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G.P. de Singapura – Hamilton aproveita dádiva da Ferrari e foge no Mundial!

Na prova em que tentava recuperar a liderança do Mundial e tinha tudo para isso, Sebastian Vettel acabou por se envolver num acidente à partida com o outro Ferrari e o Red Bull de Max Verstappen, abrindo caminho a uma vitória tranquila de Lewis Hamilton que dominou as operações! Em Singapura, onde a Mercedes só queria limitar os danos, Hamilton acabou por aumentar a sua vantagem no Mundial para significativos 28 pontos!

A chuva apareceu para baralhar tudo no G.P. de Singapura e a verdade é que… não deixou pedra sobre pedra! «Hoje acordámos com maus sentimentos e a falar em limitar os danos, e agora estamos aqui a festejar, o desporto automóvel é isto…», resumia Toto Wolff, director da Mercedes que reconhecia: «Ganhámos por os nossos adversários terem tido pouca sorte. Podemos estar a festejar, mas sei bem como eles se estão a sentir… Também já passámos por isso…», recordava.

O incidente da partida definiu a corrida que pode ter sido sensaborona lá na frente por falta de concorrentes à vitória (Ricciardo nunca andou perto de Hamilton) mas foi super animada pelas posições estra-pódio, com duelos intensos e ultrapassagens de arrepiar, sempre com os muros tão perto! Hamilton aumentou o seu avanço sobre Vettel para 28 pontos, naquela que poderá vir a ser uma corrida fulcral quando se fizer o balanço da temporada, pois era aqui que a Ferrari iria lançar o contra-ataque à Mercedes. E a marca alemã ganhou mais 50 pontos à italiana, tendo agora 102 de avanço no Mundial de Construtores!

Com uma chuva que não era particularmente forte, a escolha de pneus revelou-se uma lotaria… Os seis primeiros largaram de intermédios, com Hulkenberg, Alonso e Sainz com pneus de chuva, procurando um melhor arranque. Dos homens da frente, Vettel e Ricciardo foram os que pior largaram, enquanto Verstappen saía bem e Raikkonen, Hamilton e, em especial, Alonso faziam partidas-foguete – Hamilton estava encostado a Vettel na primeira curva e Alonso em 3.º!

Mas centremo-nos em Raikkonen que, involuntariamente, com o seu espantoso arranque, criou uma situação na pista com que Vettel não contava, ao colocar-se ao lado de Verstappen. O alemão fechou bem para a esquerda para se defender do holandês mas, claramente, não pensava que haveria dois e não um carro, acabando por não deixar espaço para todos. Verstappen ficou entalado e impossibilitado de fugir, a sua roda da frente tocou na traseira do Ferrari de Raikkonen, catapultando-o até a frente acertar no pontão lateral do carro de Vettel! Um claro incidente de corrida e a palavra «culpa» é demasiado forte, mas foi Vettel que acabou por espoletar toda aquela situação, ao fechar tanto à esquerda…

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«Vi o Max e, de repente, estava o Kimi ao meu lado a bater-me, nem percebi o que sucedeu…», referiu Vettel pouco depois de chegar às «boxes», numa rápida e compreensivelmente «vazia» declaração, para não se comprometer antes da audição com os comissários após a corrida, juntamente com Raikkonen e Verstappen… E tentava desdramatizar o aumento da vantagem de Hamilton no Mundial que se desenhava: «Não estamos na corrida o que é lamentável mas haverá mais oportunidades».

Verstappen mostrava-se menos compreensivo: «O Sebastian apertou-me, talvez não tenha visto o Kimi na esquerda, mas isso não é desculpa para um multicampeão do Mundo, não nos pode apertar daquela forma! Não me parece um acidente de corrida, ele atirou três carros fora! Além disso, não foi uma manobra propriamente sensata para quem luta pelo Mundial…», declarou o holandês que fez a sua última corrida enquanto «teenager». Já Kimi Raikkonen teve de ser muito mais… politicamente correcto: «Há sempre várias interpretações de um acidente destes, mas não me parece que eu pudesse ter feito algo de diferente. Sempre soube onde os outros estavam e tinha partido bem, mas a nossa corrida acabou e é lamentável… Agora, nada do que falemos vai mudar o que sucedeu».

