G.P. do Japão – Hamilton imperial para conseguir a «pole» mais desejada!

Esmagador! Lewis Hamilton voltou a superar-se para atingir um objectivo que já perseguia há uma década: a sua primeira «pole position» em Suzuka! Os Mercedes voltaram ao estatuto dominador mas, para já, apenas em qualificação. Porque a corrida vai iniciar-se com um emocionante «sprint» entre os dois candidatos ao título até à primeira curva!

O britânico já tinha feito a «pole» no G.P. do Japão, mas em Fuji, nunca na pista da Honda… «Há 10 anos que tentava esta ‘pole’ e finalmente chegou! O nosso carro é muito forte em qualificação mas, na corrida, parece dar um passo atrás, é algo que teremos de ver para o carro do próximo ano. Mas acho que nos colocámos numa boa posição para a corrida e esta é uma pista onde não é fácil ultrapassar», dizia, prometendo manter a vantagem de 8 metros – diferença entre as posições na grelha – com que largará amanhã.

Hoje, contudo, a velocidade a que Hamilton (e os outros carros da frente) andou foi deveras impressionante. A caminho da sua 71.ª «pole», o piloto da Mercedes bateu o recorde de todos os tempos deste traçado por 1,6 s e fez menos 3,3 s que a marca que dera a «pole» a Nico Rosberg há apenas um ano!... Os monolugares actuais são, de facto, qualquer coisa do outro mundo e até na televisão conseguem ser arrepiantes e emocionantes de ver a curvar!

O Q1 terminou um pouco mais cedo, devido à bandeira vermelha mostrada a 1.18 m do fim, na sequência do despiste de Romain Grosjean (Haas) que foi um dos eliminados, juntamente com os dois Sauber, Pierre Gasly (Toro Rosso) e Lance Stroll (Williams) que bem se pode queixar de ter sido bloqueado por Sergio Perez na sua volta rápida. Todos ficaram sem a última oportunidade de tentarem subir na tabela de tempos… Na frente, Hamilton marcou o ritmo… com pneus macios, sendo três décimos mais rápido que Vettel, em 5.º, também com macios, todos os outros usaram os supermacios.

O Q2 começou logo com Bottas e Raikkonen a jogarem… para a corrida, procurando passar ao Q3 com os pneus macios, aqueles com que irão largar para a corrida, com os cinco lugares de penalização que ambos sofreram. E Hamilton, com supermacios, mostrou finalmente ao que vinha com uns esmagadores 1.27,819 que bateram por mais de um segundo o melhor tempo alguma vez feito neste traçado – 1.28,9 por Schumacher (Ferrari) no Q2 de 2006 – e deixaram Vettel a respeitáveis seis décimos. A caminho daquela marca, Hamilton tinha feito a «temível» esquerda 130R a… 310 km/h! Os Mercedes pareciam por cima em termos de velocidade pura, com Bottas a apenas 0,06 s de Vettel, apesar dos pneus macios. Hamilton ainda voltou à pista e até melhorou o primeiro sector, mas não acabou a volta.

Os dois Renault desiludiram ao ficarem fora do Q3, juntamente com Carlos Sainz (Toro Rosso), Kevin Magnussen (Haas) e Stoffel Vandoorne (McLaren). O belga foi eliminado do Q3 mesmo no final pelo seu colega de equipa, Fernando Alonso, que até tem uma penalização de 35 lugares por ter montado um motor novo…

Chegados à fase decisiva da decisão da grelha, Hamilton era fortíssimo candidato à «pole» e Bottas queria bater Vettel para a sua penalização o… penalizar o menos possível. Na primeira tentativa Hamilton conseguiu «rapar» ainda mais seis décimos ao seu recorde (1.27,345) e ficar ao abrigo de um forte ataque de Vettel (a 0,452 s) que conseguiu bater Bottas por dois décimos. Os Red Bull mostravam a sua impotência – no real sentido do termo de falta de potência… – para seguir os homens da frente e Ricciardo batia Verstappen mas ficava um segundo de Hamilton.

