Deixou de ser rumor, passou a ser oficial, confirmando a notícia que aqui tínhamos avançado no início de Setembro: 30 anos depois de se ter afastado da disciplina, a Alfa Romeo está de regresso à Fórmula 1, com a Sauber, confirmado o acordo entre o grupo FCA (Fiat/Chrysler) e a escuderia de origem suíça. O nome oficial da equipa passa a ser Alfa Romeo Sauber F1 Team.
Segundo as duas empresas agora unidas, o acordo compreende parcerias estratégicas, comerciais e tecnológicas. Os carros de 2018 estão em fase de projecto, estando confirmado que terão nova decoração: vermelho, cor tradicional da Alfa Romeo (previsivelmente numa tonalidade mais escura que o «rosso Ferrari»), com o logo da casa de Arese bem visível. Sob o capot-motor vão estar unidades de energia Ferrari versão cliente, ou seja, semelhantes aos da Haas F1 – isto porque, em 2017, a Sauber usou motores do ano anterior.
Sergio Marchionne, presidente da Ferrari e da Fiat/Chrysler, expande desta forma a sua aura de influência na Fórmula 1, passando a ser indirectamente responsável por uma equipa… e meia. Na Alfa Romeo Sauber terá, naturalmente, funções de supervisão empresarial, embora a gestão da equipa de Hinwil continue a ser assegurada por Pascal Picci, o gestor nomeado pelo consórcio que, no ano passado, confirmou a aquisição da Sauber até aí gerida pela germano-indiana Monisha Kaltenborn. No terreno, ou seja, na direcção da equipa nas pistas, com carácter executivo continuará Frédéric Vasseur.
«É um passo significativo para a reformulação da Alfa Romeo como marca, juntando-se a outros grandes construtores que participam na Fórmula 1», declarou Sergio Marchionne. «Foi a Alfa que ajudou a fazer a história deste desporto. A marca, em si, vai beneficiar da partilha de tecnologia e ‘know-how’ estratégico desta parceria com a Sauber F1, cuja experiência é indiscutível», acrescentou o presidente.
Em concreto, a Sauber foi das primeiras equipas a ter um túnel de vento, na sede, em Hinwil (Suíça), capaz de simular com um modelo à escala real, sendo durante anos o construtor independente dotado da melhor tecnologia. Ainda hoje, essa infraestrutura é das mais avançadas ao serviço de equipas de F1. Em fase de declínio, sendo hoje a escuderia menos forte da Fórmula 1, como confirma o último lugar no campeonato que terminou no passado domingo, a Sauber está muito lentamente a recuperar da fase mais dura da sua história. Que dura desde 2010, precisamente desde que terminou a parceria com outro grande construtor que se quis envolver oficialmente no degrau mais alto do automobilismo, a BMW.
Quanto à Alfa Romeo, correu na Fórmula 1 entre 1950 (o primeiro campeonato) e 1988, tanto como construtor como fornecedor de motores. Os dois primeiros campeonatos de condutores, em 1950 e 1951, foram conquistados por pilotos do emblema italiano: Giuseppe Nino Farina e Juan Manuel Fangio. Entre 1961 e 1979, a Alfa foi apenas fornecedora de motores, regressando como construtor precisamente em 79. Em 1983, alcançou o melhor resultado no Mundial de Construtores: a oficialmente chamada Marlboro Team Alfa Romeo, com os seus famosos monolugares vermelhos e brancos em forma do logo da tabaqueira, e com dois pilotos italianos – Andrea de Cesaris e Mauro Baldi – conquistou dois pódios nessa temporada e acabou o campeonato em 6.º. Abandonou em 1985, quando a Alfa Romeo já estava, por sua vez, a lançar as bases para o aparecimento em força da marca Benetton na Fórmula 1.