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A que deveremos estar atentos na primeira corrida do ano?

Está na hora, agora é mesmo a sério, acabaram-se as desculpas e os jogos escondidos. Mesmo a qualificação conta para pouco, é apenas uma volta de velocidade pura, muito curto para o que representa verdadeiramente um Grande Prémio, um longo «sprint» de pouco mais de 300 km.

Um ditado que os ingleses aplicam desde tempos imemoriais nas corridas diz que «quando a bandeira baixa, acabam-se as tretas» («when the flag drops, the bullshit stops»), referindo-se ainda aos tempos em que a partida para as corridas era dada ao baixar de uma bandeira… É isso que sucederá às 6 de manhã de Portugal Continental e Madeira. Para facilitar, salientámos alguns pontos que merecem uma atenção especial no acompanhamento da corrida:

ARRANQUE A FIA alterou os regulamentos e colocou todo o controlo do procedimento de partida nas mãos e pés dos pilotos. Antes havia uma enorme tolerância na patilha que comanda a embraiagem, porque o ponto ideal estava pré-programado, agora será o piloto a ter de encontrar o «ponto de embraiagem» preciso. Falhá-lo representa patinar demasiado as rodas ou a queda exagerada de rotações, em ambos os casos maus arranques e perda de posições. Este ano é uma manobra muito mais delicada e foi aqui que Hamilton, que larga da «pole» perdeu várias corridas em 2016.

«Tanto a equipa como eu trabalhámos muito esse aspecto durante o Inverno e acho que estamos bem preparados», disse Hamilton, enquanto Vettel, conhecido pelos arranques-canhão, comentou: «Vai ser mais difícil para os pilotos, mas espero que continuemos com as nossas partidas, com a diferença que agora estou na primeira linha! Mas não temos qualquer garantia de que a partida seja boa, terei de estar muito concentrado nisso». Será o momento crucial e deveremos assistir, certamente, a alguns falhanços pelo pelotão fora… Dito isto e, sem eventos fora do comum, se Vettel conseguir bater Hamilton no arranque a Ferrari tem uma grande hipótese de vencer a corrida. Senão, vai ser complicado…

TOQUES É natural que vejamos muitos pedaços de asas a saltar, nem seria de admirar a existência de «safety car» ou «safety car» virtual para limpar a pista de detritos… A pista de Melbourne já é, tradicionalmente, dada a toques, incidentes e acidentes. Com estes carros muito mais largos e em que a vasta asa dianteira está tão longe dos pilotos que mal a vêem, é natural que haja mais toques, em especial na partida, quando o pelotão se junta todo nas duas primeiras curvas.

ULTRAPASSAGENS – Os pilotos já foram avisando, é melhor colocar a fasquia das expectativas baixa… «Quem sair da primeira curva à frente será o vencedor da corrida porque, aqui, não vai dar para passar», prognosticou Verstappen. A pista é relativamente estreita, os carros estão mais largos e até os pilotos não estão ainda totalmente à vontade com os seus limites… «Será preciso uma grande diferença de andamento entre os carros ou que o da frente cometa um erro», disse Bottas. «É difícil seguir perto do carro da frente, mas até à corrida pode ser que inventemos uma forma…». Com carros totalmente novos, os pilotos terão de encontrar novas formas de preparar e consumar ultrapassagens, mas a pista de Albert Park não é de facto, o palco ideal para isso…

ESTRATÉGIA – A voz corrente aponta para a hipótese de uma corrida só com uma paragem. E, provavelmente, entre o homens da frente, para trocar de ultramacios para supermacios. As equipas quase não usaram os pneus macios porque, aparentemente, perceberam que a degradação das duas misturas mais macias da Pirelli era muito razoável, conseguindo fazer a corrida com as duas mais rápidas. Menos oportunidades, portanto, para jogar com a estratégia… As simulações que foram divulgadas mostravam que os Ferrari faziam mais voltas com os ultramacios, mas a um ritmo mais lento que os Mercedes…

ESTREANTES – Serão dois, «quase» três, pois Vandoorne só tem um Grande Prémio e nunca correu na Austrália… Giovinazzi pouco rodou em Albert Park mas impressionou no pouco que fez com o Sauber. Stroll vai largar do final da grelha por ter trocado a caixa do seu Williams e está sob grande pressão que terá de controlar com os seus 18 anos. Mas será curioso ver como cada um vai lidar com a pressão desta primeira corrida nestes carros tão exigentes.

FÍSICO – Romain Grosjean estava entusiasmadíssimo com os carros de 2017, em que os pilotos já «encaixaram» acelerações laterais de 8 G! «São brutais de guiar e muito divertidos. Mas são muito duros para o corpo e para a mecânica. A velocidade em curva é de doidos, comparada com o ano passado e, aí, o corpo sofre bastante!». O problema é como irão os pilotos aguentar os mais de 300 km seguidos, em ritmo de competição e sob uma temperatura que deverá rondas os 26 ºC. Teremos, na fase final da prova, alguns erros de pilotagem por falhas de concentração devido à fadiga? Amanhã teremos o primeiro grande teste ao físico dos pilotos!

Estes são apenas alguns pontos a ter em atenção. No geral, é uma nova era que começa e será sempre cedo demais para tirar conclusões, aconteça o que acontecer. Os regulamentos são novos, os carros são novos e tudo irá evoluir ao longo deste ano que as equipas encaram todas como uma época de desenvolvimento. Porque o G.P. da Austrália será, até certo ponto, um salto no desconhecido, a passagem para a prática do muito que foi estudado na teoria. E que nem sempre corresponde à realidade…

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