Estava guardada para o fim uma das mais interessantes surpresas desta intensa semana de lançamentos dos dez monolugares que irão competir no Mundial de F1 deste ano. Já o sol se punha na pista de Barcelona quando, nas «boxes» da pista catalã, a Toro Rosso apresentou o STR12 que estará, desde já, entre os carros visualmente mais impactantes do ano!
Em parte devido à nova decoração inventada pela Red Bull, a cortar radicalmente com a dos últimos anos, agora num azul mais claro e o touro em prateado, embora mantendo as largas zonas vermelhas. No fundo, a carroçaria do STR12 reproduz as latinhas da famosa bebida energética…
Mas essa, sendo a parte mais visível e que já provocou a agitação das redes sociais com uma grande maioria de opiniões elogiosas quanto à estética do Toro Rosso, não é a que mais interessará a Carlos Sainz e Daniel Kvyat, reconduzidos por mais uma época. «Com a continuidade dos pilotos e uma unidade motriz que há-de ser um grande avanço relativamente ao ano passado [motor Ferrari… de 2015, recorde-se], isso faz com que o chassis seja mesmo a única incógnita», declara o director-técnico, James Key.
Que garante: «Nos meus 20 anos de F1, esta é a maior alteração a nível do chassis, que me lembre. Em 98 tinham acabado de mudar para as vias mais estreitas e depois houve várias alterações em 2009 mas, além da asa dianteira, tudo se baseava nos mesmos princípios. Estas regras, contudo, incluem uma alteração das vias, pneus muito diferentes e nova regulamentação aerodinâmica. É muita coisa ao mesmo tempo!».
Key surpreendeu ao apresentar o único carro, além do Mercedes, que tem um nariz arredondado, sem aquele «dedo espetado», mas alinhou também na «barbatana» sobre a tampa do motor. Mas diz que isto são… os primórdios dos carros deste ano. «Colocamo-nos sempre objectivos ambiciosos mas, este ano, temos uma abordagem mais global, no conjunto das vinte corridas, com uma longa lista de evoluções ao longo da época. Vai ser um ano muito agitado…».
Neste aspecto, é interessante escutar a teoria do projectista britânico: «A questão que nos colocámos no início do projecto foi o que fará um bom carro em 2017? Não conhecemos ainda os pneus, a aerodinâmica mudou radicalmente, o projecto começou de uma folha em branco. O que fará um bom carro aerodinâmica e mecanicamente para 2017? Essa é a pergunta de um milhão de dólares. Temos de basear as nossas decisões no potencial de desenvolvimento que o carro tem e, depois, encontrar objectivos para esse desenvolvimento que achamos que são bons. Mas é isso que é divertido nas novas regras! Agora, com a tecnologia tão avançada dos túneis de vento e dos estudos computacionais da mecânica de fluidos (CFD), há poucas hipóteses de as equipas cometerem erros grosseiros…».
A equipa que projectou o STR12 só se queixa de ter começado o trabalho no túnel de vento demasiado tarde, pela indefinição na medida final dos pneus. «Só a tivemos em Abril quando, em condições normais, teríamos começado a trabalhar em CFD em Janeiro ou até Dezembro de 2015», comentou Key. Daí terem adiado tanto o projecto que, nestas primeiras semanas de 2017, a equipa de Faenza dividiu-se em três turnos de trabalho, funcionando 24 horas por dia e 7 dias por semana para ter o novo carro pronto a tempo!
Amanhã, Carlos Sainz fará a estreia do carro em Barcelona, depois de um dia de filmagens em Misano que não terá corrido nada bem, devido a um problema com a parte híbrida do motor Renault. Que, refira-se, não se sabe ainda se se chamará assim no Toro Rosso… A verdade é que o carro foi apresentado sem qualquer referência ao nome do motor na traseira da carroçaria, não sendo de afastar a hipótese de aparecer uma solução semelhante à da Red Bull que tem um patrocinador que lhe «rebaptiza» os motores.
«Normalmente os carros bonitos também são rápidos, não conheço nenhum feio que o seja…», comentou Carlos Sainz, no final da apresentação do STR12. «Mas agora só quero ir para a pista experimentá-lo e ver se se confirma que é, de facto, uma grande melhoria face ao do ano passado que é o que pretendemos. Em especial o motor que deverá ser bastante mais potente que o que tínhamos», concluiu o madrileno.