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G.P. de Itália – Da chuvada de Monza, Hamilton é novo recordista de «poles»

Foi preciso esperar longas horas para que a qualificação do G.P. de Itália arrancasse mas, ao menos, quando avançou ofereceu-nos um espectáculo de perícia de condução sob uma pista em condições precárias que deverá tirar todas as dúvidas quanto às qualidades dos pilotos actuais, em especial de alguns dos mais jovens! Perante uma Ferrari totalmente impotente para enfrentar as condições, Lewis Hamilton excedeu-se e levou o Mercedes a uma «pole» que o deixa isolado no topo da lista de todos os recordes, com 69!

«Nem acredito, conseguir a 69.ª logo num circuito histórico como este! Vou ter uma bela ‘pasta’ ao jantar para celebrar!», dizia um eufórico Hamilton que amanhã terá a seu lado, na grelha de partida, um tal… Lance Stroll. Exactamente, aquele jovem que só está na F1 porque o pai é rico e talento não tem nenhum?! Na sua primeira qualificação em piso molhado, o canadiano fez o 4.º tempo e tira partido das penalizações dos dois Red Bull para se tornar o mais jovem piloto de sempre a largar da primeira linha para um Grande Prémio!

Mas houve um elemento frustrante neste dia… Desde Julho que não chovia por aquelas paragens e tinha logo de ser no dia em que os F1 de 2017 se aprestavam para colocar em causa o recorde da volta mais rápida de sempre a uma pista que vem ainda de 2004, quando Juan-Pablo Montoya percorreu Monza à média de 262 km/h… A tentativa ficou adiada por um ano, lamentável…

A sessão começou com imensa água no asfalto, mais do que no terceiro treino livre porque a chuva não parara de cair. E acumulava-se, em especial, na recta da meta que foi reasfaltada e, apesar de estar muito mais lisa, não escoa muito bem a água, criando diversas poças. Os pilotos preocupavam-se em seguir os «trilhos» abertos pelos pneus dos carros que seguiam à frente, apesar da visibilidade ser péssima. Hamilton fez uma volta soberba, 2,266 s mais rápido que Vettel até que a sessão teve de ser parada…

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Grosjean tinha feito o terceiro tempo e seguia pela recta quando o Haas saiu ligeiramente do «trilho» a… 318 km/h e ficou totalmente descontrolado. Há ainda o factor dos pneus mais largos deste ano serem mais susceptíveis ao fenómeno de «acquaplaning»… Mas o francês acabou por bater, felizmente num ângulo muito favorável, limitando os danos a asas e jantes. «Ia na recta e, de repente, estava de frente para o muro», contou Grosjean. «Acho que não havia condições para irmos para a pista, não se via 25 metros à frente e havia demasiada água... Mas tive sorte no ângulo em que bati e os danos do carro não são muito grandes».

A interrupção demorou cerca de duas horas e meia, em que a chuca parava e voltava a cair e o «safety car» reconhecia a pista por várias vezes. O problema era sempre a recta da meta que não escoava a água, mas a chuva lá aliviou, arranjaram-se alguns meios para afastar muita dessa água acumulada e o Q1 pôde regressar para os 13.30 m que faltavam… Se um Haas já estava de fora do Q2, o outro (Magnussen) também ficou e entre eles ficaram os outros eliminados, Palmer (Renault) e os dois Sauber.

Os Mercedes mostraram um potencial imenso, conseguindo confortável avanço sobre Vettel –Raikkonen esteve perdido e a sua equipa pode ter-lhe «oferecido» uma penalização com uma intempestiva saída de «box» em que ia acertando num Force India, por ter um travão a arder… –, mesmo quando o alemão arriscou em montar pneus intermédios. Conseguiu melhorar o tempo mas ficou a um segundo de Hamilton com pneus de chuva que seria, afinal, batido por Bottas… com os intermédios.

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No Q2 houve uma corrida rápida para a pista porque a chuva ameaçava reaparecer e Mercedes e Ferrari arriscaram ir para a pista com intermédios e tiveram de ter alguma paciência porque os pneus verdes demoraram algumas voltas a ficar em condições. Mas, depois, foi uma alteração de posições que prometia uma bela luta… até os Mercedes «desaparecerem», sem que Vettel ou Raikkonen conseguissem chegar sequer perto: segundo e meio de diferença!

Segunda parte da qualificação, segunda actuação brilhante de Lance Stroll, o miúdo a entrar em território desconhecido (qualificação em piso muito molhado) e sempre no «top 5» e a separar os dois Ferrari no Q2! Será que é desta que consegue convencer acerca do seu talento?... De fora ficaram os dois Toro Rosso, até ultrapassados por Alonso que só fez uma voltinha no fim… porque sim, pois com 35 lugares de penalização não estava ali a lutar por nada. Hulkenberg confirmou que a Renault não está à vontade em Monza e Perez foi «corrido» do Q3 mesmo no último segundo, devido a uma volta notável de Vandoorne (McLaren)!

O Q3 acabou por ser espectacular, com inúmeras alterações no comando mas sempre… com os Ferrari bem longe de qualquer discussão. Talvez os SF70H tivessem uma afinação demasiado radical para piso seco a pensar na corrida e a chuva forte que caiu no Q3 – no fundo, condições parecidas com as que levarem a adiar a qualificação por tanto tempo… – deixou-os totalmente «fora de jogo». Os Red Bull brilharam a altíssimo nível e só não conseguiram bater a última tentativa de Hamilton que os bateu por mais de 1,1 s e assim conseguiu a 69.ª «pole» e tornar-se o novo recordista.

