A Toro Rosso teve um bom desempenho nos testes de Barcelona, seguindo um plano semelhante ao da Mercedes, privilegiando os quilómetros percorridos à busca da «performance». Porque era preciso pôr à prova o fruto de três meses infernais de trabalho que o director técnico James Key revelou, por causa da indecisão quanto ao motor a usar: na concepção do SRT11 houve muita… adivinhação!
De acordo com Key, a equipa só teve a confirmação da passagem do motor Renault para o Ferrari no início de Novembro, quando a arquitectura geral do carro estava definida desde Agosto. «Quando percebemos que havia a possibilidade de trocar de motor, trabalhámos no que sabíamos e tentámos adivinhar o que fazer. Pode parece de loucos, mas havia algumas fotografias, algumas ideias e coisas de que ouvíamos falar… E foi com base nisso que pusemos de pé um plano de contingência».
«Mesmo quando a solução Ferrari parecia certa, não podíamos falar com eles e pedir informações enquanto o acordo não estivesse assinado», prosseguiu Key. «Então fizemos modelos em CAD a partir de imagens, pode parecer algo amador, mas que mais podíamos fazer? Construímos o pior cenário em termos do que seria arrumar o grupo propulsor da Ferrari no carro que tínhamos imaginado e, quando recebemos os dados, afinal até era melhor do que tínhamos imaginado».
É este o nível a que funcionam os departamentos de engenharia da F1, conseguindo reagir rapidamente às situações mais inesperadas e, aparentemente, sem solução. Mas o mais complicado estava ainda para vir: «O mais complicado nem é a forma do motor, são os detalhes e as diversas especificações. Por exemplo, o desenvolvimento do sistema de refrigeração implica imensa pesquisa e desenvolvimento para satisfazer, em simultâneo, as necessidades do motor e do chassis. Habitualmente demoramos meses nesse processo, mas conseguimos fazê-lo em duas semanas!».
Por fim, houve que construir o carro a tempo de o ter nos primeiros testes em Barcelona… «Foram muitas barreiras para ultrapassar», explica James Key, «mas os tipos da produção foram incríveis para terem tudo pronto a tempo. Foram três meses infernais!».
Perante tudo isto, o facto de o STR11 ter aparecido sem decoração é caso que nem importância tem, sendo agora apresentado o visual definitivo no arranque da segunda semana de testes. Rodou muito, pareceu um carro sólido e uma boa base de trabalho para Sainz e Verstappen. E, por aí, a pequena escuderia de Faenza já se pode considerar uma das primeiras vencedoras da época de 2016!