Lewis Hamilton triunfou no G.P. do Japão e aproveitou mais um abandono de Sebastian Vettel – de novo problemas no motor do Ferrari… – para alargar a vantagem no Mundial para 59 pontos, a quatro provas do fim. De tal forma que até pode ser campeão já na próxima corrida, nos Estados Unidos! Mas hoje teve Max Verstappen a dar-lhe muito trabalho…
Foi uma desilusão não podermos assistir ao tão esperado duelo director entre Hamilton e Vettel. E uma pena que, numa época tão entusiasmante como esta estava a ser, as últimas três corridas a Ferrari tenha «virado» tudo para o lado da Mercedes e de Hamilton, ou com a catastrófica partida de Singapura ou com a falta de fiabilidade da Malásia e Japão. Mas a verdade é que Hamilton pode mesmo ser campeão já na próxima prova, desde que ganhe e Vettel não seja, pelo menos, 5.º. Não era cenário que se pusesse sequer há um mês mas, agora…
É verdade que o desporto automóvel é pródigo em reviravoltas inesperadas e problemas podem acontecer a todos. «Basta termos um ou dois abandonos e isto dá logo uma volta muito grande», avisava Toto Wolff, da Mercedes, com a sua habitual prudência. Mas, convenhamos, hoje a Ferrari praticamente desistiu da luta, ter falhado pela terceira vez consecutiva na fase crucial da época destrói o moral de qualquer um… «Vamos virar a página e voltaremos ao ataque em Austin, mas temos de reconhecer que nós falhámos e a Mercedes não», dizia Maurizio Arrivabene.
O Grande Prémio começou a decidir-se minutos antes da partida, com uma sensação de «déjà vu», quando o «capot» do Ferrari de Vettel foi retirado e os mecânicos se precipitaram sobre o motor, tal e qual como com Raikkonen na Malásia. A telemetria detectara um problema com uma vela, mas isso é algo difícil de resolver em cinco minutos na grelha, de tal forma compactas e complexas estas mecânicas são… A reparação possível foi feita mas as dúvidas ficaram. Na realidade, a vela estava danificada, bem como a bobina…
E se Vettel até arrancou bem e reagiu melhor aos semáforos que Hamilton, a aceleração do Ferrari não chegou para assumir a liderança e, ainda na primeira volta, o alemão foi passado por Max Verstappen. O alarme soou! A confirmação veio pouco depois, quando o Ferrari pareceu «parado» na recta, ao ser ultrapassado por Ocon, Ricciardo e Bottas… Havia graves problemas naquele motor e não demorou muito até a equipa pedir a Vettel para entrar na «box».
O alemão, que nunca acabara fora dos quatro primeiros em Suzuka, abandonou pela segunda vez nas últimas três corridas, logo na fase decisiva do Mundial… Assim é entregar o título a Hamilton numa bandeja! Mas Vettel recusou-se a apontar o dedo à equipa pelas falhas mecânicas: «Por vezes as coisas correm mal, mas acho que tenho de os proteger! Fizemos um trabalho incrível até agora, mas tivemos problemas de fiabilidade nas últimas duas corridas. Temos de repousar e voltar mais fortes. Ainda temos hipóteses, embora já não esteja sob o nosso controlo».
Sintomaticamente, Vettel não resistiu a fazer uma espécie de balanço já quase final… «Acho que fomos bastante mais longe do que as pessoas esperavam. Há muitas coisas positivas, embora hoje não consigamos olhar para elas…». A forma como a Ferrari tem pressionado a Mercedes tem-nos proporcionado, de facto, uma época como há vários anos não tínhamos, mas esta quebra na fase decisiva só aumentou o desespero dos «tifosi»…
Os problemas mecânicos da Ferrari voltaram a privar-nos de uma luta tão esperada, para mais com os dois contendores pelo título na primeira linha! Frustrante também para quem esperava ver um duelo de titãs e de teve de se contentar com o fortíssimo ataque de Max Verstappen que tudo fez para incomodar Lewis Hamilton.
Mas o Mercedes estava, de facto, bastante mais forte que o Red Bull – já em relação ao Ferrari dificilmente o saberemos mas, lá atrás, Raikkonen chegou a ter andamento semelhante ao de Hamilton… – e o líder do Mundial, sem nunca poder entrar em modo «passeio dominical» graças ao holandês que nunca desiste, foi sempre controlando as operações, mantendo um avanço «q.b.» para o Red Bull.
Só nas últimas três voltas as coisas animaram, com Hamilton a queixar-se dos pneus traseiros e das vibrações e viu mesmo Verstappen chegar-se ameaçadoramente à traseira do seu carro. Mas não só era tarde demais para o holandês, como as dobragens a Alonso e Massa ainda ajudaram Hamilton a vencer e a garantir 59 pontos de vantagem no topo do Mundial. «Esteve um dia perfeito, a pista estava óptima e o carro também, mas não foi nada fácil porque o Max fez uma grande corrida», explicou Hamilton. «A primeira parte da corrida esteve sob controlo, mas a segunda foi mais complicada. Os Red Bull estavam muito rápidos em corrida e as últimas voltas foram difíceis, com o Max a encher os meus espelhos».