Os rapazes da Red Bull estavam com um ar algo frustrado – Ricciardo com o visual «frustrado-sorridente»… – por os seus esforços de pouco valerem, pelas penalizações os atirarem para o fundo da grelha. Mas fizeram uma bela qualificação de… orgulho, mostrando o seu verdadeiro potencial. «Foi uma qualificação difícil, com a pista sempre muito escorregadia, mas arrefeci os pneus e consegui com isso uma última volta fantástica», contou o holandês. «Foi bem divertido, no Q1 e Q2 até lutei bastante com o carro mas, no Q3, senti-o bem equilibrado e pude atacar. E foi bom fazermos isto hoje pelos fãs que esperaram tantas horas debaixo de chuva», disse o australiano.

Mas, além de Hamilton, o grande herói do dia foi Lance Stroll, a fazer o 4.º tempo na sua estreia com um F1 à chuva! «Nunca tinha guiado um F1 nestas condições mas foi bem divertido, alguns sustos aqui e ali, mas o carro sempre a portar-se bem. Basicamente, senti-me livre e sem pressão e consegui que todas as partes da volta se juntassem para atingir um bom tempo. Mas pensar num pódio na corrida, no seco, parece-me demasiado optimista…», comentou o canadiano a ter o seu melhor dia, depois do pódio em Baku!

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Com Verstappen a fazer o 2.º tempo e Strolll o 4.º, o valor dos novos talentos ficou completo com a 5.ª marca de Ocon e até a passagem ao Q3 de Vandoorne! O francês da Force India vai largar de 3.º e, depois de felicitar Stroll, explicou: «Sabia que hoje tinha uma oportunidade, cresci a correr com chuva e foi óptimo ver que também consigo fazer o trablho num F1. E a equipa bem o merece, depois dos últimos problemas que tivemos»

E, afinal, o que sucedeu com os Ferrari? Nenhuma explicação foi adiantada mas, pelo que foi dito, inclinamo-nos para a tal hipótese de uma afinação demasiado extrema para piso seco… Vettel comentou: «Não sei qual foi o problema, estou é surpreendido com a velocidade dos outros… Teremos de ver o que podemos fazer amanhã, mas temos um bom carro e não há que estar receosos. O carro é rápido, aqui consegue ultrapassar-se, portanto temos de manter a calma». Já Raikkonen foi, como sempre, mais curto: «Não sei o que se passou, não fomos suficientemente rápidos. Tive grandes problemas de tracção e os pneus não funcionavam».

A contabilidade das penalizações continuou a acumular «vítimas», com os dois pilotos da Renault a perderem lugares: 10 para Hulkenberg (MGU-H) e 15 para Palmer (MGU-H e turbo). O bizarro da situação é ter-se sabido apenas antes da qualificação, quando a equipa comunicou as trocas à FIA horas após… o G.P. da Bélgica! Mas nunca a equipa ou os pilotos falaram que teriam a corrida estragada, numa estranha estratégia de comunicação… Já temos, portanto, seis pilotos com penalizações, o que deixará a grelha algo diferente da ordem da tabela de tempos da qualificação que ficou assim:

Pos.PilotoEquipaQ1Q2Q3
01 Lewis Hamilton Mercedes 1:36.009 1:34.660 1:35.554
02 Max Verstappen Red Bull 1:37.344 1:36.113 1:36.702
03 Daniel Ricciardo Red Bull 1:38.304 1:37.313 1:36.841
04 Lance Stroll Williams 1:37.653 1:37.002 1:37.032
05 Esteban Ocon Force India 1:38.775 1:37.580 1:37.719
06 Valtteri Bottas Mercedes 1:35.716 1:35.396 1:37.833
07 Kimi Raikkonen Ferrari 1:38.235 1:37.031 1:37.987
08 Sebastian Vettel Ferrari 1:37.198 1:36.223 1:38.064
09 Felipe Massa Williams 1:38.338 1:37.456 1:38.251
10 Stoffel Vandoorne McLaren 1:38.767 1:37.471 1:39.157
11 Sergio Perez Force India 1:38.511 1:37.582
12 Nico Hulkenberg Renault 1:39.242 1:38.059
13 Fernando Alonso McLaren 1:39.134 1:38.202
14 Daniil Kvyat Toro Rosso 1:39.183 1:38.245
15 Carlos Sainz Toro Rosso 1:39.788 1:38.526
16 Kevin Magnussen Haas 1:40.489
17 Jolyon Palmer Renault 1:40.646
18 Marcus Ericsson Sauber 1:41.732
19 Pascal Wehrlein Sauber 1:41.875
20 Romain Grosjean Haas 1:43.355

Para a corrida que se prevê sem chuva, os carros estarão já afinados para piso seco (e esse foi um dos problemas na pista encharcada da qualificação de hoje…) e teremos uma prova, certamente, movimentada, com muitos carros a saírem lá de trás mas com ambições a ganharem muitas posições. E os Ferrari a quererem chegar rapidamente aos lugares da frente, a tempo de Vettel poder lutar com Hamilton... se Bottas não oferecer resistência! É às 13 horas de Portugal Continental e Madeira (menos uma nos Açores) que começarão as 53 voltas aos 5,793 km de Monza.

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