G.P. da Áustria – Grande vitória de Bottas num final de emoções!

Valtteri Bottas conseguiu a segunda vitória da sua carreira e em nove corridas que fez com a Mercedes, ao terminar na frente um emotivo duelo final com Sebastian Vettel, no G.P. da Áustria. Foi a forma do finlandês de ajudar Lewis Hamilton na luta pelo título, tirando pontos ao alemão, limitando os danos para o britânico que ainda subiu até 4.º, estando agora a 20 pontos de Vettel no Mundial de Pilotos.

Uma corrida relativamente morna durante quase todo o tempo tornou-se verdadeiramente escaldante ao cair do pano, quando Vettel foi «com tudo» para cima de um Bottas a debater-se com problemas de pneus no Mercedes, enquanto Hamilton «espremia» tudo o que o seu carro ainda tinha para tentar roubar o último lugar no pódio a Daniel Ricciardo. A prova de que, este ano, as corridas acabam sempre por proporcionar grandes espectáculos, mesmo que seja só em partes… É verdade que o G.P. da Áustria não teve o grau de emoção da louca corrida do Azerbaijão, mas o «suspense» que se criou no final premiou quem acompanhou a prova até ao seu desenlace!

Com duas vitórias em nove corridas, Bottas até entrou na corrida pelo título, afinal está apenas a 15 pontos de Hamilton e a 35 de Vettel. Mais que isso, está a retirar argumentos a quem discute quem estará ao lado de Hamilton na Mercedes em 2018… Começa a ser óbvio, em especial ao ver a forma firme e tranquila como se defendeu de Vettel com um carro em dificuldades e pelos elogios que a sua equipa lhe dedica…

Bottas fez um arranque «relâmpago» que terá deixado dúvidas a todos os que o viram… Não só na televisão mas aos que estavam logo atrás, com Vettel e Ricciardo a queixarem-se de que o finlandês teria «queimado» a partida. Os comissários investigaram o arranque de Bottas e os primeiros dados comparativos com Vettel eram interessantes: o tempo de reacção do finlandês tinha sido de 0,201 s, face aos 0,367 s do alemão, tendo chegado aos 200 km/h em 4,6 s, contra os 4,7 s do Ferrari! Números que satisfizeram os comissários que consideraram uma reacção humana, ou seja, que não houve antecipação da partida.

Verstappen teve um péssimo arranque – «tive uma falha na embraiagem, o carro parou e depois, na subida para a curva 1, já não o sentia muito bem» – e caiu para o meio do pelotão . Onde se criou a «tempestade perfeita» com uma mistura de bons e maus arranques que originaram um «bolo» na primeira curva a eliminarem Verstappen e Alonso e a penalizar Kvyat por ter causado a colisão…

Hamilton fez um bom arranque, ganhou o lugar de Verstappen e ainda chegou a estar à frente de Perez, mas perderia esse posto. Partiria de imediato ao ataque, passando o Force India à 6.ª volta e o Haas de Grosjean à 8.ª volta, embora se mostrasse compreensivelmente impaciente, com alguns exageros na condução que o levaram a queixas prematuras de problemas nos pneus traseiros… E que o levou a uma paragem prematura, antes até dos pilotos que tinham pneus ultramacios, o que o deixava numa posição delicada para ir até final com as borrachas púrpura…

Na frente, Bottas abria um confortável avanço sobre Vettel, com Ricciardo a fazer uma corrida solitária, mas também a ter de antecipar a sua paragem para manter o 3.º lugar por curta distância, face ao ataque de Hamilton. Raikkonen ficara para trás, pois a Ferrari tinha outra missão para si… Bottas conseguiu a proeza de fazer os seus ultramacios já usados durarem 41 voltas (Hamilton nem andou lá perto com supermacios novos!) e, quando saiu da «box», tinha o finlandês à sua frente a tentar atrasá-lo para que Vettel lhe ganhasse tempo.

Sol de pouca dura, a diferença de andamentos era enorme e Bottas recuperou facilmente o comando, embora com Vettel a atacar e a ganhar-lhe tempo. O final da corrida prometia, enquanto Hamilton, mesmo com os pneus aparentemente em mau estado, conseguia chegar-se a Ricciardo e já sonhava com o último lugar do pódio.