Raikkonen e Verstappen voariam de imediato para fora da pista e ainda acertariam em Alonso que se terá arrependido de ter largado tão bem… Vettel seguiria na frente mas por poucos metros, acabando por fazer um pião pelos fluídos do sistema hidráulico que saltavam para os pneus traseiros. Pelo rádio, o alemão pediu desculpa à equipa… Mas tinha acabado de entregar uma inesperada vitória numa bandeja a Hamilton e uma folgada liderança do Mundial. E privara-nos de uma corrida que se previa espectacular! Após ouvirem os intervenientes, os comissários consideraram que tinha sido apenas um normal incidente de corrida, não havendo um claro responsável pelo sucedido...

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Nunca na história da Ferrari na F1 tinha perdido os dois carros num acidente na primeira curva… Talvez por isso a Scuderia tivesse feito um «tweet» a dizer «Verstappen atingiu Raikkonen e atirou-o contra Vettel». «Como é que alguém pode dizer uma coisa dessas?!», espantou-se Christian Horner, da Red Bull. «O ‘Seb’ veio para a esquerda, o Kimi para a direira e o Max não pode desaparecer!». Vettel que tinha tudo na mão, tanto para vencer como para, mesmo não ganhando, virar o Mundial a seu favor, deitou tudo a perder no arranque. Outra lição: tantas vezes dizemos que, nestas pista, é importante os pilotos qualificarem-se bem lá em cima na grelha para fugirem às confusões da zona do meio e, afinal…

A corrida ficou, então, praticamente definida, e até Hamilton devia estar surpreendido com a liderança «cortesia de Vettel»! «Lewis, esta corrida agora resume-se a trazeres o carro inteiro até ao fim», dizia-lhe o engenheiro. As condições não eram fáceis, ainda com bastante água na pista, mas o britânico afastou-se com inesperada facilidade de Ricciardo (Red Bull) e dominava a situação. Mas por duas vezes perdeu toda a sua vantagem, com os «safety cars» provocados pelos despistes de Kvyat (Toro Rosso) e de Ericsson (Sauber).

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Mas sempre conseguiu voltar a afastar-se, embora da última vez, já com a pista seca, com menos facilidade, numa corrida que teve de terminar no limite legal da volta após as duas horas de prova, ficando com menos três voltas que as 61 inicialmente previstas. «Tenho de felicitar a minha equipa que fez um enorme trabalho. Não sabíamos como iria correr, tivemos sorte com o que sucedeu com os Ferrari no início mas não podia estar mais feliz. Hoje Deus abençoou-me, certamente, e pude capitalizar o incidente. Após a primeira curva ainda achei que iria ter uma bela corrida com o Sebastian… mas claro que acaba por ser melhor assim! Assim que soube que haveria chuva, sabia que tínhamos ritmo e que as condições vinham na minha direcção».

Ricciardo acabou por ter de se contentar com o 2.º lugar numa corrida em que não escondeu o desejo de vencer. «Não consigo ganhar o raio da prova e bem tento!… Hoje não mostrámos o ritmo que tínhamos na sexta, foi uma pena não conseguirmos vencer, mas estamos a melhorar de prova para prova». E o acidente à partida? «Foi um caos à minha frente, acho que até foi bom… ter feito uma má partida! Só vi que foram três carros para o espaço de um, mas não sei de quem foi a culpa…

