As duríssimas críticas que o patrão da Red Bull fez à Renault no G.P. da Áustria tiveram agora a devida resposta por parte do responsável desportivo da marca francesa, Cyril Abiteboul, que não estivera na prova austríaca. Na altura, Dietrich Mateschitz comentou: «Além de nos fazer perder tempo e dinheiro, a Renault destruiu-nos a alegria de estarmos na F1 e a nossa motivação».
Agora, depois de ver os dois pilotos da Red Bull no pódio da Hungria, Abiteboul respondeu àquelas palavras e foi bem directo, em declarações à rádio RMC: «Quando leio que a Red Bull perde dinheiro com a Renault, acho isso totalmente inaceitável! Juntando tudo, o dinheiro que lhes damos directamente, mais o que a Total lhes paga, o que a Infiniti [marca da Aliança Renault-Nissan] lhes pagou e os prémios monetários que receberam, chegamos a uma soma de 500 milhões de euros! Nenhum outro construtor automóvel teria permitido à Red Bull ganhar tanto! Convém recolocar a Renault no centro da discussão!».
Com isto, o divórcio entre Red Bull e Renault parece, de facto, inevitável e voltaram os rumores de que poderia suceder já no final deste ano, com a equipa austríaca a virar-se para a Mercedes em 2016. Boato a que Toto Wolff, da Mercedes, reagiu… nada dizendo: «Eles têm um contrato com a Renault que temos de respeitar, mas nós também estamos na Fórmula 1…».
Hoje, em Paris, Cyril Abiteboul, director desportivo da marca, e Alain Prost, embaixador da Renault Sport, tinham agendada uma reunião com Carlos Ghosn, presidente da Aliança Renault-Nissan, para o tentarem convencer dos seus planos para o envolvimento futuro da Renault na F1. E que passará, tudo o indica, pela compra da Lotus (pelo menos, numa fase inicial, de 51%) e o regresso da marca como equipa oficial. Para libertar fundos para essa operação, Abiteboul já anunciou o fim do apoio da Renault às World Series by Renault 3.5.
Ficou, contudo, o aviso de que não deverá ser feito qualquer anúncio oficial antes de Setembro. «Neste momento é o ‘marketing’ que está no ‘lugar do piloto’», diz Abiteboul. «Se estamos presentes numa disciplina tem de haver um benefício para a marca, temos de maximizar os benefícios. E a reflexão prossegue». Ou seja, a Renault cansou-se de passar quase despercebida nos quatro anos de sucessos da Red Bull e de ser atirada para a linha da frente quando as coisas correram mal…
Por fim, a compra da Lotus está também a ser analisada com mil cuidados, em especial as dívidas actuais da equipa de Enstone que deixam no ar algumas desconfianças: «Temos de nos assegurar da solidez do investimento que fizermos. A Lotus actual já não é a mesma de há dois ou três anos». Entretanto, a Lotus vai tentando manter a cabeça à tona da água…