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G.P. de Itália – Passeio no parque dá liderança do Mundial a Hamilton!

Um autêntico passeio dominical pelo frondoso parque de Monza valeu a liderança isolada de Lewis Hamilton no Mundial de F1, o que acontece pela primeira vez este ano. Com a diferença que foi um passeio à média de… 243,6 km/h, na mais rápida corrida de F1 (1.15 h) desde que acabou a «guerra de pneus», em 2006! Mas Vettel e os Ferrari não estiveram à altura e, no G.P. de Itália, deixaram a Mercedes dar a volta ao campeonato…

A equipa alemã alargou para 62 pontos a vantagem no Mundial de Construtores, enquanto o facto de Hamilton estar agora 3 pontos à frente de Vettel – após a segunda vitória consecutiva, o que sucedeu a primeira vez este ano! – levou a um reparo curioso por parte de Niki Lauda: «O mais importante é que o Lewis está à frente por 3 pontos! Sabem porque falo nos 3 pontos? Budapeste!», referiu o presidente não executivo da Mercedes, recordando os três pontos de que o britânico abriu mão no Hungaroring, ao devolver o 3.º lugar a Bottas…

«Adoro esta pista, Itália e a paixão dos fãs, são fãs da Ferrari que respeito e aprecio. Mas fizemos um trabalho excepcional, tanto a equipa como o Valtteri», explicou Hamilton tentando sobrepor-se aos assobios dos milhares de «tifosi» que enchiam a recta da meta, após comemorar a sua 59.ª vitória. Mas não deixaria de provocar um brutal sobressalto: «Este fim-de-semana, o poder da Mercedes foi claramente superior ao da Ferrari!». Não sendo mentira, imagine-se a reacção que provocou!

O arranque foi bom para quase todos os homens da frente e Stroll largou tão bem que obrigou Hamilton a tapá-lo de imediato. Mas o canadiano foi demasiado cuidadoso na travagem para a primeira chicane, evitando qualquer problema com o líder da corrida e acabou passado por um agressivo Ocon. Bottas e Raikkonen voltaram a encontrar-se, chegando a bater rodas, com vantagem para o ferrarista que era o que a Scuderia precisava, pôr um carro seu à frente de Bottas… Mas logo se percebeu o que se iria passar, quando Bottas recuperou o seu lugar com toda a facilidade na primeira passagem pela recta da meta e passou logo de seguia Stroll e Ocon. Os Mercedes estavam noutra galáxia e Hamilton via Vettel em 7.º…

Raikkonen acabaria por ser passado por Vettel, queixando-se de problemas na traseira do carro. E prova de que algo não estaria bem é que Vettel passou rapidamente por Stroll e Ocon, enquanto o finlandês não conseguia desembaraçar-se dos dois jovens que batalhavam como… gente grande. Pelo meio, Verstappen fazia enormes progressos até tentar a ultrapassagem a Massa e tocar no flanco do Williams com a roda fente-direita, ficando com um furo que o atirou para o final do pelotão…

Raikkonen tentou parar primeiro para passar os «rapazes» à sua frente, mas um teimoso pneu frente-esquerdo demorou-o demasiado e frustrou as intenções quando a Ocon que parou logo a seguir. Mas sucedeu quanto a Stroll que, desta vez, não teve direito a uma daquelas paragens-relâmpago da Williams, por causa da roda traseira-esquerda. Entretanto, lá na frente, os pilotos da Mercedes diziam-se satisfeitos com os pneus, com um tom de voz de quem andava num passeio de domingo…

Vettel seguia-os mas já a 28 s de Hamilton quando parou para trocar de pneus. A Mercedes seguiu-o, nem facilitando na estratégia, montando os pneus macios para as últimas vinte voltas. Hoje, no parque de Monza, os Mercedes estiveram vários furos acima dos Ferrari, até os próprios elementos da Scuderia o reconhecerão. Preocupante é que se esperava que a diferença fosse bastante mais pequena e que colocasse pelo menos alguma pressão à equipa da estrela. Mais preocupante ainda é os Mercedes terem acabado mais de meio minuto à frente de Vettel… tendo usado um modo de poupança do motor desde o meio da corrida!

«A partida foi difícil porque a aderência era baixa, mas foi um dia perfeito» explicava Hamilton que só teve uma falha, com uma ligeira saída de pista na aceleração após a segunda chicane. «Tem tudo a ver com o trabalho de equipa e maximizar tudo o que o carro tem para dar. Hoje o carro estava um sonho! Foi muito especial aquela volta depois da bandeira de xadrez, com o Valtteri ao meu lado. Hoje ainda tínhamos muito tempo de reserva, eles não conseguiriam vir atrás de nós… ». Bottas que, depois de recuperar até 2.º, também fez uma corrida isolada, partilhava as opiniões do colega de equipa: «A partida foi complicada mas tive de recuperar os lugares, mas o carro estava tão forte hoje! Incrível como conseguimos este resultado perfeito, sem qualquer drama. Obrigado à equipa!».