O australiano resistiu a um ataque final de Bottas (Mercedes) que teve um fim-de-semana muito discreto e só «despertou» nas últimas voltas da corrida… mas demasiado tarde para conseguir uma dupla para a Mercedes. «Para mim foi uma prova de limitação de danos. Tivemos alguma sorte mas o carro estava melhor do que esperávamos. Tive dificuldades no molhado, mas no seco ainda consegui pôr alguma pressão no Daniel. Ainda há muitas corridas pela frente e, no campeonato, o Sebastian é agora o meu objectivo!», contou o finlandês que espantou Hamilton ao contar-lhe: «A minha garrafa para beber falhou, só dava umas gotas». «O quê?! E como aguentaste?!», respondeu-lhe o britânico, consciente da exigência física desta corrida de mais de duas horas…

Com tudo o que se passou na partida, os lugares pontuáveis ficaram abertos a muito mais gente que raramente lá entra. A maior desilusão foi de Nico Hulkenberg que chegou a ser um sólido 4.º, antes de ter de abandonar devido a problemas do sistema pneumático no Renault. E ficou na posse de um triste recorde (que era de Adrian Sutil), o piloto com mais Grandes Prémios disputados sem subir ao pódio…

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O vencedor do… «Grande Prémio dos outros» foi, portanto, Carlos Sainz (Toro Rosso), com uma corrida em que teve de travar algumas duras batalhas, mas conseguiu uma razoável vantagem sobre Sergio Perez (Force India) e obteve o melhor resultado da sua carreira. Provando a competitividade dos Renault, Jolyon Palmer pontuou pela primeira vez este ano, logo com um 6.º lugar… e no fim-de-semana em que ficou a saber que irá sair da equipa.

Ficou na frente de Stoffel Vandoorne que comprovou a competividade dos McLaren em Singapura, deixando-nos um amargo de boca por termos ficado privados de ver até onde Alonso poderia ter ido! Era 3.º na 1.ª curva até ser atingido pelos carros de Raikkonen e Verstappen e ainda continuou, mas com um… buraco no seu carro e sem telemetria para informar os seus engenheiros do estado da mecânica. O abandono acabaria por ser inevitável… Destaque ainda para mais uns pontos do jovem Lance Stroll que sobreviveu a uma corrida difícil numa pista traiçoeira onde nunca correra e com um carro mal adaptado a traçado tão sinuoso. A aprendizagem prossegue rapidamente! Classificação:

PosPilotoEquipaTempo/Dif.Box
1 Lewis Hamilton Mercedes 2.03.23,543 h 4
2 Daniel Ricciardo Red Bull a 4,507 s 5
3 Valtteri Bottas Mercedes a 8,800 s 4
4 Carlos Sainz Toro Rosso a 22,822 s 4
5 Sergio Pérez Force India a 25,359 s 5
6 Jolyon Palmer Renault a 27,259 s 5
7 Stoffel Vandoorne McLaren a 30,388 s 5
8 Lance Stroll Williams a 41,696 s 4
9 Romain Grosjean Haas a 43,282 s 4
10 Esteban Ocon Force India a 44,795 s 6
11 Felipe Massa Williams a 46,536 s 6
12 Pascal Wehrlein Sauber a 2 voltas 6
Kevin Magnussen Haas MGU-H 7
Nico Hülkenberg Renault Prob. pneumático 7
Marcus Ericsson Sauber Despiste 6
Daniil Kvyat Toro Rosso Despiste 3
Fernando Alonso McLaren Danos de colisão 4
Sebastian Vettel Ferrari Colisão 0
Max Verstappen Red Bull Colisão 0
Kimi Räikkönen Ferrari Colisão 0

Para os que se alegraram com o que conseguiram na louca corrida de Singapura, o tempo para festejar é escasso. Pelo contrário, para os que têm de «lamber as feridas», nada melhor que fazer já um Grande Prémio… amanhã! E é praticamente isso que vai suceder, com as equipas e todo o material a serem rapidamente despachados para Kuala Lumpur porque o G.P. da Malásia realiza-se já no próximo fim-de-semana. Será a despedida de Sepang do Mundial de Fórmula 1 e… o regresso dos horários madrugadores!

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