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Red Bull vs. Mercedes — Todos ralham e nenhum tem razão

Christian Horner (Red Bull) e Toto Wolff (Mercedes) entraram em confronto indirecto, depois de a marca alemã ter esmagado a concorrência no G.P. da Austrália. Aqui d’el rei que o espectáculo está comprometido, que a F1 está em perigo, tal a superioridade dos «Flechas de Prata» que deixaram o 3.º classificado a mais de meio segundo!

Horner reclama que, sempre que a Red Bull dominou a F1 (e nunca de forma tão nítida como a Mercedes o faz agora), a FIA interveio, banindo algumas das ideias vantajosas da sua equipa. E até acrescenta que também Williams e McLaren sofreram o mesmo, embora esquecendo a Ferrari, também «limitada» na era Schumacher. E espera, por isso, que a FIA tome medidas semelhantes para garantir andamentos mais equilibrados. À primeira vista pode até ter razão, a única diferença é que as intervenções da FIA nesses casos foram para esclarecer a exploração, por parte dos engenheiros daquelas equipas, de zonas consideradas «cinzentas» nos regulamentos.

Ora não é isso que se passa agora com a Mercedes, que se saiba não tem nenhum componente de legalidade discutível, apenas desenvolveu um motor com muito mais cavalos que os outros e o «encaixou» de forma perfeita num magnífico chassis. Já ninguém se lembra de a Ferrari dizer que, sob a nova regulamentação, era uma enorme vantagem a mesma entidade ou equipa desenvolver tanto chassis como motor? A Mercedes prova quão certa estava aquela constatação.

Portanto, Wolff tem razão quando reage com violência aos pedidos de ajuda de Horner, aconselhando a Red Bull a trabalhar mais… Mas, paradoxalmente, pode ser a Mercedes a equipa que mais sofre com o seu próprio domínio e isso deveria preocupá-lo. Porque, a nível de retorno de investimento, a Mercedes pode queixar-se de ter uma exposição televisiva mínima. Durante a corrida australiana, quase não se viram os dois carros da frente, com a transmissão sempre concentrada nos (poucos) focos de luta por outras posições.

Ou seja, nem Horner ganha grande coisa com o «choradinho» por não conseguir ser tão competitivo como os Mercedes, nem Wolff defenderá da melhor maneira os interesses da marca que está por trás da sua equipa, com uma posição arrogante de mau… ganhar, limitando-se a aconselhar os outros a trabalhar mais para apanharem os seus carros. Não deixa de ter razão, é certo. Mas, no final de cada Grande Prémio, quando analisar a exposição mediática, perceberá que é muito inferior à «merecida» por tão excelente trabalho. Logo, deveria estar também preocupado em que a F1 proporcione melhor espectáculo que aquele a que assistimos em Melbourne.

Obviamente que ninguém espera que mande os seus pilotos levantar o pé. Mas Wolff e a Mercedes terão todo o interesse em debater, com tranquilidade e… flexibilidade, formas de tornar as corridas mais interessantes. Sob o risco de as suas grandes conquistas passarem a ter contornos quase secretos, por abandono… dos espectadores.


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Acerca do Autor

Enviado-especial do jornal «A Bola» a largas dezenas de Grandes Prémios, nunca deixou de reportar sobre o Mundial, tendo nos últimos anos alargado a sua experiência aos comentários televisivos.