Segunda «volta» e Hamilton conseguiu ainda «limar» mais 26 milésimos ao seu recorde, enquanto Bottas melhorava e chegava ao desejado 2.º posto (hoje ninguém se chegava a Hamilton…) que corresponderá a largar de 7.º. E batia Vettel, dando uma teórica primeira linha à Mercedes que será, contudo, um «sprint» emocionante entre os dois candidatos até à primeira curva! Pelo rádio, o britânico fez um calmo elogio: «Parabéns à equipa pela forma precisa e rigorosa como trabalhou». Recordava, afinal, o facto de na Mercedes não terem entrado em pânico com a clara falta de andamento exibida na Malásia e em condições atmosféricas que, afinal, foram muito semelhantes hoje em Suzuka, onde estiveram 29 ºC com 69% de humidade…

«Foi um dia perfeito, todas as voltas foram rápidas. No passado nunca aqui consegui uma boa qualificação», dizia Hamilton. «Finalmente consegui o equilíbrio necessário e a sensação é magnífica, principalmente por ser verdadeiramente incrível guiar este carro nesta pista!». Falta, contudo, o mais importante e há sempre a incógnita em relação ao andamento de corrida e à degradação dos pneus, se os Ferrari não estarão melhores… «Trabalhámos muito para o carro funcionar bem na corrida. Mas aqueles ‘esses’ matam os pneus! Espero os Ferrari rápidos, como sempre, mas vou tentar mantê-lo atrás».

Não terá a ajuda do colega da equipa, Valtteri Bottas, relegado para 7.º, depois do excelente 2.º tempo na qualificação. O finlandês voltou, por fim, a mostrar-se extremamente competitivo: «Tem sido um fim-de-semana difícil mas, hoje de manhã, a equipa fez um grande trabalho para colocar o carro como eu queria e fiz o melhor que era possível». E assim oferece o lugar na frente da grelha a Sebastian Vettel… «A qualificação correu bem, dei tudo na última volta mas cheguei a ficar quase sem pista no início dos ‘esses’. Estes novos carros aqui são espantosos!».

Na habitual luta entre os Red Bull, Ricciardo bateu Verstappen por 0,03 s por terem usado afinações diferentes para apostarem ambos na corrida… «A equipa escolheu que usássemos estratégias diferentes, o meu carro com mais carga aerodinâmica», explicou o jovem vencedor na Malásia. «Talvez não fosse o melhor para a qualificação mas será talvez para a corrida». Mas Ricciardo que largará de 3.º, acha que a «razão» está do seu lado! «Fico contente por herdar o 3.º lugar e partir do lado limpo da pista. O arranque vai ditar muito e espero seguir os líderes de início. Até porque afinei o carro para a corrida, com menos carga aerodinâmica, o que me ajudará a atacar ou a defender-me». A ver se no «briefing» chegam a alguma conclusão…

Se precisava de minorar os danos da penalização de cinco lugares, Raikkonen foi uma desilusão não indo além do 6.º tempo. «é natural que a qualificação não corra bem quando não se conseguem preparar as coisas correctamente, devido ao meu erro esta manhã. É o preço a pagar…». O finlandês deverá largar de 11.º, o que deixou Esteban Ocon (mais uma notável actuação do jovem francês da Force India) bem animado: «Já em Itália o Kimi teve grandes dificuldades para me passar, vou tentar, pelo menos, manter este 6.º posto». Tempos da qualificação:

Já se sabe que a grelha será bastante alterada em relação a estes tempos, com Bottas e Raikkonen a baixarem cinco lugares devido a trocas de caixas de velocidades (primeiro o da Mercedes, depois o da Ferrari), com Alonso lá no final, pelos 35 lugares correspondentes a um grupo propulsor totalmente novo, e ainda Sainz e Palmer com 20 lugares… A corrida arrancará às 6 horas de Portugal Continental e Madeira, para as 53 voltas aos 5,807 km de Suzuka, apontando as previsões actuais para sol e tempo quente.