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Toda a história por trás do erro da Red Bull que roubou a vitória a Ricciardo

Daniel Ricciardo diz que vai demorar a ultrapassar a imensa desilusão que foi… o 2.º lugar no G.P. do Mónaco! «É um pódio no Mónaco, devia estar contente e agradecido, não é?... Mas nada disso, nem sei dizer como me sinto, pelo menos sem dizer alguns palavrões acho difícil…». O australiano da Red Bull ficou destroçado pela forma como a sua própria equipa lhe roubou a vitória mais que certa no Principado!

Mas era ainda mais do que isso porque Ricciardo já ficara «de pé atrás» pela forma como perdera em Barcelona por a sua equipa ter dividido estratégias entre ele e Verstappen, acabando a mais eficaz por ficar para o holandês. «Parece que fui atropelado por um camião de 18 rodas, pelo segundo fim-de-semana seguido! Encaixei Barcelona o melhor que pude. Mas, desta vez, manter-me positivo… é simplesmente impossível. Odeio sentir-me assim e estar a queixar-me, mas nem sei o que dizer… Foram eles que me chamaram e nem foi uma coisa feita à pressa… Dois fins-de-semana seguidos em que fui tramado…».

De facto, como foi possível a Red Bull dar cabo de uma vitória que estava tão fácil de garantir?! Mais fácil até do que aparentava nas imagens televisivas, senão repare-se: antes das trocas de pneus Hamilton e Ricciardo rodavam juntos; depois do Red Bull ter estado parado 13 segundos (!!), o australiano saiu das «boxes» quase a par do piloto da Mercedes. Isto significa que a volta de saída de Hamilton foi muito lenta e a de entrada de Ricciardo foi muito rápida, ou seja, nessa volta de diferença o australiano ganhou mais de dez segundos de avanço. Não havia forma de perder a corrida… Mas as corridas são cheias de imprevistos e de «stress»!

O mais fácil é julgar a equipa com expressões tipo «que amadorismo!» ou «indignos de estarem na F1»… Mas esta é a equipa que venceu um Grande Prémio há duas semanas, que tem 51 vitórias e oito títulos no seu palmarés. Que fez um carro brilhante e o pôs na «pole» e na liderança do G.P. do Mónaco. Tinha de haver uma explicação… E aqui entra a tensão normal das corridas, porque não é só nos carros que se anda a «300 à hora», as cabeças dos engenheiros funcionam a igual velocidade e quando, de repente, uma dúvida encrava a engrenagem, pode deitar tudo a perder.

No fundo, sucedeu à Red Bull o que, há um ano, acontecera à Mercedes e a Hamilton: pensaram demais e baralharam-se de tal forma que acabou por dar asneira! Depois, foi todo um conjunto de circunstâncias que se acumularam para o desfecho que destruiu a corrida de Ricciardo, nomeadamente as próprias características da pista monegasca, em particular das suas «boxes». Mas vamos por partes, contar como tudo se passou.

O que estava inicialmente previsto era que, quando Ricciardo parasse para montar pneus para piso seco, os escolhidos fossem os macios (amarelos). À última hora, contudo, os seus engenheiros decidiram que, perante a baixa temperatura do asfalto, era melhor deixar os macios de lado e montar os supermacios que o australiano usara para fazer o tempo no Q2. Boa escolha num circuito qualquer… menos no Mónaco onde as «boxes» são tão pequenas que não cabe lá tudo. E esses pneus, que não constavam da lista das prioridades, estavam precisamente nas traseiras de umas «boxes» atravancadas de material!

E agora conta Christian Horner: «No Mónaco, a estrutura que costuma estar no muro das ‘boxes’ está no primeiro andar, por cima das garagens. E os pneus estão a ser aquecidos tanto dentro como atrás das ‘boxes’. Infelizmente, esse jogo de pneus não estava à mão, estava por trás da nossa ‘box’. Depois houve uma confusão na comunicação com os mecânicos que já tinham os pneus macios preparados para serem montados e quando lhes foram pedidos os supermacios, estes estavam atrás da garagem…».

Ou seja, numa pista «normal», onde há contacto visual entre o muro das «boxes» e os mecânicos, é até provável que, perante este quadro, se tivesse decidido a montar os pneus macios que podiam ser mais lentos mas seriam certamente suficientes para aguentar a vantagem de Ricciardo e, no final, permitir-lhe defender-se de um Hamilton com os ultramacios já demasiado desgastados… Mas o Mónaco é especial e estas coisas sucedem até à mais profissional das equipas…

«Ganhamos e perdemos juntos, mas desta vez só nos resta pedir desculpa ao Daniel porque não lhe prestámos um bom serviço quando ele fez tudo bem feito», dizia Horner. Já o Ricciardo-do-enorme-sorriso, interrogado sobre se iria falar com a equipa acerca do que se passara, mal conseguia levantar os olhos do chão… «Agora não… Acho que não chegaríamos a lado nenhum… Para ser honesto, só quero desaparecer!». A última imagem é bem elucidativa de como a Fórmula 1 pode ser cruel, comparando os estados de espírito de Daniel Ricciardo com uma diferença de pouco mais de 24 horas...

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