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G.P. de Singapura – Vettel com meia-vitória e liderança do Mundial na mão

Uma tremenda sessão de qualificação deu a 49.ª «pole position» a Sebastian Vettel (Ferrari) e uma posição privilegiada para vencer, amanhã, o G.P. de Singapura e recuperar o comando do Mundial de Fórmula 1. Até porque a Mercedes confirmou a sua «alergia» à pista de Marina Bay, sendo até batida pelos dois Red Bull e Raikkonen. Hamilton arrisca-se a perder muitos pontos na corrida de amanhã…

Foi com uma volta soberba que até incluiu uma forte raspadela num muro que Vettel bateu os dois Red Bull que tinham dominado todos os treinos e até a qualificação até ao decisivo Q3. «Obrigado rapazes, que grande trabalho, fantástico!!», gritava o alemão pelo rádio. Comemorava como se fosse uma vitória? Talvez, a verdade é que nunca perdeu uma corrida em Singapura sempre que largou da «pole position»… Aliás, o homem da «pole» venceu sete das nove corridas já realizadas no traçado citadino de Marina Bay.

Antes da história de uma qualificação em que a luta entre Vettel, Verstappen e Ricciardo foi soberba, temos de realçar, uma vez mais, a qualidade fabulosa dos carros deste ano, fruto dos novos regulamentos. Numa pista onde o apoio aerodinâmico que torna estes carros tão mais eficazes e rápidos nas curvas rápidas nem é importante – embora os pneus mais largos e a maior capacidade de tracção sejam –, a «pole» de 2016 foi batida por 3,1 s! Estes são os monolugares mais velozes que a F1 já conheceu até hoje e a forma como transformam antigas curvas em autênticas rectas chega a ser arrepiante!

Não apreciar o que estes carros conseguem fazer e continuar a «carpir mágoas» pela falta do ruído dos motores é… passar ao lado de um espectáculo fabuloso. Proporcionado, reforce-se, pelos pilotos actuais, por muitos tidos como de inferior categoria, quando guiam os mais rápidos automóveis do Mundo em pista sem as ajudas electrónicas (controlo de tracção, ABS, suspensões activas, etc.) de que muitos ícones deste desporto, justamente colocados no panteão da fama, beneficiaram. Mas sigamos para a qualificação de hoje…

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Por alguma coisa a F1 não aprecia muito que haja provas de suporte entre os seus treinos e hoje tivemos um bom exemplo disso: na prova da Porsche Supercup realizada entre o treino livre e a qualificação, um carro pegou fogo mas o piloto ainda seguiu durante algum tempo, espalhando óleo por uma parte significativa da pista que se apresentou muito escorregadia no início do Q1. Levando a diversos toques no muro da saída da curva 20, um dos quais um pouco mais violento afectou a suspensão traseira do Williams de Massa que, apesar de uma tentativa final, não escapou à eliminação, bem como o seu colega de equipa Lance Stroll, os dois Sauber e o Haas de Magnussen.

Nos três últimos minutos, a pista evoluiu de forma notável, ao ponto de Alonso, Sainz e Vandoorne ficarem com os 3.º a 5.º tempos, na fuga à eliminação! Na frente, os dois Red Bull pareciam ter tudo sob controlo, com Verstappen a bater Ricciardo por 0,05 s, com Hamilton a quatro décimos e os Ferrari relativamente longe, mas sem se perceber se estavam só a esconder jogo ou se estavam mesmo em dificuldades…

O Q2 esclareceria melhor a verdadeira relação de forças, já não haveria que esconder jogo, pois só os melhores dez passariam ao Q3. E os Mercedes começaram a ver a vida a complicar-se, com a pista já em condições, os Red Bull e Vettel entraram pelo segundo «40» dentro, batendo o recorde da pista e ficando os três bem chegados, mas Hamilton e Bottas não conseguiam fazer jogo igual… A segunda tentativa era inevitável e… juntou tudo ainda mais com o «aparecimento» de Raikkonen que bateu Vettel por 4 milésimos!

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Verstappen voltou a ser 5 centésimos mais rápido que ricciardo e Hamilton melhorou ao ponto de os cinco primeiros ficarem separados por 0,245 s! O Q3 tinha tudo para ser espantoso! Os dois Force India, Grosjean (Haas), Kvyat (ToroRosso) e Palmer (Renault), mais uma vez 11.º, foram os que ficaram de fora do Q3. Onde entraram os dois McLaren e com Vandoorne, na sua estreia em Singapura, a ser mais rápido que Alonso!

Mas era dos minutos de todas as decisões que todos esperavam e chegara a altura de os Mercedes puxarem ao máximo pelos seus motores, mesmo se na pista de Marina Bay essa não é uma vantagem decisiva. E viu-se… Percebeu-se que a Ferrari e Vettel tinham andado a esconder jogo e que também têm mais cavalos para libertar na altura certa, batendo os dois Red Bull na primeira tentativa, quando se entrou, pela primeira vez, pelo segundo «39» dentro, algo de inacreditável! Hamilton perdia muito tempo no último sector e ficava a meio segundo, o alarme soava na Mercedes.

