F1Flash.com - Página Inicial Descubra o izigo.pt

Vitória de Vettel foi um episódio ou será… uma série?!

A questão que marca a Fórmula 1 pós G.P. da Malásia é: poderemos assistir a mais vitórias da Ferrari sobre a Mercedes, ou o triunfo de Vettel em Sepang terá sido um acto isolado? Não é ainda clara a resposta a esta questão mas, arriscando um «tiro no escuro», inclino-me mais para a primeira hipótese. Porque aquilo a que se assistiu na Malásia foi um domínio de tal forma perfeito que não pode ter sido apenas fruto das circunstâncias atmosféricas, muito menos de um acaso…

É verdade que o calor intenso (o asfalto estava a 60 ºC!) ajudou a Ferrari, como Vettel e Raikkonen reconheceram mas, provavelmente, a questão deverá ser posta ao contrário. Calor e asfalto abrasivo, «cocktail» venenoso na gestão do desgaste dos pneus, são dados adquiridos sempre que se corre na Malásia! Porque haveria este ano de ser diferente?... Conclui-se, pois, que a Ferrari fez muito melhor trabalho que a Mercedes na adaptação àquelas condições, proporcionando um SF15-T que desgastava menos os pneus que o W06 Hybrid alemão, como se viu ao longo de toda a corrida, como ambas as equipas tinham percebido logo nos treinos livres de sexta-feira. Sim, porque a Mercedes também o sabia.

Mas, para uma análise correcta, também aqui deveremos colocar o problema de outra forma. Não há maneira de adaptar um monolugar de F1 às condições específicas de asfalto e temperatura se esse carro não for, logo de base, bastante equilibrado, o que inclui um comportamento previsível a cada alteração que se lhe introduza. E o Ferrari SF15-T parece, enquanto chassis, mais são que o Mercedes W06, situação que acabou por ser realçada pelas condições extremas em que se rodou na Malásia, mascarando alguma diferença de potência que ainda exista entre os respectivos motores.

É provável que, como elementos da equipa reconheceram, a Mercedes também tenha cometido alguns erros durante o fim-de-semana, nomeadamente na gestão dos pneus: Vettel guardou um jogo de médios novos para a corrida quando Hamilton já só tinha usados. Mas não foi pela estratégia que os Mercedes passaram, em quinze dias, de ganhar com meio minuto de avanço para perder com quase 9 s de atraso… E tanto Hamilton como Rosberg fizeram referência ao comportamento algo nervoso do carro que resultou em desgaste prematuro dos pneus.

O crédito deve ir todo para a forma como a Scuderia está a funcionar este ano – e seria de enorme injustiça esquecer que este resultado também se deve ao trabalho iniciado pela anterior direcção da equipa! –, com Vettel a ser uma lufada de ar fresco, com óptima colaboração entre os dois pilotos e sem as fricções internas que sempre atrapalharam as coisas dentro da Ferrari. Como dizia o líder Arrivabene, «acabaram-se as trocas de acusações».

Mas voltemos ao início deste texto: é expectável que a Ferrari continue a ganhar? Só o facto de a pergunta se colocar já é bom sinal para a Fórmula 1! Os próximos dois Grandes Prémios poderão voltar a ser mais «normais» para a Mercedes: na China as temperaturas serão muito mais baixas (pode até ser um Grande Prémio… com frio!); no Bahrain, apesar do calor, o asfalto muito liso não coloca problemas de maior aos pneus, desde que os carros estejam equilibrados nas fortes travagens exigidas. Não sendo expectável que a diferença entre a Mercedes e a Ferrari seja a da Austrália, é de esperar que a equipa campeã, agora já avisada, volte a andar na frente. Mas os Ferrari incomodarão certamente!

Depois, em Espanha, com um asfalto muito abrasivo e se estiver um dia quente, a Ferrari poderá voltar a sorrir, replicando os bons tempos obtidos nos testes de Inverno. Segue-se o Mónaco que é sempre uma lotaria, antes do Canadá onde a Ferrari se poderá assumir, definitivamente, como candidata ao título: espera-se para Montreal a estreia de importante evolução do V6 híbrido italiano que o deixará ao nível de potência do Mercedes. E, com um chassis mais equilibrado, Vettel e Raikkonen terão todas as condições para vencerem mais corridas.


Partilhar.

Acerca do Autor

Enviado-especial do jornal «A Bola» a largas dezenas de Grandes Prémios, nunca deixou de reportar sobre o Mundial, tendo nos últimos anos alargado a sua experiência aos comentários televisivos.