Fernando Alonso reconheceu que, embora esteja sinceramente entusiasmado com o desafio da Mclaren/Honda, começa a sentir algum apelo por outras disciplinas do desporto automóvel. Recorde-se, aliás, que só por impedimento imposto pela McLaren é que o espanhol não se estreou este ano nas 24 Horas de Le Mans com a Porsche… que viria a vencer com o seu «colega de F1», Nico Hulkenberg.
«Adoro o desporto automóvel, todas as suas categorias e é verdade que a F1 já não é bem a mesma [de quando começou, em 2001] ou tão excitante como no passado, pelo menos para mim, guiar carros que são apenas dois ou três segundos mais rápidos que os GP2», comentou Alonso. «Para já, a motivação é enorme pelo fantástico projecto em que estou envolvido com a McLaren/Honda. O meu primeiro kart era uma réplica de um McLaren/Honda e agora tenho um McLaren/Honda verdadeiro e estou a adorar esta aventura de iniciar do zero o processo de tornar um carro competitivo».
Mas é exactamente nesse processo que Alonso põe o dedo na ferida do estado actual da Fórmula 1: «Antes era mais divertido, mas não acho que seja porque agora temos mais sensores e informação. Antes tínhamos maior liberdade em termos de testes e de evolução do carro no geral. Víamos que o carro não era competitivo no primeiro quarto da época e ainda podíamos arranjar algumas soluções para acabar bem o ano. Agora, sabemos que a Mercedes vai ganhar até ao fim do ano e que a Manor vai ser última até ao fim do ano, com mais ou menos sensores, com mais ou menos informações do piloto».
E o espanhol explica o seu ponto de vista de forma ainda mais clara, culpando a falta de testes pela impossibilidade de alterar o «status quo» ao longo do ano: «Não tem a ver com a quantidade de informação de que dispomos. A verdade é que ficamos de mãos atadas para toda a época assim que pomos o carro na pista, seja em Jerez ou Barcelona, para o primeiro teste. É como atirar uma moeda ao ar, se o carro for competitivo teremos um ano bom, se não for teremos um mau ano».
Daí que Alonso acabe por, mantendo o seu amor pela Fórmula 1, abrir a porta a experiências noutras disciplinas: «Mas sem testes, com estes pneus, com todas estas limitações e o calendário do próximo ano, não nego que me sinto tentado a experimentar outros campeonatos».