A notícia começou a circular esta manhã mas soava tão estranha, depois das «juras de amor» feitas há dias, que deixámos passar algumas horas, à espera de um desmentido por parte da McLaren que costuma até ser rápida a reagir… A verdade é que não apareceu desmentido algum, o que significa que há um fundo de verdade nesta história: a McLaren já terá abordado a Mercedes para saber das possibilidades de contar com um motor-cliente em 2018, no caso de a Honda não conseguir resolver os problemas do seu grupo propulsor e a relação entre ambas as partes terminar em divórcio!
Acerca deste contacto até já há duas versões. Terá sido feito por Mansour Ojjeh, o homem da TAG e um dos accionistas da McLaren (com 25%), mas a resposta da Mercedes terá sido negativa. Circula, contudo, outra versão que aponta para uma posição de abertura do lado da marca de Estugarda que, este ano, ficou com menos uma equipa para fornecer, pelo fecho da Manor. Contudo, também se fala que, em 2018, poderá acrescentar a Sauber ao seu portfólio de equipas, onde já estão a Williams e Force India…
Em vez de desmentido relativamente a estas notícias, a equipa limitou-se a um seco: «Não comentamos especulações noticiosas, estamos a trabalhar com a Honda em alternativas». E anunciou que Mika Hakkinen, bicampeão do Mundo com a McLaren, voltava a integrar a equipa enquanto embaixador… Sem especificar em que alternativas trabalhava com a Honda…
A verdade é que uma separação entre McLaren e Honda, sendo sempre possível no final do ano, é algo difícil de antever. Por estranho que possa parecer à primeira vista, até mais pelo lado da McLaren! É que a Honda, além dos motores, entra ainda com uma verba avultada que rondará os cem milhões de euros para o funcionamento da McLaren, nomeadamente o pagamento dos salários dos pilotos. Trocar a Honda por uma situação de cliente da Mercedes significaria perder esse avultado financiamento e ainda ter de despender, pelo menos, vinte milhões de euros por ano para pagar os motores, sabendo que nunca seria iguais aos da equipa oficial…
Por outro lado, a falta de resultados em 2017 tornará quase impossível o grande objectivo de Zak Brown de conseguir um patrocinador principal, daqueles que dão nome à equipa, para 2018. Algo de fundamental para endireitar as finanças da equipa. Mas esse é um problema com que terá de viver porque, mesmo que haja divórcio à vista, ninguém acredita que se consume com a época em curso… Porque o contrato com a Honda é de longa duração – também aqui há divergências de data do final do acordo, entre 2021 ou 2024 – e porque, mesmo que a Mercedes estivesse disposta a fornecer motores de imediato, isso implicaria fazer um chassis novo para aquele motor, o que não se está a ver que seja possível…
Ou seja, a McLaren está, de certa forma, presa a este casamento com a Honda e só terá interesse em fazê-lo funcionar. Eventualmente convencendo os japoneses (e isto, para a sua cultura, não é nada fácil!) a ter alguém de fora a auxiliá-los no desenvolvimento da unidade motriz. Sendo que há cerca de uma semana a Honda dispensou a ajuda externa que estava a receber do consultor Gilles Simon.
O último pódio da McLaren data do G.P. da Austrália de 2014, passam hoje precisamente três anos, com Button e Magnussen. Diz-se que, a partir daí, a Mercedes passou a fornecer-lhes motores menos evoluídos que os da sua equipa, levando a McLaren a «atirar-se» para os braços da Honda. Preparada para um início difícil, claro, mas não para uma terceira época que está a começar… como a primeira.
A isto acresce o «problema-Alonso», ou seja, a continuação do espanhol na equipa. E Eric Boullier, director desportivo, foi bem claro: «Ou lhe damos um carro competitivo para o termos feliz na equipa. Ou se não o conseguimos ele vai tratar do seu próprio futuro». E, neste momento, estão muito longe de o fazer feliz…