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Divisão geracional quanto ao Halo, os pilotos mais experientes apoiam!

À partida, a FIA decidiu e está decidida a adopção do Halo nos carros de 2018, por muito que a opinião pública vocifere contra a medida, por muito que vários dos envolvidos na F1 a critiquem… Inclusive a federação já avançou com alterações regulamentares – peso mínimo dos carros sobe de 728 para 733 kg, tempo mínimo para o piloto sair sozinho do «cockpit» passa de 5 para 8 s – a contar com a montagem da nova estrutura nos carros do próximo ano.

Para mais, a FIA acredita que os Halos que aparecerão em 2018 serão esteticamente muito mais atraentes que os exemplares «rústicos» vistos nos testes feitos no ano passado. «As equipas terão de usar a estrutura básica que é igual para todas mas, depois, têm a liberdade de usar componentes não estruturais na parte superior que podem ir até 20 mm da estrutura, o que é muito. Poderão fazê-lo como quiserem para resolverem problemas aerodinâmicos que o Halo lhes coloque, para canalizarem o ar. Mas isso resultará em estruturas visualmente mais agradáveis». Charlie Whiting, director de prova da F1, só podia mostrar-se optimista…

Já muitos dos pilotos ouvidos à chegada ao Hungaroring mostraram a sua tristeza com a decisão da FIA, apesar da primeira reacção da sua associação (GPDA), pela voz do seu presidente, Alex Wurz, até ter sido de aplauso. Contrastando bem com a do mais recente director eleito para a GPDA, Romain Grosjean… «O seu anúncio foi um dia triste para a F1, continuo a ser contra, acho que não tem lugar na F1. Admiro e agradeço o trabalho feito pela FIA em prol da nossa segurança, mas este sistema tem ainda muitas coisas que não foram bem estudadas, a visibilidade para os semáforos de partida, nunca ninguém experimentou isso, também para as bandeiras dos comissários…».

O seu colega de equipa, Kevin Magnussen, foi particularmente violento: «O Halo tira muita da paixão que a F1 tenta recuperar. Quando se olha para o carro é feio e não é suposto os F1 serem feios… Tudo tem a ver com paixão e se parece uma m… é porque é uma m…!». Jolyon Palmer pôs, de certa forma, o dedo na ferida ao antecipar que estamos a assistir ao «fim da F1 com a conhecemos, com um habitáculo aberto», acrescentando: «Parece-me uma reacção excessiva a problemas que ocorreram noutros campeonatos. Desde 1994 tivemos uma morte na F1, o que é trágico, mas não teria sido o Halo a evitá-la».

Também Max Verstappen se disse contra o Halo e explicou: «Não gosto mas, obviamente, teremos de respeitar a decisão da FIA. Mas desde que foi introduzido do Safety Car Virtual quase que se acabou com o risco de andar demasiado depressa em situação de bandeiras amarelas. Os cabos que prendem as rodas são tão fortes que é muito difícil ter uma roda a voar e, se houver destroços no ar, não é aquilo que nos vai proteger. Portanto, não vejo a sua necessidade…».

Mas entre os pilotos não há só vozes contra e, mesmo não se mostrando um defensor acérrimo, Lewis Hamilton assume que a decisão da FIA lhe agradou: «A cabeça é uma das partes mais preciosas do nosso corpo e é aquela que temos mais exposta! É verdade que aquilo não é bonito, o peso dos carros também irá aumentar, o que ainda dificultará mais as travagens, com estes travões pequenos que usamos. Mas penso que estamos a avançar na direcção de um ‘cockpit’ fechado, já vi alguns desenhos fantásticos na Net… Quando pensamos no que pode suceder com os pilotos a serem atingidos na cabeça, não faz sentido estarmos tão vulneráveis. A F1 tem de dar um passo em frente, mas depois tem de passar às categorias mais baixas, pois os miúdos também têm de ser protegidos».

Por fim, o mais fervoroso adepto e apoiante da decisão da FIA é Sebastian Vettel. Basta ler as suas palavras, embora talvez fosse desnecessário ir recuperar a morte de Justin Wilson numa prova de Indycars que foi, afinal, o que espoletou todo este processo… «Nem devia haver qualquer dúvida sobre se deveríamos adoptar este dispositivo. Tê-lo com ele está agora com a capacidade de protecção que nos oferece… Deviam tê-lo oferecido ao Justin Wilson há algum tempo, certamente que o aceitaria! Infelizmente não podemos andar com o relógio para trás mas, sabendo que há algo que nos pode salvar em certas situações, seria ignorante e estúpido recusá-lo».

A seu lado estão também Fernando Alonso – «sou a favor e positivo em relação ao Halo, se mais protecção sobre as nossas cabeças pode salvar vidas, vale a pena usá-la» –, Daniel Ricciardo – «o perigo é o que dá emoção a este desporto, mas a minha ideia de perigo é levar o carro aos limites e bater em quase todas as curvas de um circuito, não é levar com uma roda na cabeça…» – e, claro, o seu colega de equipa, Kimi Raikkonen: «É um sistema puramente pela segurança, portanto é algo bom. Não incomoda nada em termos de pilotagem, quem escreveu que complicava a visão e todo esse ‘nonsense’ nunca guiou um F1. Se com o Halo pudermos evitar um acidente grave, vale a pena pagar esse preço».

Há, aparentemente, um problema geracional, com os pilotos mais experientes todos a favor da adopção do Halo, enquanto os mais jovens se mostram totalmente contra o dispositivo imposto pela FIA para 2018… Uma divisão curiosa. O que não há, definitivamente, é unanimidade entre os pilotos!

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