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Renault: a explicação de um sucesso… pouco visível

Agora que dobrámos o cabo da primeira metade da época, pode já fazer-se um primeiro balanço da temporada de regresso da Renault à Fórmula 1, enquanto construtor a tempo inteiro. A abordagem simplista de olhar para a tabela de pontos dir-nos-ia que as coisas não estão a correr bem… Se a F1 fosse assim tão simples, outros grandes construtores mundiais não teriam por aqui passado sem um título ou sequer uma única vitória…

Na verdade, como «ano zero», esta temporada tem visto sólidos progressos da equipa. Ainda na Hungria só um pião de Jolyon Palmer, já no terço final da corrida, impediu a Renault de voltar a pontuar. E numa fase da época em que as «baterias» estão já todas apontadas para 2017 e para a construção do novo monolugar que receberá aquela que se espera seja uma enorme evolução do grupo propulsor V6 turbo híbrido.

Há, pois, que colocar esta primeira temporada em perspectiva e recordar que esta equipa Renault é «construída» sobre a base de uma Lotus que acumulara uma dívida de cerca de 65 milhões de euros só em 2015! «Quando a Renault comprou a Lotus a companhia estava basicamente… morta», recorda Frédéric Vasseur, desde há algumas semanas director desportivo da Renault sport F1. «Para mais a decisão foi tomada muito tarde, no final de Dezembro, o que não facilitou nada. O carro já estava desenhado em torno do motor Mercedes e, basicamente, tivemos de mudar tudo. Para dificultar ainda mais as coisas, o carro quase não tinha tido qualquer desenvolvimento na época anterior».

Objectivo prioritário: pôr a equipa a funcionar, dois carros a correr e ir avaliando o que era preciso fazer para iniciar a evolução, num processo de médio prazo. «Este é um projecto a médio prazo que exige um forte investimento, no fim do qual deverá haver pódios e vitórias. Mas antes tínhamos de compreender a situação», explicou Vasseur.

Sete meses passados, a restruturação da equipa está feita – entre outras mudanças, com as novas funções de Vasseur e a passagem de Cyril Abiteboul para Enstone, para melhorar a «ponte» entre a fábrica do chassis e a dos motores, em Viry-Chatillon –, o RS16 evoluiu o pouco que podia. «Este ano queríamos apenas evoluir um pouco o carro para percebermos como reagia a estrutura e onde precisávamos de melhorar, foi o que fizemos», explicou Cyril Abiteboul que assume: «Agora estamos já totalmente focados em 2017!».

Da aprendizagem dos primeiros meses resultou num crescimento do número de elementos da equipa de 480 para 550, número que deverá subir para 600 a 650 em breve. E, sim, no passado Inverno a Renault contratou dois técnicos de motores à Mercedes! «Todo este trabalho feito em 2016 não foi em vão, serve para perceber bem como funciona a equipa e toda a empresa», diz Abiteboul.

É sobre estas bases que a Renault quer dar o salto em 2017, ano em que promete um grupo propulsor ao nível dos melhores. Não fala ainda em vitórias, mas quer subir na hierarquia do pelotão da F1. «A vantagem de começar por baixo é que só há um caminho possível: subir!», exclama Vasseur.

«Se compararmos a situação actual em Viry com a que tínhamos há 18 meses, é da noite para o dia!», assume Abiteboul. «Se conseguirmos a mesma evolução em Enstone que fizemos em Viry e no mesmo tempo, estaremos nos pódios em 2018, não vejo razão para não o conseguirmos».

Quanto ao resto da temporada, não se esperem grandes cometimentos porque o objectivo continua a ser o desenvolvimento da estrutura e a busca do aperfeiçoamento: «Poderemos sempre melhorar, ao nível dos pilotos, da estratégia e da afinação do carro. Mas evoluções não se esperem grandes coisas… Sejamos claros, é hora de deixar 2016 para trás e focar-nos totalmente em 2017!», conclui Abiteboul.

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