre que lhe faz ganhar preciosos segundos em pista que, no final, se transformam em títulos mundiais! «Não sonho sequer no que os outros pilotos podem pensar de mim. Eu falo na pista, esperando que, com o decorrer do tempo, os meus resultados me façam ganhar o seu respeito». E como falou este ano!

(Artigo publicado na revista Turbo de Dezembro)


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Acerca do Autor

Enviado-especial do jornal «A Bola» a largas dezenas de Grandes Prémios, nunca deixou de reportar sobre o Mundial, tendo nos últimos anos alargado a sua experiência aos comentários televisivos.