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Alain Prost em exclusivo ao F1Flash: «Renault tem de se focar em 2017»

Alain Prost defende que é tempo de a equipa Renault de Fórmula 1 deixar para segundo plano os esforços de desenvolvimento do RS16 e concentrar-se quase a tempo inteiro no carro para o próximo ano, em que a mudança de regras apresenta uma oportunidade única para apanhar as equipas da frente!

O tetracampeão do Mundo de Fórmula 1 é, há alguns anos, embaixador da Renault Sport tanto para a Fórmula 1 como, mais recentemente, também para a Fórmula E. Tendo passado por Lisboa, numa acção promocional da marca francesa, concedeu uma entrevista exclusiva ao F1Flash, enquanto site dedicado à Fórmula 1, e começou por justificar por que acha que deveria a Renault «mudar a agulha» para 2017:

«Entre o mês de Junho e Julho teremos de concentrar todos os esforços na próxima temporada. Trata-se de um novo regulamento e muito diferente, no plano aerodinâmico, em componentes mecânicos do automóvel, com pneus mais largos. Será, espero bem, uma boa hipótese para a Renault recomeçar uma nova era no plano técnico. A decisão tem de ser tomada rapidamente, penso que a direcção da equipa a tomará nas próximas».

P. – Tendo a compra da Lotus sido decidida tão tarde e o carro a não ser mais que a adaptação do chassis Lotus ao motor Renault, que poderemos esperar mais desta época?

R. – É um ano muito complicado, o que não é surpresa. Por ser o primeiro ano da equipa Renault, por a decisão ter sido tomada tardiamente e por, nos últimos dois anos, ter havido pouco investimento na equipa Lotus para o futuro. Foi preciso reconstruir uma equipa, quando as principais equipas estão num nível de maturidade muito grande. E se nos concentrarmos em 2017, como espero, isso irá complicar ainda mais a ‘performance’ deste carro. Por isso, não haverá muito a esperar este ano, talvez chegar aos pontos nalgumas corridas …

P. – Na «silly season» fala-se em nomes experientes para a equipa, mas Frederic Vasseur já afirmou preferir a aposta na juventude, procurando o campeão de 2020. Qual a sua opinião? Será que um piloto experiente não aceleraria a evolução da equipa?

R. – Essa decisão não me cabe a mim, mas é verdade que é uma situação complicada. À partida, queremos sempre ter um grande piloto, com experiência. Mas, se calhar, isso não faria grande diferença nesta altura. Por isso, parece que a vontade da equipa Renault é apostar em dois jovens pilotos e potenciais campeões em quatro ou cinco anos. É uma boa estratégia e, depois, é sempre possível misturar a juventude com a experiência… Mas a parte dos pilotos é gerida em paralelo pelo ‘Fred’ Vasseur, pelo Cyril Abiteboul e Jérôme Stoll que, claro, é o patrão.

P. – Há um calendário definido para atingirem objectivos? O presidente da Renault, Carlos Ghosn, parece ter sido claro…

R. – Sim, ele falou em três anos para os pódios e cinco anos para as vitórias. Penso que pode ser realista, mas não deixa de ser complicado. É bom que haja um objectivo para a equipa, para que todos estejam motivados para serem bem-sucedidos na F1. Não se deve é colocar esses objectivos muito altos e demasiado cedo, porque a decepção nunca é boa para a motivação das pessoas. Mas é um objectivo realista e pode sempre ser ajustado… A competição é incrível e as grandes equipas como a Ferrari, Mercedes, Red Bull e talvez até a McLaren, no futuro, serão difíceis de bater. Mas é nesse grupo que temos de estar!

P. – A nova evolução do motor Renault tem sido muito elogiada pelos pilotos. Como foi possível avançar tanto tendo gasto apenas três fichas de desenvolvimento?...

R. – Penso que terá sido mais do que isso... Porque foi, acima de tudo, um trabalho de longo prazo, desde o ano passado. Mais do que pequenas melhorias com pequenos avanços, a equipa Renault, em Viry-Châtillon preferiu dar um grande salto este ano. Mas foi, de facto, uma evolução que foi para lá do esperado… Ganhar quatro a cinco décimos num circuito como Barcelona é excepcional e prova que a equipa Renault de F1 sempre fez bons motores. O que se passou antes foram dois anos complicados porque, se calhar, não havia um projecto consistente por também não haver a certeza se a marca iria continuar ou não na F1…

P. – Este novo acordo com a Red Bull e a Toro Rosso pode dar à Renault sucessos a curto prazo mas, depois, serão mais dois adversários quando a equipa quiser lutar pelas vitórias…

R. – É verdade, temos de aceitar que será mais um concorrente mas será, neste caso, um concorrente-aliado… Penso que dar o motor a uma equipa competitiva fará com que ele progrida mais rapidamente, pois identificamos logo onde estão os problemas. Já foi muito positivo no Mónaco e, claro, em Barcelona para a Red Bull. Mas, mesmo para a Renault F1, a evolução do motor dá outra motivação à equipa. Porque todos os elementos sabem que fizeram um bom trabalho no motor e, agora, há que se concentrar mais na parte do chassis. Porque não há nenhuma guerra entre o lado do chassis e o do motor, sabemos exactamente onde devemos concentrar os nossos esforços!

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