Mesmo em 3.º, apesar da desilusão dos «tifosi» não verem uma vitória vermelha (a última foi em 2010 com Alonso), Vettel foi recebido no pódio como se fosse já campeão, é sempre assim em Monza. E fez questão de se exprimir em italiano começando com um «Grazie a tutti il tifosi!». «Vocês são o melhor público do Mundo, esta corrida foi difícil mas vamos lá chegar! No início a prova foi divertida, a partida foi má, deixei patinar as rodas e demorei algum tempo a ganhar confiança no carro. Hoje não tínhamos ritmo dos da frente, mas sabemos que temos um carro muito forte e que vamos estar na luta até ao final!», prometeu para o delírio dos milhares que, depois, esteve a filmar com uma das câmaras da FOM! «O pódio acaba por salvar este fim-de-semana… Gosto de Singapura e das pistas que aí vêm, ainda há muito par discutir».

Entretanto, já vos falámos de um tal Daniel Ricciardo? Aquele que, depois de saber que teria 25 lugares de penalização, disse que este fim-de-semana iria correr só pelos fãs e oferecer-lhes um bom espectáculo? Pois não só cumpriu o prometido como conseguiu uma recuperação e um resultado notáveis! Largou de 16.º (com aquelas confusões todas na grelha…), usando pneus macios e um carro que já se tinha mostrado extremamente rápido. E foi por ali acima, com uma exibição sólida, sem erros e sempre em ataque máximo! Quando trocou para os supermacios, com o carro já mais leve, ficou em 5.º e rapidamente chegou e passou Raikkonen.

Faltavam 12 voltas, Vettel e o pódio estavam a 11 s e a sua equipa desafiava-o para uma tarefa hercúlea! Mas o australiano avisara que vinha para se divertir e dar espectáculo para os fãs… mesmo que não fosse aquele a que a maioria quisesse assistir. A diferença diminuiu volta após volta mas, depois de tudo o que Ricciardo já conseguira, acabar a 4 s de Vettel já era uma vitória e justificação para ser o «piloto do dia»! «Estava a aproximar-me do pódio, a certa altura estava a recuperar rapidamente e cheguei a achar que dava mas, depois, já tinha os pneus demasiado usados e o ‘Seb’ fugiu um pouco», contou, prometendo: «Em Singapura poderemos surpreender».

Esta corrida valeu ainda pela… «guerra dos miúdos», sem desprimor para Esteban Ocon e Lance Stroll que fizeram uma prova exemplar e em ataque constante, sempre a pressionar-se mutuamente durante as 53 voltas da corrida! O Force India levou a melhor por ser um carro mais competitivo e por a Williams ter falhado onde é mais forte, na troca de pneus, onde Stroll perdeu 4,4 s… Mas Ocon dizia-se com sentimentos divididos: «Contente pelo 6.º lugar, mas ainda quero o meu pódio, por isso fico ainda com essa fome! Mas acho que era o máximo que podíamos fazer».

Já Lance Stroll tinha baixado de 2.º para 7.º mas mostrava-se felicíssimo com este fim-de-semana: «O ponto alto foi, claramente, a qualificação, em que mostrei o que conseguia fazer em condições tão difíceis. Hoje podia ter sido melhor, houve momentos em que não fui perfeito. Fiz uma boa partida, mas o Lewis bloqueou-me, tive de levantar pé e o Esteban passou. Foi uma pena o ‘pit stop’, não costuma ser assim, era a nossa oportunidade de o passar. Mas foi uma corrida fantástica e adorei cada momento! Estas oportunidades de estar lá na frente, sob pressão, são tudo situações que me fazem aprender e crescer». E acabou até com um duelo com Felipe Massa que até incluiu um bater de rodas! Classificação:

PosPilotoEquipaTempo/Dif.Box
1 Lewis Hamilton Mercedes

1.15.32,312 h

1
2 Valtteri Bottas Mercedes a 4,471 s 1
3 Sebastian Vettel Ferrari a 36,317 s 1
4 Daniel Ricciardo Red Bull a 40,335 s 1
5 Kimi Räikkönen Ferrari a 1.00,082 m 1
6 Esteban Ocon Force India a 1.11,528 m 1
7 Lance Stroll Williams a 1.14,156 m 1
8 Felipe Massa Williams a 1.14,834 m 1
9 Sergio Pérez Force India a 1.15,276 m 1
10 Max Verstappen Red Bull a 1 volta 2
11 Kevin Magnussen Haas a 1 volta 1
12 Daniil Kvyat Toro Rosso a 1 volta 1
13 Nico Hülkenberg Renault a 1 volta 1
14 Carlos Sainz Toro Rosso a 1 volta 1
15 Romain Grosjean Haas a 1 volta 2
16 Pascal Wehrlein Sauber a 2 voltas 1
17 Fernando Alonso McLaren a 3 voltas (caixa vel.) 2
18 Marcus Ericsson Sauber a 4 voltas (prob. mec.) 2
Stoffel Vandoorne McLaren Prob. hidráulico 1
Jolyon Palmer Renault Prob. mecânico 2

Se esta era uma pista à imagem da Mercedes (desde 2014 que mais ninguém ganha em Monza), a próxima está mesmo ao jeito da Ferrari e costuma ser a «pedra no sapato» da equipa alemã: Singapura, o seu traçado sinuoso e corrida nocturna, costumam complicar a vida aos Mercedes e, pelo que se viu tanto no Mónaco como na Hungria, as coisas continuam iguais. Mas… há sempre um mas! Com a melhoria de forma, não poderá a Red Bull começar a intrometer-se na luta pelo título?! Com material fresco depois das penalizações em Monza, Ricciardo e Verstappen estarão em condições de lutar pela vitória em Singapura. Ou de afastar mais Vettel de Hamilton… Dentro de quinze dias saberemos a resposta a estas questões!

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