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Muitos solidários com Verstappen, poucos a atender à letra da lei…

A polémica em torno da penalização que retirou Max Verstappen do pódio de Austin continua, com muitas críticas aos Comissários Desportivos. O piloto holandês já se tinha pronunciado, minutos depois da corrida, visivelmente irritado, mas clamando por consistência nas decisões. «Ao longo de todo o fim-de-semana houve carros a ir para lá dos limites da pista e nada aconteceu. Mesmo durante a corrida todos saímos dos limites, tive uma bela luta com o Bottas e ele saiu várias vezes e nada sucedeu. Estava a ser um espectáculo fantástico e todos estavam a adorar. Mas é como digo, sejam consistentes, se não é permitido passar as linhas brancas, OK, fico em 4.º, mas não mostrem a todos os pilotos que o podem fazer e quando eu o faço aplicam-me uma penalização!».

O seu chefe de equipa, Christian Horner, também se mostrou muito crítico: «Para mim foi uma batalha dura mas leal. E os Comissários enganaram-se na sua decisão, pois vimos carros a ultrapassarem os limites da pista ao longo de todo o fim-de-semana, durante toda a corrida. Penalizá-lo desta forma não é justo, depois de lhes dizerem no ‘briefing’ que não havia problemas com os limites da pista. O que é mais chocante é ser uma decisão instantânea [e sem direito a apelo], sem os pilotos serem ouvidos e sem qualquer hipótese de defesa…».

Até os adversários da Red Bull se mostraram espantados, com Niki Lauda, presidente não-executivo da equipa Mercedes, a declarar, bem ao seu estilo: «Foi a pior decisão que já vi! O Max não fez nada de errado, somos pilotos, não estamos numa estrada normal. É ridículo destruir o desporto com decisões destas».

E Lauda até recordou que, numa reunião realizada no ano passado, tinha ficado definido que os Comissários deixariam os pilotos bater-se livremente, só intervindo em casos em que a segurança estivesse em causa: «foi uma ultrapassagem normal, não tinham de interferir, Uma linha branca não pode ser um limite, então ponham lá um muro!».

Também o campeão do Mundo em título (por enquanto…), Nico Rosberg, se colocou do lado de Verstappen, embora com um argumento que, vendo as imagens, não é totalmente correcto… «O Max apenas teve de sair da pista para evitar um acidente porque o Raikkonen estava a apertá-lo! É muito injusto ser penalizado por isso…». O alemão tem de mudar de televisão com urgência…

Ouvida a acusação à decisão dos Comissários, vejamos o outro lado da questão… Mika Salo, ex-piloto de F1 e um dos Comissários, partilhou as imagens que foram analisadas para a tomada da decisão e onde se vê claramente Max Verstappen e meter por dentro de Raikkonen, com o Red Bull a pisar o corrector com as quatro rodas. Noutra situação qualquer, quando uma ultrapassagem destas sucede, o piloto que a fez tem de devolver o lugar ao ultrapassado porque aproveitou a passagem por fora da pista para ganhar uma posição. Neste caso pode parecer duro, cruel até, mas é a letra da lei…

Veja-se o que sucedeu na luta de Vettel com Bottas, no final da recta grande. O Ferrari passou o Mercedes, mas o finlandês até ficou em posição de atacar o alemão por dentro para a curva seguinte. Contudo nem o tentou porque, além de já ter os pneus muito desgastados, sabia que tinha ido por fora da pista, pelo que uma eventual recuperação da posição nunca poderia ser consumada.

E aqui entroncamos nas queixas legítimas de Verstappen e Horner, quando referem que ao longo de todo o fim-de-semana todos os pilotos andaram por fora da pista e não foram nem avisados, muito menos penalizados… Há, contudo, uma diferença entre «ganhar vantagem» (em tempo) e «ganhar posição», embora nenhuma das duas devesse ser autorizada.

Por isso aqui escrevemos, logo após o terceiro treino livre, que havia muitos carros a exceder os limites da pista e de forma muito exagerada, pelo que esperávamos que a FIA tomasse uma posição acerca disso antes da qualificação. Pela vantagem que isso representava até na discussão das posições da grelha. Infelizmente, e ao contrário do que é habitual, em que a FIA é sempre tão ciosa dos traços brancos, desta vez nenhum aviso foi feito, o mesmo é dizer que os pilotos poderiam abusar à vontade…

E isso foi meio caminho para se criar esta situação ingrata para o piloto… mas também para os Comissários. Que se limitaram a aplicar as regras tal como estão escritas, mas deixando uma sensação de injustiça em Verstappen que terá, com naturalidade, dificuldade em destrinçar a diferença das situações. Veremos que directivas irá Charlie Whiting implementar para o G.P. do México onde, recorde-se, há um ano houve três pódios no espaço de cerca de uma hora precisamente por causa de penalizações relacionadas com o desrespeito dos limites da pista!

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