Haja uma voz que se levante em defesa da Fórmula 1 actual e, ao menos, que seja a do piloto que exibe de forma genuína o prazer de fazer o que faz: Daniel Ricciardo acha que não faz sentido que haja tanta gente a bater na actual Fórmula 1, quando se atingiu um nível fantástico e que bastam alguns pequenos retoques para a tornar ainda melhor!
De facto, chega a ser cansativo a ladainha de críticas e as carpideiras que choram os outros tempos que ninguém chega a saber bem o que são. É Briatore, célebre por protagonizar um dos episódios mais lamentáveis de batota na F1, a dizer que a disciplina precisa de ser «reparada». É Trulli que, mais que pelos seus dotes de pilotagem se destacou pelos constantes lamentos, a… lamentar-se, claro, de que a F1 é «demasiado estéril». É até Alonso a dizer que abandona no final de 2017 se a F1 continuar aborrecida, antes de acabar o G.P. de Singapura numa excitação por ter chegado a vislumbrar um pódio… E, «last but not the least», temos o patrão do «show» que, para o promover em condições, diz que não compraria um bilhete para o seu espectáculo! Declaração esquizofrénica «by Ecclestone»…
Perante isto, Daniel Ricciardo, da forma genuína que se lhe reconhece, decidiu defender a sua modalidade: «Nunca há ninguém que esteja totalmente contente! Actualmente bate-se demais na F1 sem uma razão concreta. Sinceramente, mesmo se há dois pilotos a dominar a disciplina, ela não está menos emocionante este ano», referiu o australiano numa entrevista à revista «Auto Hebdo».
«Já sem falar no G.P. de Singapura, temos tido algumas corridas verdadeiramente ‘top’ e não me parece que seja necessário estar a mudar tudo permanentemente. Preferia alterações razoáveis, com pequenas coisas, a uma viragem demasiado radical», comentou o piloto da Red Bull. «Nunca conseguiremos melhorar 50% de uma vez só, mas talvez 1% aqui, mais 2% ali. A F1 está muito bem como está e apenas pequenas melhorias a poderão tornar melhor».
Mas é precisamente de uma evolução gigante que se fala para 2017, com carros bastante diferentes dos actuais. Ricciardo deixa certezas e reticências: «Os carros terão um visual mais impressionante e agressivo, mas não sei se terão algum impacto directo no espectáculo, nas corridas», disse, embora adiantando: «Se tomarmos como exemplo a primeira curva de Barcelona, aí serão muito mais espectaculares para os espectadores, porque deveremos conseguir fazê-la quase a fundo!».
Por falar em Barcelona, e mudando radicalmente de assunto, Ricciardo abriu, finalmente, o seu coração em relação ao que sentiu com a chegada de Max Verstappen à Red Bull e a imediata vitória do holandês no G.P. de Espanha. E não foi bom… «É verdade, foi difícil vê-lo ganhar, foi uma vitória que eu poderia ter conseguido facilmente. E vê-lo consegui-la foi um choque», revelou o australiano que confessou que ficou com o moral em baixo durante alguns dias… antes de sofrer novo choque ao perder a corrida do Mónaco pelo erro crasso da equipa nas «boxes»!