Nas segundas tentativas, só Vettel, Ricciardo, Hamilton e Bottas melhoraram os seus tempos mas não as posições. O alemão estabeleceu o novo recorde da pista com uma volta fabulosa, mesmo com um forte raspão num dos muros, garantindo a terceira «pole» do ano. «Nem sei onde fomos buscar esta velocidade, ainda no treino livre o carro estava difícil, mas foi progredindo e conseguimos esta ‘pole’… Bem, tenho de me acalmar, ainda estou cheio de adrenalina!», dizia, enquanto mostrava a jante traseira-esquerda toda raspada! «Sabia que tínhamos hipóteses, mas era uma questão de conseguir a volta completa». E lá foi espreitar os Red Bull que têm uns novos deflectores laterais, para voltar rapidamente ao microfone: «Aquilo é nosso! Já viram? São iguais! Olhem para o nosso carro! Não estou a dizer que copiaram e que são iguais, mas é muito parecido…», exclamava com um ar atrevido.

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A seu lado, os «Red Bull boys» mostravam-se algo desiludidos, depois de terem sido os mais rápidos em todas as sessões de treino… Mas o motor Renault não tem modos especiais de qualificação… «Foi pena não conseguirmos a ‘pole’, a última volta não me correu bem. E na corrida vai ser difícil passá-lo, terei de ver se consigo no arranque», comentou Verstappen, enquanto Ricciardo dizia-se «invejoso»: «Tenho de aceitar a derrota, mas amanhã ainda penso na vitória, acho que temos um bom ritmo de corrida». Já Christian Horner deixou uma pista no ar quanto à agressividade prevista para o arranque: «Se conseguirmos bons arranques amanhã, o ‘Seb’ tem um campeonato em que pensar…». Ui!...

O cenário, embora não seja inesperado, é o pior que a Mercedes podia desejar: não só os seus pilotos foram claramente batidos pelos Ferrari como Hamilton está agora separado da luta com Vettel pelo dois Red Bull. Seis décimos a separar os dois contendores pelo título mostram como a Mercedes se dá tão mal com a pista de Singapura. «Sabíamos quando viemos para aqui que iria ser difícil, tem sido assim nos outros anos . Mas tirei tudo o que podia do carro… A corrida? Esta é uma pista terrível para ultrapassar, vai ser um longo comboio, acho que só pela estratégia conseguiremos melhorar alguma coisa, vai ser um jogo bem longo! Só espero que esta seja mesmo a pior pista do que nos falta até final». Prevê-se, pois, em condições normais, nova reviravolta no comando do Mundial de Pilotos…

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Bottas não só não conseguiu andar ao ritmo de Hamilton, como ia sendo ameaçado por Nico Hulkenberg, a mostrar os avanços do Renault em pistas que exijam algum (ou muito) apoio aerodinâmico. «Se estou contente com o 7.º? Claro, isto é a ‘pole position’ atrás dos ‘top team’!», dizia o alemão que bateu um combativo Fernando Alonso por 0,16 s. «Sabíamos que este circuito seria bom para o nosso carro, a primeira parte do trabalho está feita, amanhã teremos de o concluir», comentou o espanhol, satisfeito por ver os dois McLaren no «top ten» que, para mais, fechou com o seu compatriota e amigo Carlos Sainz (Toro Rosso). Tempos da qualificação:

PosPilotoEquipaQ1Q2Q3
1 Sebastian Vettel Ferrari 1:43.336s 1:40.529s 1:39.491s
2 Max Verstappen Red Bull 1:42.010s 1:40.332s 1:39.814s
3 Daniel Ricciardo Red Bull 1:42.063s 1:40.385s 1:39.840s
4 Kimi Räikkönen Ferrari 1:43.328s 1:40.525s 1:40.069s
5 Lewis Hamilton Mercedes 1:42.455s 1:40.577s 1:40.126s
6 Valtteri Bottas Mercedes 1:43.137s 1:41.409s 1:40.810s
7 Nico Hülkenberg Renault 1:42.586s 1:41.277s 1:41.013s
8 Fernando Alonso McLaren 1:42.086s 1:41.442s 1:41.179s
9 Stoffel Vandoorne McLaren 1:42.222s 1:41.227s 1:41.398s
10 Carlos Sainz Toro Rosso 1:42.176s 1:41.826s 1:42.056s
11 Jolyon Palmer Renault 1:42.472s 1:42.107s
12 Sergio Pérez Force India 1:43.594s 1:42.246s
13 Daniil Kvyat Toro Rosso 1:42.544s 1:42.338s
14 Esteban Ocon Force India 1:43.626s 1:42.760s
15 Romain Grosjean Haas 1:43.627s 1:43.883s
16 Kevin Magnussen Haas 1:43.756s
17 Felipe Massa Williams 1:44.014s
18 Lance Stroll Williams 1:44.728s
19 Pascal Wehrlein Sauber 1:45.059s
20 Marcus Ericsson Sauber 1:45.570s

Hoje foi apenas o primeiro acto mas que pouco tem de decisivo, a não ser o facto de dar uma forte pista para o que poderá suceder amanhã: nos últimos dois anos, quem se qualificou em 1.º, 2.º e 3.º terminou precisamente nessas posições! A corrida arrancará às 13 horas de Portugal Continental e Madeira, para as 61 voltas ao traçado citado com 5,065 km de perímetro, sob os 1600 fortes projectores que iluminam o traçado de Marina Bay.

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