Há já algum tempo que vem sendo pedia a demissão de Yasuhisa Arai, responsável da Honda Motorsport e, em concreto, do programa do motor de Fórmula 1, nomeadamente pela imprensa japonesa, mas a verdade é que aquele responsável lá se vai mantendo no lugar, apesar das sucessivas desilusões… A última foi a prestação na Bélgica de um motor evoluído que se esperava bastante mais competitivo e que… continuou a «anos-luz» da concorrência.
Mas Arai deve ser um optimista compulsivo, pois considera que, actualmente, o motor Honda «estará 40 a 50 cv atrás do Mercedes mas uns 25 cv à frente do Renault»! E reforça: «O nosso motor está um pouco atrás do Ferrari mas é bastante melhor que o Renault». O responsável nipónico reconhece que há ainda algum trabalho a fazer no motor de combustão interna para recuperar os cerca de 30 cv que o Honda RA605 H tem em relação ao grupo propulsor da Ferrari.
Como se explica, então, a tão grande diferença de andamentos dos McLaren para os Ferrari? Na opinião de Arai o grande problema reside na… aerodinâmica do MP4/27 que «gera demasiada resistência ao ar». «Em Spa aumentámos a potência do motor e isso quase não se notou por causa do monolugar. E se, no motor, posso dar números da desvantagem para os nossos rivais, quanto às falhas do chassis já não é assim tão fácil».
Declarações surpreendentes numa fase em que se esperava que a equipa se unisse mais que nunca, em vez de se assistir a recriminações públicas, em especial quando a McLaren terá muito mais razões para apontar dedos… Mas Arai esclarece: «Não nos ocupamos do chassis mas penso que, no que à aerodinâmica diz respeito, o nosso motor é o melhor da F1. É muito pequeno, não é possível fazer melhor…».
Nisso, Arai tem razão, o MP4/27 foi desenhado em torno de um «pacote» mecânico extremamente compacto e, segundo «transpirou» do construtor nipónico, esse tem sido um dos problemas mais difíceis de ultrapassar. Além da refrigeração do sistema híbrido, também o uso de um turbo muito pequeno obrigou a aumentar as rotações das suas pás que deveriam atingir as 125.000 rpm, contra pouco mais de 100.000 rpm do motor Mercedes.
Problema: até aqui a Honda ainda não encontrou um material que aguente tais regimes e estará a pesquisar nos seus próprios laboratórios, no Centro de Pesquisa de Sakura, uma liga suficientemente resistente. O que, como se compreende, demora o seu tempo. No entanto, Arai já declarou não esperar que a McLaren mude o conceito do carro do próximo ano para dar mais espaço de trabalho à Honda: «É verdade que temos tido problemas por causa do espaço disponível, mas o conceito é este e vamos trabalhar duramente para que ele funcione».