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O que NÃO aconteceu aos Mercedes em Singapura

Apesar das centenas de engenheiros altamente qualificados e experientes, das tecnologias mais avançadas de muitos milhões de euros e dos meios aparentemente infindáveis ao dispor das equipas, temos de reconhecer que há coisas na Fórmula 1 que pura e simplesmente não têm explicação… E que nos deixam a sensação de que, por vezes, nem as melhores equipas técnicas percebem muito bem porque algumas novidades técnicas funcionam e outras não. E ainda bem que é assim, é prova de que a F1, apesar de toda a parafernália tecnológica, ainda depende muito do «input» humano!

Isto a propósito, obviamente, do surpreendente «apagão» da Mercedes em Singapura e para o qual continua sem haver uma explicação clara. Apenas desconfianças e, claro, as habituais teorias da conspiração. Tentemos abordar diversos aspectos para, no final, chegarmos à conclusão de que o que se passou… foi de facto muito estranho! Primeiro, a equipa não pode ter sido surpreendida pelas características da pista que conhece por demais: no ano anterior garantiu ali o monopólio da 1.ª linha, vitória e volta mais rápida, com total domínio de Hamilton.

Os pilotos são os mesmos e é altamente improvável que tivessem os dois um mau fim-de-semana logo ao mesmo tempo… O motor era a nova evolução estreada em Monza e as «teorias da conspiração» que adiantavam que a Mercedes tinha «cortado gás» por receio quanto à sua fiabilidade caem por terra ao ver as tabelas das velocidades máximas de treinos e corrida, sempre com Hamilton e Rosberg no topo! A aerodinâmica era diferente da de Monza – pista bastante mais lenta, maior carga aerodinâmica –, mas isso por si só não justifica que os Mercedes tenham passado de um «superavit» de meio segundo em Itália para um «deficit» de 1,5 s em Singapura. Ou seja, uma diferença de dois segundos entre Mercedes e Ferrari de uma prova para a outra!

É certo que já na Hungria, pista comparável a Singapura, se tinha visto os Ferrari a fazer jogo igual com os Mercedes na corrida, mas na qualificação os campeões do Mundo tinham sido muito mais rápidos. A repentina incapacidade de colocar a potência no chão à saída das curvas lentas foi surpreendente, tal como a incredulidade dos seus pilotos, nomeadamente Hamilton que dizia não sentir nada de errado com o carro… a não ser quando olhava para os tempos dos outros! Mas mais estranho ainda é que nem os técnicos presentes em Singapura, nem os muitos engenheiros com sofisticadas ferramentas de simulação, em simultâneo, na sede da equipa, em Brackley (Inglaterra) conseguiram encontrar o «gato»!...

Restam, portanto, as verdadeiras «teorias da conspiração». Sendo motor, chassis e pilotos os mesmos, a explicação só poderia vir, como foi dito, dos pneus, ou da forma como o carro os explorava. Daí a fazer constar que a Pirelli poderia ter fornecido pneus diferentes à Mercedes foi um passo… Que Toto Wolff rejeitou de imediato e que não faz muito sentido, em especial numa altura em que está a ser escolhido o fornecedor de pneus à F1 a partir de 2017. A última coisa de que a Pirelli precisaria agora era de um escândalo desses, caso a «marosca» fosse descoberta!

Outra teoria: pela popularidade da corrida nocturna de Singapura, nada como uma prova totalmente diferente para exponenciar as audiências televisivas. Admitamos até, seguindo o escabroso caminho da conspiração a favor das audiências, que tivesse sido uma contrapartida da não-desclassificação de Hamilton em Monza por causa da pressão errada de um dos pneus do seu carro – caso de que a Mercedes foi ilibada, refira-se!

Nesse caso, as coisas teriam sido feitas com mais categoria e a Mercedes teria estado na luta com a Ferrari e Red Bull ao longo do fim-de-semana, mesmo que depois acabasse por perder, o que nunca sucedeu. Porque, no fundo, e sem tirar qualquer mérito aos resultados daquelas duas equipas, ficou-se com um certo sabor de «falta de comparência» da Mercedes na luta pelos primeiros lugares…

Seja por que prisma se analise o assunto, não há explicação plausível para o que sucedeu à Mercedes no fim-de-semana de Singapura. A única coisa que resta é ver o que sucederá quando os «Flechas de Prata» descerem ao asfalto de Suzuka, teoricamente muito mais favorável. Se não conseguirem fazer a diferença aí, então sim, poderemos começar a pensar num final de ano ainda com algum entusiasmo!


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Acerca do Autor

Enviado-especial do jornal «A Bola» a largas dezenas de Grandes Prémios, nunca deixou de reportar sobre o Mundial, tendo nos últimos anos alargado a sua experiência aos comentários televisivos.