A Red Bull continua a agitar a ameaça do abandono puro e simples da Fórmula 1, por parte das suas duas equipas, já no final deste ano! E se antes foi por não dispor de um motor competitivo, pelas dificuldades óbvias da Renault, agora é pela falta de garantias de que a Ferrari lhe forneça um motor exactamente ao mesmo nível do que usa a equipa oficial.
Não que algum dirigente da equipa tenha proferido declarações bombásticas, mas um artigo publicado na plataforma digital da própria marca, «Speedweek» – obviamente com a bênção dos líderes da empresa… – traçava o cenário mais negro, lembrando que Dietrich Mateschitz (um dos donos da Red Bull) e Helmut Marko estavam para tomar a decisão quanto à continuação, ou não, nos Grandes Prémios. E que o cenário de Red Bull e Toro Rosso saírem no final de 2015 era bem real.
«A Red Bull não quer ter motores-cliente com 30 a 40 cv menos e que podem ser manipulados pelo construtor no caso de a equipa-cliente ameaçar a equipa oficial», lê-se na «Speedweek», já muitas vezes usada para passar «recados» sérios da equipa das bebidas energéticas… «A Red Bull quer continuar na F1 apenas se a Ferrari quiser fornecer verdadeiros motores de fábrica, do mesmo nível dos de Vettel e Raikkonen».
Digamos que, para quem ainda não tem qualquer acordo firmado, a Red Bull arrisca-se com esta «pressão alta» que nunca foi muito do agrado da Scuderia… Obviamente que também está a confiar no efeito-receio que a ameaça de duplo abandono provocará nos «donos» da F1, em especial num tal de Bernie Ecclestone que já estará a pressionar a Ferrari para não se armar em esquisita… Mas é sabido que a Scuderia não achará muita graça se for batida pela Red Bull com os seus motores e, se for para «brincar às ameaças», o peso dos italianos na F1 ainda é superior ao dos «senhores das latinhas»!
Há algumas semanas, Mateschitz tinha referido à «Speedweek» que receava a sua posição de «cliente» de motores Ferrari: «Essa situação só nos dá motores suficientemente bons para tirar pontos às equipas rivais do construtor, nunca para o bater. Com um motor desses nunca poderemos voltar a ser campeões do Mundo e, nesse caso, perderemos o interesse na F1».
E o que é válido para a Red Bull estende-se à Toro Rosso, mesmo se os objectivos não são os mesmos, como destaca o artigo da «Speedweek»: «Uma saída parcial deixando a Toro Rosso na F1 é algo que nem se discute. Porque deveria a Red Bull desenvolver talentos como Verstappen ou Sainz se não tiver hipóteses de os levar, internamente, a seguir as pisadas de Vettel, Ricciardo ou Kvyat?».