O britânico sai de Suzuka com o quarto título quase no bolso e uma vantagem que não esperaria… «Sinceramente, só em sonhos me passava pela cabeça ter este avanço nesta altura. A Ferrari tem sido uma adversária tremenda ao longo de todo o ano e o Sebastian tem sido infeliz porque estas falhas não são culpa sua, mas tenho de me concentrar na minha equipa que tem feito um trabalho fenomenal, com a fiabilidade no centro de tudo. Têm sido tão meticulosos e é por isso que temos tido carros tão resistentes e estes bons resultados», concluiu Hamilton que se prepara para apanhar Vettel como tetracampeão.
Uma semana depois de ter ganho na Malásia, também Verstappen estava contente com o 2.º lugar no Japão e pela prova que acabara de fazer. «Foi mais um grande dia! Suzuka é de facto uma pista boa para mim, adoro esta pista e o ritmo hoje era promissor. Na primeira parte, com os supermacios, tive alguns problemas mas assim que mudámos para os macios o carro ficou muito competitivo e consegui manter-me perto do Lewis, em particular nas últimas voltas. Estávamos muito rápidos, embora aqui seja difícil de passar. O que me deixa satisfeito é que o carro tem vindo a melhorar de prova para prova».
Atrás de Hamilton e Verstappen passou-se o mesmo… mas ao contrário, com Daniel Ricciardo a ter de se aplicar no final, depois de uma corrida quase sempre solitária, para se defender de Valtteri Bottas que recuperou de uma fase inicial em que perdeu tempo atrás do Force India de Ocon. O australiano perdeu o lugar para o colega de equipa logo no arranque e ficou algumas voltas preso atrás de Ocon, mas depois libertou-se e foi em direcção ao seu grande objectivo: «Nunca tinha conseguido subir ao pódio em Suzuka, por isso era esse o meu principal objectivo quando aqui cheguei e está conseguido!», comentou o sorridente australiano que bateu Bottas por apenas 0,9 s.
Raikkonen teve um mau início de corrida, até com uma saída mais larga numa curva em que perdeu vários lugares, mas lá foi recuperando e demonstrando a rapidez do Ferrari em condições de corrida. Chegou ao 5.º posto mas, nessa altura, já os homens da frente estavam muito longe para ter mais ambições.
Mesmo assim fugiu bem aos dois Force India que continuam a fazer um campeonato irrepreensível, com Ocon na frente de Perez, apesar dos constantes pedidos do mexicano para o deixarem passar porque estava mais rápido. Sempre recusados pela equipa… Mas Perez não tem do que se queixar, afinal não foram os pilotos que levaram a equipa a tomar esta atitude depois de várias colisões entre eles?!...
Os Haas parecem ter ganho vida nova em corrida e terminaram os dois nos pontos, embora Grosjean também gostasse que a equipa o tivesse deixado passar Magnussen… E assim a equipa norte-americana passou no Mundial a Renault que teve mais uma prova para esquecer: quando Hulkenberg montou os supermacios já nas últimas voltas e parecia em condições e passar os dois Haas, o DRS teve uma avaria e ficou aberto, obrigando-o a ir à «box» onde nem um bom par de murros dos mecânicos «convenceram» o sistema a voltar à posição fechada, obrigando-o a um frustrante abandono! Classificação:
Pos | Piloto | Equipa | Tempo/Dif. | Box |
---|---|---|---|---|
1 | Lewis Hamilton | Mercedes | 1.27.31,193 h | 1 |
2 | Max Verstappen | Red Bull | a 1,211 s | 1 |
3 | Daniel Ricciardo | Red Bull | a 9,679 s | 1 |
4 | Valtteri Bottas | Mercedes | a 10,580 s | 1 |
5 | Kimi Räikkönen | Ferrari | a 32,622 s | 1 |
6 | Esteban Ocon | Force India | a 1.07,788 m | 1 |
7 | Sergio Pérez | Force India | a 1.11,424 m | 1 |
8 | Kevin Magnussen | Haas | a 1.28,953 m | 1 |
9 | Romain Grosjean | Haas | a 1.29,883 m | 1 |
10 | Felipe Massa | Williams | a 1 volta | 1 |
11 | Fernando Alonso | McLaren | a 1 volta | 1 |
12 | Jolyon Palmer | Renault | a 1 volta | 1 |
13 | Pierre Gasly | Toro Rosso | a 1 volta | 2 |
14 | Stoffel Vandoorne | McLaren | a 1 volta | 2 |
15 | Pascal Wehrlein | Sauber | a 2 voltas | 3 |
— | Lance Stroll | Williams | Roda/despiste | 2 |
— | Nico Hülkenberg | Renault | Avaria no DRS | 2 |
— | Marcus Ericsson | Sauber | Despiste | 0 |
— | Sebastian Vettel | Ferrari | Motor (vela) | 1 |
— | Carlos Sainz | Toro Rosso | Despiste | 0 |
Terminada a temporada asiática, vamos para as três do continente americano, com duas seguidas, Estados Unidos e México, a 22 e 29 de Outubro, respectivamente. Só depois será o Brasil, antes do encerramento no Abu Dhabi, ambas em Novembro. Sem darmos por isso, a época entra na sua fase final…