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Saiba porque Vettel vai mesmo ser campeão do Mundo na Ferrari!

Dificilmente será este ano e a previsão encerrada neste título é, como todos os prognósticos, passível de se tornar risível dentro de uns anos. Mas vale a pena correr o (reduzido) risco só para chamar a atenção de um… «pormaior» ocorrido no final da corrida de Singapura que já invade as redes sociais e mostra a forma como Sebastian Vettel está a construir uma Ferrari campeã.

O episódio foi revelado pelo francês «Canal+», na comemoração do triunfo de Singapura, com o alemão a parar a fotografia de «família» ao reparar que, na placa, apenas constava o seu nome, faltando a referência ao 3.º lugar de Raikkonen. O vídeo mostrava Vettel a falar com um mecânico e a explicar-lhe que assim não podia ser, que a placa tinha de ter o resultado conjunto da equipa. Pouco depois, a placa apareceu, com «Vet P1» sobre a bandeira alemã e «Raik P3» sobre a finlandesa. E o que nos diz este episódio? Podíamos ficar-nos pela pública amizade que une os dois pilotos, mas há aqui muito mais que isso!

Na atitude de Vettel, na sua linguagem corporal, na forma como todos os elementos da Scuderia (inclusive o director Arrivabene) encaram o seu espanto e «revolta» (entre aspas!), estamos na presença do claro líder desta equipa! Mas de alguém que conquistou essa liderança não por nomeação mas por mérito, ganhando o respeito de todos por dar o exemplo. Um líder que todos aqueles elementos estão prontos a seguir, alguém que espalhou por cada um deles a vontade de se entregarem ao máximo e que os agrupou em torno de uma finalidade única.

É verdade que a parte técnica também melhorou muito, quando James Allison pegou no projecto SF15-T os valores da aerodinâmica eram terríveis e foram inacreditavelmente melhorados em poucos meses. Mas é, acima de tudo, o «factor Vettel» que serviu de «doping» para que toda a Scuderia trabalhasse a «200%» para tentar recuperar o enorme atraso para a Mercedes. O que, mesmo estando ainda atrás, conseguiu largamente, convém não esquecer onde estava em 2014…

«Vettel vai ser campeão com a Ferrari», garante Ecclestone. «Não estou a lutar pelo título e se o Sebastian precisar de ajuda não tenho problema nenhum com isso», diz Raikkonen. Para onde quer que se olhe, Vettel não só uniu a equipa como juntou uma série de boas vontades que o irão, mais tarde ou mais cedo, tornar campeão com a Ferrari. E este episódio de Singapura exemplifica aos nossos olhos a maneira como tem trabalhado nos bastidores, em Maranello ou nos circuitos, para congregar os milhares de trabalhadores da Scuderia à volta do objectivo de o levar ao título.

Esta atitude de Vettel não vos recorda ninguém?... Exactamente, Michael Schumacher! Foi com este tipo de atitudes – talvez num estilo mais frio e não tão divertido, mais uma vantagem para o «alemão de agora»! – que «Schumi» construiu a hegemonia da Scuderia no início deste século, aglutinando à sua volta todas as forças da equipa, pondo todos a remar para o mesmo lado. Chegando mesmo a fazer frente aos «tifosi», quando estes pediram a «cabeça» de Jean Todt numa altura em que as coisas (ainda) não corriam bem!

Alguém duvida que Vettel fará o mesmo se, num «baixo» da Ferrari, alguém puser em causa a liderança de Arrivabene? E este é o segredo para tornar a Scuderia uma força poderosa, porque o seu potencial é enorme mas tende a esboroar-se em questiúnculas internas. Ora, quando aparece um poder aglutinador que consegue unir as «pontas», para mais com uma piada na ponta da língua, paixão evidente pela F1 e sem receio de falar tu-cá-tu-lá – mesmo que isso implique «piiis» e pedidos de desculpa pela linguagem… «colorida» nas entrevistas –, o resultado só pode ser avassalador!

Até pode acontecer que outras equipas descubram o «fogo sem fumo» e consigam uma vantagem técnica a que a Ferrari não consiga responder. Mas, pelo que se tem visto, as peças parecem estar todas a encaixar, aos poucos, de forma paciente e com visível união dentro da equipa, sem dedos espetados nas derrotas nem protagonismos exagerados nas vitórias. Aqui, é a Sebastian Vettel que tem de se dar o maior mérito e esta sua atitude tornou-se apenas a parte visível do imenso trabalho que o alemão tem feito nesse tal «juntar de pontas».

Quem terá a «lata» de se pôr em bicos dos pés quando o obreiro das três vitórias deste ano mostra este respeito pelo seu colega de equipa e, no fundo, por todo o grupo? Vettel e Ferrari campeões do Mundo estão em plena e acelerada construção!


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Acerca do Autor

Enviado-especial do jornal «A Bola» a largas dezenas de Grandes Prémios, nunca deixou de reportar sobre o Mundial, tendo nos últimos anos alargado a sua experiência aos comentários televisivos.