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Ainda há queixas sobre o «estado» da Fórmula 1?!

«O desporto está de boa saúde e vimo-lo na corrida de hoje, com duas equipas a lutarem de ‘faca nos dentes’». A frase é de Toto Wolff, director da Mercedes, e resume bem a conclusão que se pode tirar do G.P. do Bahrain: a primeira corrida nocturna do ano proporcionou um espectáculo vibrante, emocionante, até electrizante, com duelos de arrepiar, manobras nos limites e imagens magníficas.

Em resumo, não só o lado desportivo satisfez os mais exigentes, com uma corrida cujo final chegou a estar em aberto com os problemas de travões sofridos pelos Mercedes, como a vertente de entretenimento foi magnífica! Pelo cenário das «mil e uma noites» que a cuidada iluminação da pista de Sakhir empresta à corrida, claro, mas também pelas enormes faíscas que os carros faziam ao tocar nos ressaltos da pista e muito mais visíveis numa prova nocturna. O espectáculo foi, de facto, magnífico!

Pois, mas ganhou o mesmo de sempre, dirão os eternos insatisfeitos e «bota abaixo» da F1. É inegável, foi a terceira vitória de Hamilton em quatro provas, mas nunca o campeão do Mundo teve de se aplicar tão a fundo – excepção feita, obviamente, ao 2.º lugar na Malásia –, graças à evidente subida de forma dos Ferrari e, em particular, de Kimi Raikkonen.

No passado dia 4 de Abril explicávamos aqui que se o finlandês se qualificasse nos lugares da frente e não falhasse o arranque estaria sempre em posição de lutar pelo pódio e até pelas vitórias. A sua actuação no Bahrain provou-o e a sua ligação com o director-técnico James Allison – que tão bem funcionara na Lotus – promete ser uma verdadeira ameaça para a Mercedes. Que a está a levar bem a sério, preparando diversas evoluções para Espanha.

Portanto, temos na frente duas equipas numa luta aberta, em que a Mercedes pode ainda ter ligeiríssima vantagem, mas que a Ferrari tem conseguido (quase) colmatar com melhor estratégia e trabalho de «boxes». Assim obrigou Rosberg a ultrapassar mais duas vezes Vettel, além das manobras que já fizera, de forma surpreendentemente agressiva, no início do Grande Prémio para ganhar lugares a Raikkonen e ao seu compatriota. Rosberg passou os Ferrari por quatro vezes… para acabar passado pelo finlandês mesmo no fim ao ficar sem travões.

Espera-se, agora, que a Williams se consiga chegar para alargar esta «plataforma de emoção», se bem que a distância seja ainda grande. Mas, mais atrás, as coisas estão tão «embrulhadas» que ninguém consegue prever correctamente o que sucederá em cada prova. E é no meio do pelotão que se tem assistido a alguns duelos memoráveis que poderão ser enriquecidos, em breve, com a «chegada» da McLaren/Honda, em percurso ascendente.

Por muitas críticas que se façam, por muito que se aponte o dedo ao domínio de um piloto, a verdade é que a Fórmula 1 está muito mais interessante que nos últimos dois anos. Era bom que deixassem as equipas fazer o seu trabalho, procurando as da frente manter o avanço, tentando as de trás recuperar o atraso. Como sempre sucedeu em mais de seis décadas de Fórmula 1!

Não inventemos, pois, crises desnecessárias que só podem cavar ainda mais fundo os reais problemas da F1, como o afastamento das camadas mais jovens – usando um termo estafado, os «espectadores de amanhã» – ou o fim progressivo das corridas icónicas que fazem sonhar os adeptos: a seguir ao G.P. da Alemanha, poderá Monza (Itália) estar em risco?...

Tirando a prova de abertura do Mundial de F1, realmente sensaborona, as três seguintes foram bem disputadas, proporcionaram bons espectáculos e até algumas polémicas para «apimentar» a modalidade. Que mais se pode exigir? Vamos continuar a bater na tecla do «som de furar os tímpanos»? Desfrutemos antes o que nos tem sido proporcionado esta época. Porque tem sido tão bom!


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Acerca do Autor

Enviado-especial do jornal «A Bola» a largas dezenas de Grandes Prémios, nunca deixou de reportar sobre o Mundial, tendo nos últimos anos alargado a sua experiência aos comentários televisivos.