Quando, após oito dias de testes de pré-temporada em Barcelona em que a maior série de voltas que um McLaren/Honda conseguiu fazer foi de… onze (!!) os responsáveis da marca nipónica se confessam «assustados» com a situação, a semana e meia do arranque do Mundial, a crise é pouco menos que gigantesca!
«Não esperávamos encontrar tantos problemas no nosso grupo propulsor», reconheceu o responsável da competição da Honda, Yusuke Hasegawa. «Quando nos comparamos com os outros, estamos um pouco assustados com a situação. Os problemas aparecidos nos testes nunca tinham sucedido nos bancos de ensaios… Mas continuo convencido que poderemos resolver, pelo menos, os problemas de fiabilidade até à corrida da Austrália, com todas as medidas que já estamos a aplicar».
Mas o problema não é só esse e quando se viu que, na recta de Barcelona, a velocidade dos McLaren era quase 20 km/h inferior às dos mais rápidos, percebe-se onde está outra das crises da Honda. «A nossa maior decepção é o nível de rendimento, especialmente do motor de combustão que não é competitivo», reconheceu Hasegawa. «Até Melbourne será quase impossível encontrar mais potência, mas continuamos convencidos de que estamos a caminhar na direcção certa e que, dentro de alguns Grandes Prémios, poderemos ter uma evolução já mais potente».
O problema é que, ao terceiro ano de parceria e atravessando a McLaren uma fase em que precisa de resultados para atrair um patrocinador principal que já não tem há algum tempo, esta era a situação menos desejada… A ligação à Honda – que, soube-se agora, tem duração até… 2024! – parece não estar em causa. «A McLaren cumpre os seus acordos e não temos qualquer sinal de que a Honda esteja a pensar em abandonar», comentou Zak Brown. No entanto, um tão longo acordo terá, certamente cláusulas de possível quebra, nomeadamente por falta de resultados…
Um dos grandes problemas na evolução do McLaren/Honda é, claramente, a distância a que as duas estruturas se encontram. É verdade que a marca nipónica tem um «pólo europeu» em Inglaterra, mas os motores são desenvolvidos e construídos no Japão e todo o processo se torna muito mais moroso. «Eles estão a tentar construir uma unidade motriz competitiva, mas falta-lhes a cultura da Fórmula 1», nota o director desportivo da McLaren, Eric Boullier.
«São uma grande e bem-sucedida empresa, mas têm a sua forma de fazer as coisas. E desenvolver a unidade motriz no Japão é um desafio. Por alguma coisa a Mercedes decidiu fazer a sua em Inglaterra. É aí que está a cultura da F1 e o desenvolvimento tem de ser muito rápido porque a F1 move-se muito depressa», concluiu o francês que tem de gerir ainda outra crise: se o motor Honda continuar a dar estes problemas conseguirá aguentar Fernando Alonso na equipa?
O espanhol tem dado sinais de total envolvimento e colaboração no projecto. Mas não esconde que gostaria de voltar a lutar por vitórias e um título antes de abandonar a Fórmula 1 e os anos continuam a avançar, pelo que terá de tomar uma decisão eventualmente drástica. «Mas não decidirei nada relativo ao meu futuro antes do Verão», garantiu já Alonso.