G.P. do Abu Dhabi – O título é de Rosberg que resistiu até final!

Todos fizeram o seu trabalho e, por isso, Nico Rosberg conquistou o seu primeiro título mundial de Fórmula 1, com uma actuação fria e inteligente no G.P. do Abu Dhabi, controlando bem a «armadilha» que Lewis Hamilton lhe quis montar. Numa corrida… lenta, um final verdadeiramente emocionante justificou ainda mais a justeza do título de Rosberg que aguentou uma enorme pressão sem pestanejar e cumpri na perfeição o que precisava para se sagrar campeão!

«Não foi a mais agradável das corridas e ficou aliviado que tenha terminado… Mas estou absolutamente extasiado! Só quero dedicar esta vitória à minha mulher e à minha filha!», exclamava Rosberg no pódio, mal aguentando as lágrimas, em especial quando lhe recordaram que, agora, era tão campeão como o seu pai Keke! «É algo tão especial, estou muito orgulhoso por ter feito o mesmo, ele está aí a chegar para celebrarmos… Preferiu ver pela televisão…». Ele há coisas «do diabo»! É a segunda vez que um filho repete o título de um pai, 34 anos depois, precisamente os mesmos anos que mediaram entre o primeiro título de Graham Hill e o de Damon Hill!

Desde 2010 que não havia um campeão que não fosse Sebastian Vettel ou Lewis Hamilton… Desta vez Nico Rosberg entrou no ano de forma fulgurante, com quatro vitórias consecutivas e mostrando a qualidade que faz com que este campeonato lhe assente tão bem: havia poucos pilotos que, ao fim de dois anos a serem tão dominados por Hamilton, conseguissem ter forças suficientes para contra-atacar e… ganhar! Honra a Rosberg por o ter conseguido!

Ambos os homens da Mercedes largaram muito bem, resolvendo uma das fases mais delicadas da corrida. Hamilton manteve o comando, Rosberg o 2.º lugar que lhe convinha, enquanto Raikkonen passava Ricciardo para o 3.º posto e Verstappen cometia um erro, tocando em Hulkenberg e fazendo um que o atirou para último.

A partir daí, Hamilton começou a fazer… a não-corrida! Expliquemo-nos com um aviso prévio: o tricampeão do Mundo, vendo Rosberg instalado na 2.ª posição, sabia que tinha o campeonato perdido e não fez nada de ilegal… nem mesmo imoral! Mas começou a andar mais devagar, apenas o «q.b.» para se manter na frente mas fazendo com que o pelotão se mantivesse compacto e os Red Bull e Ferrari continuassem por perto e capazes de porem em causa o 2.º lugar de Rosberg. Era a sua única hipótese de ser campeão.

O alemão respondia a isso seguindo-o como uma sombra embora, verdade se diga, também nada fizesse para o pressionar e passar, preferindo controlar o que se passava atrás de si. Os homens da Mercedes achavam que, em caso de alarme, teriam sempre carro para voltaram a fugir… até a Ferrari lhes baralhar os planos com uma estratégia totalmente diferente para Vettel: colocando-o com pneus supermacios para a fase final da corrida, super-Vettel foi trepando lugares, passou Raikkonen, Ricciardo e Verstappen e começou a tornar-se uma ameaça para os Mercedes, pois Hamilton insistia em manter tudo em grupo…

Foi quando o britânico não esteve propriamente bem, desrespeitando de forma rude as instruções da sua equipa. «Não costumamos dar ordens aos pilotos, a não ser quando a vitória está em causa. E foi o que sucedeu na altura», explicou Toto Wolff, justificando o pedido a Hamilton para que andasse mais depressa. A resposta não foi bonita: «Neste momento vou perder o campeonato, quer ganhe quer perca esta corrida». E lá continuou na toada «turística» para deixar Rosberg à beira do ataque de nervos...

A sua atitude não foi bem recebida na Mercedes. «Temos de falar com ele primeiro para termos uma explicação», comentou Lauda, antes de fazer comentários. Mas como tudo terminou em bem – leia-se vitória para Hamilton e título para Rosberg –, talvez se passe uma esponja por um episódio que podia ter sido complicado. Assim foi um final emocionante, com os três primeiros separados por oito décimos e o quarto outro tanto atrás! O melhor final de corrida deste ano!

Rosberg percebeu bem o que se passara, Hamilton sabia bem o que tinha feito, cumprimento frio, se cumprimento se pode chamar àquilo… O britânico, no topo do pódio, lá acabaria por fazer um esforço para ficar bem na fotografia. «E parabéns ao Nico pelo título» e lá veio o cumprimento… Aproveitou ainda para acalmar a equipa: «É um prazer fazer parte desta equipa, quando entrei nunca pensei ter este nível de sucesso! Fiz tudo o que podia nestas últimas quatro corridas…». Rosberg devolveria o cumprimento: «Fizeste uma grande época, parabéns, é sempre tão difícil bater-te».

Ao lado, Vettel homenageava a corrida dantesca por que Rosberg acabara de passar pela pressão… para trás que Hamilton exercera: «As últimas voltas foram duras, não queria estar no lugar do Nico, bem tentei passá-lo porque o Lewis estava a andar tão lento... Hoje todos merecemos este pódio!». Destaque ainda para o magnífico 4.º lugar, depois do pião na primeira volta que o atirou para o último lugar…

E uma palavra para os dois pilotos que abandonaram hoje a Fórmula 1, com saídas tão distintas: Jenson Button terminou de forma prematura, logo à 6.ª volta, quando se quebrou a suspensão do McLaren, depois de uma passagem mais violenta sobre um corrector; Felipe Massa saiu a dar dois pontos à Williams que não chegou para evitar que a Force India terminasse o ano num brilhante 4.º lugar no Mundial de Construtores. Classificação:

A Fórmula 1 não pára de imediato. Depois de amanhã, Mercedes, Ferrari e Red Bull estarão de volta ao circuito de Yas Marina para uma última sessão de testes para avaliação final dos pneus Pirelli de 2017. Depois, será o defeso do campeonato do Mundo que regressará no final de Março de 2017, com o G.P. da Austrália, no dia 26.