As últimas voltas salvaram, no fundo, uma corrida que tinha sido pouco emotiva, com Vettel a atacar a liderança de Bottas e a fazer tudo para lhe roubar a vitória, aproveitando-se da degradação elevada dos pneus do Mercedes, enquanto Hamilton fazia o mesmo a Ricciardo, todos já na zona do DRS! Hamilton chegou a estar lado-a-lado com Ricciardo, mas o australiano em corrida é tremendo e defendeu bem o seu… 5.º pódio consecutivo! Bottas, por seu turno, nem chegou a ser atacado num final de corrida a… «300%» com Vettel a persegui-lo de forma feroz, mas decidido a agarrar a sua segunda vitória.

E foi assim que ajudou Hamilton, roubando 7 pontos ao alemão da Ferrari… «No final tive um ‘déjà vu’ do que se passou na Rússia… Na fase final tinha bolhas no pneu traseiro-esquerdo e alguns retardatários não me facilitaram a vida, mas lá consegui agarrar a vitória», referiu o finlandês que, confessando estar «a adorar cada momento» e que tinha feito o arranque da sua vida, não se quis adiantar muito quanto a ter entrado na corrida ao título: «Ainda nem estamos a meio da época, temos um longo ano pela frente e ainda estamos a evoluir como equipa».

A seu lado, no pódio, Vettel sorria enquanto dizia: «Como se pode estar satisfeito quando se fica a meio segundo do vencedor?!». O alemão insistia que Bottas tinha «queimado» a partida («perguntem ao Daniel») e achava que tinha passado muito perto da vitória: «Foi por muito pouco… Na primeira parte lutei muito com o carro e só quando montei os pneus supermacios voltou a ficar competitivo e consegui recuperar tempo. Mais uma volta e tinha conseguido porque o Valtteri estava em grandes dificuldades com os pneus…».

A correr em casa (da sua equipa), Ricciardo obteve o 5.º pódio consecutivo travando «in extremis» um Hamilton ao ataque. «Há um ano o Max tinha subido a este pódio e fiquei um bocado invejoso… Foi uma corrida divertida, com momentos decisivos, tanto na partida, como no final, a defender-me do Lewis. Quando ele me atacou com o DRS nem ia travar… Mas acho que foi uma luta limpa».

Apesar de ter subido de 8.º até 4.º, Hamilton mostrava-se um bocado em baixo, aliás como esteve todo o fim-de-semana em que não se mostrou à altura daquele piloto que sempre usou as adversidades – episódio de Baku mais a penalização pela troca da caixa – como um «alimento» para uma motivação extra. «Não sei se teria conseguido…», respondeu quando lhe perguntaram se teria chegado ao pódio se a corrida tivesse mais uma ou duas voltas. «Fiz o que podia fazer, foi um fim-de-semana difícil. Agora quero repousar porque vem aí a minha prova, frente às minhas gentes, onde quero dar tudo», disse, antecipando a prova de Silverstone.

Se a presença dos dois Force India nos pontos já começa a ser uma… não-notícia – embora o trabalho da equipa de Silverstone continue a merecer os maiores elogios! –, o grande destaque no segundo pelotão tem hoje de ir para a magnífica corrida de Romain Grosjean que colocou o Haas na 6.ª posição! A equipa norte-americana continua pouco consistente, tão depressa se vê aflita para passar ao Q2 como, depois, nos brinda com actuações destas… Mas é preciso não esquecer que está no seu segundo ano e, à nona corrida, já tem tantos pontos como os que marcou na primeira temporada.

Uma palavra final para a Williams que transformou a pior qualificação desde 2013 (nenhum passou do Q1) em dois lugares nos pontos… As boas partidas de Massa e Stroll, a escaparem à confusão da primeira curva e a fazerem corridas sólidas, levaram-nos aos 9.º e 10.º lugar, respectivamente, algo em que nem eles acreditariam na tarde de sábado! Classificação:

O Mundial de F1 não pára e o G.P. da Grã-Bretanha realiza-se já no próximo fim-de-semana. Em Silverstone, Lewis Hamilton costuma superar-se, tendo uma grande oportunidade para recuperar pontos a Sebastian Vettel e relançar o Mundial. Faltam duas corridas antes da pausa de Verão e o piloto da Mercedes tem estado a deixar, aos poucos, o alemão da Ferrari aumentar a sua vantagem. Hoje tem de agradecer a Bottas a diferença não ter ultrapassado a barreira psicológica dos 25 pontos, o valor de uma vitória…