A Red Bull está num verdadeiro beco sem saída em relação à temporada de 2016: por um lado está com enormes dificuldades em conseguir que a Ferrari lhe forneça um motor competitivo; por outro, as suas ameaças de abandono da F1 esbarram numa gigantesca indemnização por incumprimento do compromisso em manter-se na competição até final de 2020!
E este é um elemento fulcral nesta fase de negociações da equipa austríaca com a Ferrari. Porque têm sido várias as ameaças de que, sem um motor que lhe permita lutar pelas vitórias, a Red Bull retirará as duas equipas do Mundial de F1, o que colocaria graves problemas por tirar quatro carros às grelhas de partida.
Falta, contudo, dizer que, pelos acordos assinados com a Formula One Management (FOM) de Bernie Ecclestone, a Red Bull comprometeu-se a manter-se na F1 até 2020. Ora, segundo revela o jornalista britânico Joe Saward, esse contrato inclui uma cláusula compensatória de 100 milhões de dólares por cada ano de incumprimento. Ou seja, se a Red Bull abandonar no final deste ano terá de indemnizar a FOM em 500 milhões de dólares, quase 450 milhões de euros!
É por saber que as ameaças da equipa podem não ser tão sérias assim que a Ferrari decidiu «esticar a corda» nas negociações para o fornecimento de motores, levando os responsáveis da Red Bull ao desespero… «A Ferrari quer brincar connosco mas não estamos disponíveis para jogos!», reclamou Helmut Marko, conselheiro da Red Bull para a F1, depois de a Scuderia ter proposto fornecer motores… de 2015. «É fazer troça propor-nos motores com especificações de 2015 quando a Sauber e a Haas F1 vão ter as especificações de 2016», referiu.
A Ferrari não encara de ânimo leve o eventual fornecimento de motores à Red Bull, por reconhecer a capacidade da equipa e perceber que, se lhe der motores iguais aos da sua equipa, estará a criar um problema a si própria… Sabendo que a Red Bull está pressionada pelo tempo – «a situação actual é crítica pela falta de tempo e ainda é pior para a Toro Rosso que para nós», reconheceu Christian Horner –, a Ferrari está, no fundo, por cima das negociações.
À Red Bull só lhe resta um trunfo, se bem que seja uma cartada que não ajudará em nada o início de uma boa relação com a Ferrari… Os «motoristas» ainda têm de conseguir autorização para manter o esquema de desenvolvimento dos motores no decorrer da próxima temporada. Caso contrário terão de homologar os motores no final de Fevereiro, ficando quaisquer evoluções congeladas para o resto da época. Para isso precisam da aprovação… unânime das equipas! É com isto que a Red Bull poderá jogar para pressionar a Ferrari a dar-lhe motores com as especificações de 2016 mas, lá está, não é o melhor começo de um «casamento»…